Nutrição

Modas e filosofias

Nutrição de aves: modas e filosofias

Por Mark Hagen e Rolf C. Hagen, Inc

(Tradução Ricardo Pereira)

A nutrição ideal pode ser alcançada com diferentes dietas. Contudo, não é fácil e a compreensão de alguns princípio básicos dos prós e contras de cada alimento no que diz respeito a vitaminas, minerais, proteinas, gordura e outros, é importante quando se prentede fazer uma mistura de alimentos. Os animais e aves selvagens aprendem com os seus progenitores a combinação correcta de alimentos, muitas vezes bastante restrictos e pouco diversificados, que satisfazem as suas necessidades de vôo, crescimento, reprodução e vida. Estes alimentos selvagens foram seleccionados pelos animais o longo de milhares de anos de evolução natural.

Em cativeiro estes animais estão sob condições diferentes e alimentam-se de diferentes matérias daquelas a que estão, instintivamente, habituados, contudo, esperamos que aprendam imediatamente a seleccionar a melhor combinação. Mas não é necessariamente melhor alimentar as aves com o que comeriam em liberdade quando estão em cativeiro. Muitas plantas selvagens contém elementos vegetais secundários e baixos níveis de variados nutrientes essenciais. Por exemplo, o fornecimento de argilas ricas em materais neutralizantes como as existentes nos depósitos de argilas no Perú, não é necessário para as araras em cativeiro, que consomem alimentos produzidos par consumo humano. Alguns criadores têm a ideia romântica de que as dietas em cativeiro que sejam complicados, trabalhosas e que usem ingredientes caros, serão as mais nutritivas. Contudo, é possível fornecer alimentos fáceis de preparar e a custo eficiente sem com isso comprometer os niveis essenciais de nutrientes. Em vez de discutir e explicar cada um dos nutrientes essenciais como as vitamins, minerais, etc, e qualo seu papel fisiológico nas aves, prefiro discutir como fazer com que esses nutrientes sejam consumidos por estas em niveis correctos e óptimos. As sementes eram, e são, quase sempre servidas como dieat base a aves em cativeiro.

Algumas até criam com esta alimentação.Todavia, a nutrição óptima raramente é atingida com este método a as aves produziam posturas incompletas, ou não viviam tanto como poderiam. A moda na América é fornecer legumes, massas e dietas formuladas aos pagaios e reduzir significativamente, se não totalmente, as sementes oleosas na sua dieta. Existem pelo menos 12 companhias distintas que comercializam dietas formuladas e calculo que pelo menos metade dos papagaios reprodutores seja mantido com estas formulas e não com sementes. As sementes podem ser suficientes quando devidamente suplementadas e fornecidas em quantidades tais que obriguem a ave a comer os vegetais e outros alimentos suplementares. As frutas e a maioria dos vegetais são bons portadores de vitaminas hidrosolúveis e, como tal, um com suplemento vitamínico-mineral para a dieta das aves como adição a uma base de sementes. Em si mesmos não contribuem muito para a dieta pois contéem elevados níveis de água, alguma fibra e algumas vitaminas e minerais, no caso dos vegetais de folha escura. Pessoalmente não gosto deles devido à higiene, trabalho e custo envolvido na sua preparação e limpeza dos restos não consumidos. O mais dramático com as dietas de sementes não é o seu défice em alguns nutrientes, que pode ser corrigido com suplementos, mas sim o excesso de gordura que não pode ser removido depois de consumido. Os níveis de gordura nas 3 variedades de semente mais frequentemente consumidas são tão altos que estas sementes são chamadas de “oleosas”.

Embora o cártamo seja uma semente mais pequena e menos apetecível que o girassol, o seu conteúdo de gordura é, na verdade, mais elevado. As aves podem não gostar do gosto amargo da cártamo e como resultado acaba, por consumir outras sementes quando mantidas com uma mistura rica em cártamo. Uma ingestão elevada de gordura produz fezes pequenas e baixo consumo de água, uma vez que a água é produzida metabolicamente no metabolismo das gorduras. Dietas preparadas resultam em fezes maiores, especialmente com dietas baseadas em granulados pobres em gorduras, que promovem o consumo de água. O equilíbrio correcto do total de calorias em relação à necessidade de energia e crescimento da ave é de grande importãncia. Ambientes frios, gaiolas maiores, viveiros e actividade reprodutiva requerem mais energia. A vida sedentária da maioria das aves de gaiola, aliada a um fornecimento constante de comida, conduz, invevitavelmente, a uma sobre-alimentação. Isto, juntamente com o consumo preferencial de sementes oleosas, nozes e outros alimentos ricos em gordura, limita o consumo de outros alimentos nutritivamente melhores, nos quais se incluem os granulados. Alguns niveis elevados de gordura não devem ser considerados totalmente prejudiciais. Mesmo oito a 12 por cento da gordura nos granulados, continua a ser um quinto dos níveis encontrados nas sementes oleosas. Germinar as sementes pode reduzir o teor de gorduras e acrecentar algumas vitaminas. O problema com a germinação é o risco de contaminação por fungos tal como candida sp. E o tempo e espaço necessário à sua preparação. A densidade calórica da dieta é importante uma vez que ´o factor determinante da quantidade de alimento que a ave irá consumir.

Assim, o nível de energia influencia a quantidade de vitaminas, minerais e proteina que a ave consumirá diariamente da sua ingestão de alimento. O baixo teor energético dos granulados faz com que mais alimento tenha de ser consumido para satisfazer as necessidades de manutenção da ave, de facto, o dobro do consumido com dietas de sementes de alto valor calórico. A gordura tem mais do dobro da energia por grama que a proteina ou os hidratos de carbono, e isto justifica as diferença de energia. O custo de alimentação de uma ave não é baseado no preço por Kg de alimento, mas sim no preço por Kcal de energia digestivel. Os alimentos extrugidos têm a capacidade de incorporar de um modo mais eficiente os teores de gordura. Digestibilidade elevada e valores energéticos mais elevados, são a moda na produção de uma dieta económica com excelentes resultados de manutenção da saúde das aves. Os granulados são produzidos acrescentando um pouco de vapor e muita pressão a uma mistura base seca, e depois pressionando-a para for a de um contentor metálico por orifício de várias dimensões. Este processo é normalmente mais usado pela agricultura e pecuária na produção de alimentos para gado e aves a baixo custo. O processo de extrusão usa a cozedura dos alimentos com maiores teores de humidade e á normalmente usado na alimentação humana e de animiais de companhia. Atingem-se temperaturas de processamento mais elevadas, embora por períodos de tempo muito curtos, mas o suficiente para destruir agentes patogénicos (que podem existir nas matérias primas em crú), degradar o amido, aumentando a sua digestibilidade, e e incorporar um maior número de ingredientes na formulação do granulado produzido. Não existem dúvidas de que os alimentos extrugidos são mais palatáveis que a mesma fórmula em forma de granulado. Além disso, os granulados têm a tendência a produzir um pó fino quando “trincados” pelas aves, o que causa desperdício. Os extrugidos partem-se em porções ainda ingestíveis pelas aves e não em poeira. A qualidade da proteina, ou seja o equilibrio e digestibilidade dos seus amino-àcidos constituintes, é tão importante como o nível total de proteina na dieta. Quanto mais variado for o número de grãos, legumes, nozes e outras fontes de proteina, melhor será o equilibrio final dos amino-àcidos. Portanto, além das vantagens óbvias de palatibilidade na mistura de ingredientes, também se verificam melhorias ao nivel da qualidade da proteina. Os diferentes perfis de amino-àcidos das diversas fontes proteícas complementam-se entre si, resultando numa proteina final de elevado valor digestivo e biológico.

Investigação na Universidade de Davis, conclui que as necessidades no amino-àcido lisina em caturras (Nymphicus hollandicus) é de 0,8% e a necessidade total de proteína de 20% da matéria seca total da dieta. Isto é muito semelhante aos valores para frangos de engorda, que podem ser usados como valor de referência para estimar as necessidades dos psitacídeos em crecimento. Quando comparamos estas necessidades em amino-àcidos com os níveis encontrados nas sementes oleosas, constatamos que todas elas são pobres em lisina e metionina/cistina. A proteina nos tecidos das penas contém elevados teores de cistina, como tal, durante o periodo de formação ou muda das penas, as necessidades neste elemento aumentam. Aves mantidas com uma dieta única de sementes desenvolvem uma pobre plumagem e este facto poderá ser uma das explicações. Ao suplementar as diets com lisina e metionina que as aves podem converter em cistina estamos a ajudar à formação de uma melhor plumagem. Este exemplo demonstra a importância de suplementar os valores dos nutrientes verdadeiramente limitantes (deficientes) numa dieta em vez de se acrescentar um pouco de cada nutriente conhecido, muitos dos quais existirãio já em quantidades suficientes numa dieta base variada. Muitas pessoas olham as dietas granuladas como monótonas “como poderia uma ave viver com um único alimento”. Contudo, algumas dietas granuladas contém uma maior variedade de nutrientes e fontes proteícas que o que algumas aves encontram em dietas de sementes. Expressa-se alguma preoupação acerca das aves receberem demasiada proteina e, como tal, sobrecarregando os orgãos excretores de nitrogénio (ureia) um produto secundário do metabolismo proteíco.

Recorde-se que a proteina total consumida está dependente da densidade energética da dieta, temos portanto de dividir a proteina pelas calorias para se poderem comparar significativamente as dietas. Esta área da relação proteina/ebergia óptima ainda necessita de muito trabalho e investigação. Poderá ser possível fornecer níveis relativamente mais baixos de proteina durante grande parte do ano. A disponibilidade de proteinas estimula, muito possivelmente, as aves selvagens a procriar, todavia ao darmos niveis demasiado elevados de proteina durante too o ano às aves em cativeiro poderemos não conseguir o mesmo estímulo. Tais alterações específicas no nível de nutrientes apenas podem ser conseguidas com dietas formuladas com as quais a ave tem poucas hipóteses de selccionar outras fontes alimentares de diferente valor. Como já foi referido, o alto valor calórico das sementes oldeosas limita o sue consumo e reduz assim a quantidade de amino-àcidos disponíveis para o crescimento de novas penas, músculos, etc. Assim, embora as sementes oleosas em si tenham uma maior quantidade percentual de proteina (%), as aves não recebem proteina suficiente, o que explica o probre crescimento das penas em aves mantidas com dietas de sementes oleosas. Em contrapartida as aves a comsumir dietas granuladas poderão processar demasiada proteina como um produto secundário de terem de consumir mais alimento para satisfazer as suas necessidades de energia. O sistema NRC americano usa o conceito de expressar os níveis dos nutrientes necessários baseado em determinados valores energéticos da dieta, para todas as publicações sobre necessidades nutricionais de animais. Os níveis de fibra nas sementes são muito mais baixos dos que são expressos nas análises nutricionais dos lotes de sementes. Como as aves descascam ascsementes e nozes, estas cascas de alto teor de fibras não são consumidas mas são indicadas nos valores de análise. Isto resulta numa subestimação da proteina e gordura e sobre-estimação do rendimento em fibra, fazendo destas indicações perfeitamente inúteis.

A selecção das sementes ricas em calorias e rejeição das que têm menor teor de gordura (o que equilibraria a gordura) resulta em má nutrição e obesidade. As dietas formuladas de granulados combinam e equilibram a fibra com outros nutrientes, de modo que a aves não podem seleccioar as sementes oleosas. A sujidade causada pelas cascas em redor das gaiolas, um dos aspectos negativoas das aves, acaba por ser eliminado com o uso de graulados. O uso do alimento como brinquedo é um deperdício e não é saudável. O uso de brinquedos de madeira, couro ou corda é muito mais aconselhável para a saúde das aves. Os níveis óptimos de vitaminas são dificeis de determinar e podem facilmente passar despercebidos na ave. Dèfices de algumas vitaminas podem resultar em pobre reprodução. A resistência às doenças e a saúde geral são difíceis de quantificar. Qual a quantidade extra de vitaminas A, E ou C que deverá ser adicionada a uma dieta base até que o seu custo seja desperdiçado ou a ave receba demasiado? Um dos modos de contornar esta questão é o uso de vitaminas em formas quimicamente mais seguras. Pré-vitamina A, ou beta-caroteno, é um exemplo, que as aves podem converter e vitamina A conforme as suas necessidades. A vitamina C pode ser necessária em periodos de stress ou para as crias, mas é uma vitamina muito fragil e instável que rapidamente de degrada nos alimentos. O uso de forma estabilizadas ou quelatadas assegura que os níveis de vitaminas persentes no alimento serão na verdade usados pelas aves.

Uma companhia avisou os seus clientes de um suplemento de vitamina E, para retirarem este da dieta de catatuas macho uma vez iniciada a época reprodutiva, uma vez que relacionaram um excesso de vitamina E com a agressividade dos machos. Não ter vitamina E suficiente leva a infertilidade, mas o uso de demasiada vitamina E não conduz necessariamente problemas de agressividade e a que as aves se tornem agressivas com os seus parceiros! O uso de vitamina E em excesso em relação às necessidades da ave ajuda a actuar como um anti-oxidante nas dietas granuladas, protegendo as gorduras da rancificação e outras vitaminas de serem degradadas. Um excesso de vitamina D3 tem causado mais problema nas dietas formuladas e tentativas de suplementar dietas pobres que qualquer outra vitamina. Contudo, isto pode ser mais devido ao facto que o resultado: calcificação excessiva de orgãos como os rins pode facilmente ser comprovada por uma exame histopatológico. Foi formado pelos EUA um Comité de Nutrição Avicola, apoiado na Asociation os Avian Veterinaries (N.T.: Associação dos Veterinários Avícolas), para investigar a formação de algumas linhas base sobre as necessidades das aves em dietas de manutenção. Tive a honra de participar neste processo do qual uma das mais importantes indicações foi de que o nivel de vitamina D3 na dieta de um papagaio nunce deveriam ser superiores a 2.000 UI/Kg (Energia bruta 3200-4200kcal/kg). Não existe razão para que vejamos crias de arara morrer com um doloroso excesso de vitamina D3, embora açguns interesses comerciais privados possam não querer esta divulgação livre de dados de pesquisa.(ver Feed Management, Watt Pub.,Feb 1998, Vol 49 #2) Um dos problemas frequentes nas aves com dieta de sementes secas são ovos pouco calcificados e ovos “presos”, ossos fracos e problemas de tiróide e contracção muscular. Todos estes estão ligados à falta de minerais na dieta de sementes.

A produção de um suplemento para estas dietas que contenha um pouco de cada nutriente é ignorar o facto de que alguns deste elementos podem já existir em quantidade suficiente nas sementes. Potássio e ferro são dois elementos minerais que existem em boa quantidade nas sementes. Demasiada suplementação de ferro causa problemas de fígado em alguns tipos de tucanos, mainatas e insectívoros. Uma atenção a análise mais cuidadas de cada um dos minerais e a sua deficiência é necessária para se preparar um suplemento adequado. Parece que o nível de fósforo na maioria das sementes oleosas é suficiente. Parte desse fósforo está indisponível para as aves por estar ligado ao ácido pítico. A relação de fósforo e cálcio tem de estar numa razão de cerca de 1:2, isso significa o dobro da quantidade de cálcio do que de fósforo. A maioria dos suplementos minerais contém esta relação mas, quando combinada com a dieta base de sementes rica em fósforo e pobre em cálcio, não resulta na absorção perfeita. Os níveis de cálcio nas sementes oleosa são tão baixos que os papagaios africanos, depois de uns curtos anos com estas dietas, podem desenvolver problemas de tétano muscular e outros. Estas aves necessitam de uma suplementação de cálcio de emergência, visto terem dificuldades na utilização do cálcio ósseo. Infelizmente, o excesso de cálcio e a vitamina com ele relacionado, D3, tornaram-se um problema quando as criadores começaram a suplementar em demasia as dietas. Nas crias em rápido crescimento o cálcio é depositado em tecidos moles, como nos rins. Resulta assim na falha destes orgãos demonstrando que dietas caseiras podem ser perigosas. As dieta formuladas que pressupõem níveis controlados de nutrientes são masi seguras, sobretudo para criadores mais inexperientes. A psitacose (ou ornitose) ainda constitui um problema para algumas espécies mas pode ser eliminada com o uso de uma ração medicada. Esta zoonose pode ser encontrada em portadores sub-clínicos como as caturras. Uma loja em New Jersey foi processada por um cliente que adoeceu devido a uma ave que ali comprara.

Ao abrigo da legislação o cliente pode alegar que a loja lhe vendera um produto defeituoso que lhe havia causado problemas de saúde. A companhia de seguros da loja conseguiu um acordo no valor de $400.000 USD. (N.T.: aprox. 88 mil contos) Na HARI eliminámos todos os portadores de Chlyamidia, que causa psitacose, usando uma dieta granulada com um premix de 1% clorotetraciclina adicionado à formúla por 60 dias. Outras alterações a esta fórmula têm de ser realizadas, como um teor mais elevado de agentes anti-fungos (propionato de Cálcio) e níveis de cálcio mais elevados. O meu ponto de vista é que estas dietas são o melhor modo para eliminarmos estas doenças dos nosso aviários. O uso de medicação a água de bebida nem sempre é eficaz no tratamento de portadores. É certo que estamos ainda numa fase inicial da compreensão dos aspectos nutricionais e comportamentais das aves em cativeiro. Mas apenas poderemos aprender mais sobre as necessidades de proteina, gordura, minerais e vitaminas, se conhecermos os valores da dieta que usamos actualmente e o que as aves aproveitam dela. Isto é praticamente impossível de determinar quando as aves podem optar entre diversos alimentos e métodos de alimentação. Toda o alimento desperdiçado teria de ser rapidamente recolhido e analisado para ser subtraido ao valor inicial do alimento fornecido. A diferença será o que a ave ingeriu. Em 1980, quando trabalhava na minha tese, tentei este método e nunca consegui chegar a valores fiáveis, havia simplesmente demasiado desperdício. Consegui, contudo, instalar um único comedouro, fornecer girassol descascaso, e recolher o desperdício causado pelas aves, nest caso a catatua de Goffin. A Energia metabolizável do girassol nestas aves era de 6.201 + 282 kcal/kg quando determinada para um caso ad libitum do efectivo total, e 6.094 + 86kcal/kg, quando determinada para todo o efectivo. A média do metabolismo diário da existência para estas aves am condições de gaiola foi de 48kcal/dia/ave ou 185 kcl/dia/kg de ave. Isto é cerca de 2,2 vezes a taxa de metabolismo basal (N.T. referente à necessidade alimentar para manutenção do peso vivo inalterado) prevista pelas fórmulas. Conhecendo as necessidades específicas de uma ave e o seu valor energético garantimos que a quantidade suficiente de nutrientes é adicionada ou suplementada a essa porção de alimento. Existem diversos métodos para adaptar as aves de uma dieta de sementes para granulados. Diminuir gradualmente a quantidade de sementes/granulado causa um certa confusão pois as aves acabam por seleccionar as sementes perferidas desperdiçando o granulado. Achamos ser preferível usar mais comedouros e fazer com que o que contém as sementes sejam consumido inteiramente num dia deixando o de granulad bem cheio. Adicionar água morna a misturando com o granulado num comedouro de girassol, também ajuda à adptação.

O alimento húmido é mais apetecível para a maioria das aves, mas estraga-se rapidamente e deves er trocado com frequência. Muda-se lentamente para a forma seca de granulado. Esta questão raramente surge nos animais criador à mão pois são alimentados desde jovens com granulados. Isto é mais fácil que o uso de sementes suplementadas com papas na altura da separação das crias. Se as necessidades de crescimento e formação de plumagem então poderemos dizer que a fórmula estará completa. Assim, com dezenas de milhares de papagios a serem criados com estes alimentos podemos preocupar-nos menos com as necessidades precisas mínimas para cada nutriente ou espécie de ave. Alguns dos ingrediantes usados nas dietas granuladas têm sido questionados ultimamente. Enquanto a soja é uma excelente fonte de proteinas, em crú esta contém factores anti-nutricionais que interferem na utilização da proteina. Estes são destruidos e inactivados durante o processamento. A ciência não dispõe de todas as respostas m as força-nos a olhar para as questões de uma maneira estruturada (o método científico) que permite que se atingam algumas conclusões. Demasiadas vezes os criadores alteram algo no seu método normal e relacionam sucessos ou fracassos com essa alteração. Existem muitas e diversas variáveis que podem influenciar estas situações; doenças sub-clinicas (não diagnosticadas), experiência, stress e outros. Para que se possa julgar mais correctamente um novo suplemento ou alimento é importante minimizar estes factores. Um modo mais correcto de julgar um produto ou imgrediente é apenas o fornecer a metade dos casais de um espécie, mantendo a outra metade como controle para comparação. Mantenha uma mentalidade aberta e questione-se sempre “se há um método melhor”.

Por Mark Hagen, M.Ag. Director de Invertigação

Escrito por Mark e Holf Hagen, em 2/9/2003

Inseminação artificial

Inseminação em pássaros

Há muito tempo que eu venho lendo, em revistas especializadas, sobre inseminação artificial em periquitos, praticada por criadores americanos e australianos. Trata-se de um assunto extremamente polêmico e que me causou, a princípio, incredibilidade.

A alguns meses atrás eu li um artigo, que não só abordava os aspectos positivos e negativos da inseminação artificial, mas também ensinava passo a passo, as técnicas para a realização da mesma.

Desde então, venho praticando tais métodos em meu criadouro, obtendo resultados positivos. É bem verdade que ainda não atingi o nível de perfeição obtido pelos criadores citados anteriormente, mas acredito que seja apenas uma questão de experiência.

Conforme relatos de criadores experientes nesta prática, a inseminação artificial permite um incremento significativo na fertilidade do plantel, principalmente se levarmos em consideração aquelas fêmeas que não se abaixam corretamente para os machos ou que por algum motivo não permitem a cópula, cujos ovos quase sempre são vazios. Há também os machos que por estarem muito gordos, ou por qualquer outro tipo de problema, não conseguem galar a fêmea corretamente. Estes pássaros são excelentes para a prática da inseminação, principalmente se os mesmos forem de ótima qualidade.

Um aspecto que deve ser abordado, é quanto ao momento da inseminação artificial. Não só as fêmeas devem estar “prontas”, mas os machos também, já que é comum na hora da colheita do semem, os machos apresentarem-se estéreis. Pelo que pude observar neste curto espaço de tempo, há machos que não produzem esperma, provavelmente por problemas em seus testículos, sendo impossível o seu uso tanto nas gaiolas de criação, como na inseminação artificial. Eu particularmente possuo alguns destes. Por outro lado, há machos que produzem esperma durante um certo período do ano, ficando algum tempo sem produzi-lo (normalmente não há produção de esperma em época de muda e quando os machos estão alimentando os filhotes). A verdade é que para uma colheita perfeita, o macho deve estar bem “quente”, de preferência acasalado.

Já as fêmeas para serem inseminadas devem ter botado seu 1º ovo, dando a certeza que sua postura teve início. A inseminação deve ser feita na noite do dia em que ocorreu a postura do 1º ovo, já que, para que o próximo ovo seja fertilizado, é necessário a presença de esperma no organismo da fêmea, 36 horas antes de sua próxima postura. No relato dos criadores mais experientes, uma única inseminação é suficiente para galar alguns ovos, já que a fêmea possui em seu organismo um orgão que armazena o esperma, mantendo-os vivos por praticamente 11 dias.

Nas inseminações artificiais que pratiquei em meu criadouro, em apenas uma fêmea foi obtida a fertilização de 3 ovos posteriores a introdução do esperma, nas demais apenas 1 ovo foi fertilizado. Aqui, talvez esteja a falta de experiência que eu me referi anteriormente, faltando quem sabe um pouco mais de prática para que realmente se consiga uma fertilização mais efetiva dos ovos. Acredito que para a fertilização de vários ovos, seja necessário mais de uma inseminação artificial, principalmente se levarmos em consideração que o macho gala a fêmea diversas vezes.

Posso afirmar com clareza que tal método de forma alguma prejudica fisicamente, tanto machos como fêmeas, porém observei em 2 fêmeas que foram inseminadas, que a quantidade de ovos colocados após a realização da técnica, foram inferiores aos normalmente colocados por elas. Acredito que tal fato tenha ocorrido devido a falta de prática no manuseio das fêmeas, provocando quem sabe distúrbios em seu ciclo reprodutivo. Saliento que este tipo de problema nunca foi abordado por nenhum artigo que eu tenha lido.

Para a realização da inseminação propriamente dita, tudo que se precisa é um tubo capilar e alguns pedaços de papel absorvente ou pano. A colheita do sêmem é feita através da pressão dos dedos na cloaca do macho. Anatomicamente os machos dos periquitos possuem uma bolsa próximo a região da cloaca, cuja finalidade é o armazenamento do esperma produzido nos testículos. Como se sabe, os testículos nos periquitos são orgãos internos, localizados na região abdominal mais precisamente perto dos rins. O que se precisa então é apenas saber “espremer” corretamente a bolsa citada anteriormente. Com a pressão o esperma é expelido para o exterior, devendo ser colhido com o tubo capilar. Para uma melhor colheita é aconselhável que as penas em volta da cloaca sejam retiradas.

Nas fêmeas, a primeira providência é fazer uma limpeza de seus intestinos e uretra, eliminando assim, as fezes e a urina. Caso não seja realizada esta limpeza, é normal após a inseminação, quando se retorna a fêmea a sua gaiola que a mesma vá ao poleiro e elimine as fezes, eliminando juntamente o esperma anteriormente introduzido. Além disto, as fezes e principalmente a urina são extremamente prejudiciais ao esperma, impedindo a sua sobrevivência e consequentemente a sua caminhada até onde se encontram os óvulos a serem fecundados.

Esta limpeza é feita através de uma leve pressão na região da cloaca, realizando-se movimentos que assemelham-se com uma massagem. Expelida as fezes e a urina, pega-se o papel absorvente ou o pano e passa-se em volta da cloaca, retirando-se qualquer resíduo que por ventura tenha permanecido. Após este procedimento, aplique nova pressão na cloaca da fêmea até que se consiga visualizar a parte interna da mesma ( de cor rosada) e então assopre o esperma neste região. Deixe a cloaca se fechar normalmente e está terminada a inseminação. Retorne a fêmea a gaiola e observe se a mesma não expele novas fezes, caso afirmativo a inseminação artificial não logrará êxito. Esta operação não deve exceder o tempo máximo de 5 minutos, que corresponde ao tempo de sobrevivência do sêmem fora do organismo. Com prática você consegue fazer todas as operações citadas em menos de 2 minutos.

Concluindo, vejo na prática da inseminação artificial alguns pontos positivos e outros negativos. Na Inglaterra tais métodos são proibidos, porém, acho muito vago a proibição de certos atos que não podem ser fiscalizados com rigor, já que como dito anteriormente, com prática você consegue em poucos minutos e no interior de seu criadouro realizar a inseminação. De positivo fica a possibilidade de utilizar um macho de ótimas qualidades e que seja um forte transmissor destas características, em várias fêmeas ao mesmo tempo. De negativo, posso afirmar que nem sempre o macho que se quer utilizar para inseminação, possui esperma no dia desejado, além de como já salientado anteriormente, não ter conseguido fertilizar mais do que 1 ovo por inseminação.

Finalizando, para ter certeza de que realmente a inseminação funciona, de um casal de celeste, inseminado com sêmem de um normal verde escuro, nasceu um filhote macho normal verde escuro.

Escrito por Marcelo Miroski Dutra, em 2/9/2003