Aditivos naturais na nutrição

Nutrição

Aditivos naturais na nutrição das aves, que sem dúvida representam aliados de extremo valor na prevenção de doenças infecto-contagiosas (salmonela, e-coli, coccidiose, etc.)

Os aditivos para nutrição tem avançado significativamente e existe uma disponibilidade de verdadeiras maravilhas nesse sentido. Vejamos como agem:

Lacto bacilos vivos dentro da flora intestinal, existem germes patogênicos ( provocam doenças) e benéficos (ajudam em inúmeros processos digestivos e mantêm o equilíbrio da flora) Os Lacto bacilos vivos, representam a flora benéfica ou positiva. Fornecendo os mesmos na alimentação, evitam um desequilíbrio da flora por stress, diarréia, ou fornecimento de antibióticos. Desta forma, inibem por exclusão o desenvolvimento exagerado de germes patogênicos. Como as aves nascem sem flora intestinal, os filhotinhos ficam muito expostos nos primeiros dias de vida a doenças e isto é a principal causa de mortandade dos mesmos. Uma vez formada a flora, com 7 a 8 dias, a mortandade diminui significativamente. Colocamos Lacto bacilos vivos na papinha para tratar no bico e isto contribui muito para que o filhotinho receba a flora positiva, e reduza sensivelmente o desenvolvimento de doenças digestivas. Utilizamos este produto na farinhada ha mais de 5 anos e deste então desapareceram os problemas de diarréia, bastante comuns nos pássaros

Leveduras Vivas tem inúmeras funções fisiológicas a nível intestinal. Contribuem para a formação de vitaminas do complexo B, e funções antitóxicas

Acidificantes Esta comprovado que a flora patogênica do intestino, não se desenvolve adequadamente em meio acido, sendo que a benéfica se reproduz dentro deste meio sem problemas. Hoje é largamente utilizado em avicultura o acidificante do meio intestinal, por meio dr produtos naturais e sem contra-indicações de tal forma a criar um meio hostil para os germes patogênicos,.

Mananoligosacarideos este nome complicado, nada mais é do que açucares complexos, não digeridos mas de fundamental ajuda no combate aos germes patogênicos do intestino (salmonelas, colibacilose, coccidiose, etc.) Eles funcionam segundo pesquisas comprovadas nos Estados Unidos da seguinte forma: Os germes patogênicos, para se fixar na parede do intestino, se “guiam” procurando estes açúcares presentes na mesma. Desta forma, fornecendo estes açúcares na farinhada, os mesmos funcionam como uma “isca” fazendo com que os germes se fixem aos mesmos e sejam naturalmente eliminados pelas fezes.

Todos estes aditivos, tem a enorme contribuição de não terem a menor contra-indicação independente de dosagem e contribuírem significativamente para a redução dos problemas de doenças digestivas, principal motivo de morte de pássaros.

Sementes . Sobre rações extrusadas, já testamos essa idéia no Brasil ha alguns anos, quando a Alcon lançou um produto que pretendia substituir as sementes. Esse trabalho foi feito em conjunto com a Purina e o nome comercial do produto era Canarina. Hoje leva o nome de Top Life e é amplamente utilizado pelos criadores de aves silvestres com boa aceitação. De todas formas, creio errado pretender eliminar totalmente o uso de sementes na dieta dos pássaros. Existe inclusive um aspecto comportamental, no sentido de que as aves tem como comportamento, quebrar a casca das sementes para se alimentar diferente do comportamento das galinhas que comem diretamente o que encontram no solo. Por outra parte, “acostumar” as aves a não se alimentarem com sementes tem o enorme risco de um tremendo stress quando a mesma é vendida ou cedida a outra pessoa que utilize sementes como fonte de alimentação.

Na realidade, é muito incomum que um germe venha na semente. Até porque a natureza já fez a “embalagem perfeita” protegendo a mesma com a casca. O grande vilão da semente são os fungos, extremamente tóxicos e perigosos, os quais se formam principalmente quando a semente é colhida cedo, antes de amadurecer, ou é armazenada ou transportada sem os devidos cuidados de não ser exposta a umidade. Muita gente coloca a semente no sol ou no forno para secar e matar os fungos, mas isto de nada adianta pois se ela já está contaminada, esta prática matará os fungos mas não destrói a toxina que fica do mesmo jeito na semente e intoxicará invariavelmente. Colocar anti-fungos na semente tem o mesmo efeito. Inibe o desenvolvimento de novos fungos, mas não tem efeito sobre a aflatoxina que eventualmente já está ali. O grande lance, veio recentemente com a descoberta dos chamados “sequestrantes” Estes produtos químicos não agressivos, detectam as micotoxinas na semente, e se ligam quimicamente a ela. O produto resultante, nada tem de tóxico, não é adsorbido pelo intestino e é naturalmente eliminado pelas fezes sem conseqüências de intoxicação. Quando preparamos a mistura de sementes, colocamos este aditivo que nos tranqüiliza no sentido de que mesmo que exista algum fungo ou toxina na mesma, os pássaros não irão se intoxicar.

Extrusado efetivamente, o sistema de extrusão, é uma verdadeira garantia quanto a esterilização e qualidade dos alimentos resultantes. No Brasil fizemos um trabalho em conjunto com a firma Alcon e produzimos em parceria uma farinhada com esse sistema de fabricação, mas acho que ela não deve substituir totalmente as sementes e sim funcionar como um complemento para fornecimento de proteínas de origem animal, complementos vitaminico-minerais e os aditivos acima citados

Escrito por Álvaro Blasina, em 2/9/2003

Coccidiose

Considerações

Para falar sobre a criação de pintassilgos vamos nos ater a espécies brasileiras embora haja mais de trinta formas diferentes catalogadas. Existem no mundo inteiro, inclusive na Europa, no Alasca e na Sibéria. Os mais famosos são os “vermelhos” da Venezuela – Carduelis cuculatta, os ‘pretos” da Colômbia – Carduelis xanthogastra, o Português – Carduelis carduelis. Vamos nos ater, no entanto, a duas espécies que existem no Brasil. São elas o pintassilgo-da-cabeça-preta – Carduelis magellanica e o pintassilgo-baiano – Carduelis yarellii. São pássaros maravilhosos, medindo por volta de 10,5 a 12 cm de comprimento. Os machos possuem as penas amarelas em todo o corpo, a cabeça totalmente preta – o magellanica; e um boné preto na cabeça – o yarellii. As asas deles são salpicadas de preto com listas amarelas simétricas. As fêmeas, como os filhotes jovens, são totalmente amarelas, cor de limão maduro.

Existem algumas subespécies do magellanica catalogadas, como segue: C. magellanica magellanica – Sul do Brasil e Argentina são bem grandes cerca de 12 cm; C.magellanica icterica – Sudeste do Brasil, um pouco menores e bem esverdeados; C. magellanica alleni – Goiás, Tocantins e Sul do Piauí, são os “pinheirinho”, são menores que os icterica e mais amarelos especialmente no abdomem; C. magellanica longirostris, Roraima e Sul da Venezuela, possuem o bico um pouco mais longo que o icterica; C. magellanica bolivica, Oeste do Mato Grosso e Bolívia, o macho possui grandes pintas negras no peito e a fêmea uma “sombra”da máscara negra dos machos. Em suma, a distribuição do magellanica se dá em todo o Brasil à exceção do Nordeste e da Amazônia, chegam à Argentina e ao Paraguai, a do yarellii em todo o Nordeste. Interessante dizer que deste último existe uma população distinta na Venezuela muito pouco diferente na forma do brasileiro; um tem a região da cloaca branca e o outro não. Lá, como aqui, estão também em processo de extinção por três motivos: a) degradação do meio-ambiente; b) caça predatória; c) a fumigação realizada pelo Estado para exterminar insetos nocivos. Todavia, existe um competente programa de recuperação dessas aves que em sendo colocado em prática será um importante instrumento de preservação. Coordenado pelo Dr. Carlos Ortega – e-mail chogui @ tecet.net.ve, compreende: dentre outros importantes procedimentos, conservar o que existe na natureza, incrementar a criação doméstica e fazer um senso da existência desses pássaros em poder de criadores de todo o mundo. Supomos que deveríamos, aqui no Brasil, tomarmos medidas semelhantes a partir do exemplo, o projeto Venezuelano para o seu yarellii.

Os pintassilgos procriam na natureza nos meses de outubro a março. Ao iniciarem as chuvas no final do mês de agosto começam a se acasalar e a se prepararem para a procriação anual. Estabelecem comunidades onde muitos casais passam a conviver e os machos estimulam suas respectivas fêmeas com o seu canto intermitente. Ficam, dessa maneira até o final da temporada do choco, até o mês de março. Aí começam a se juntar em grandes bandos, filhotes e adultos, migram de um lado para outro à procura de comida até o mês de julho, quando param para mudar de penas. Habitam ambientes variados, brejos, capoeiras, pastos, pomares, florestas ralas, pinheirais etc. Embora sejam briguentos e às vezes agressivos, há notícias da existência de quatro ninhos de pintassilgos magellanica em uma só laranjeira. Eles, de um modo geral, despertam muito interesse na criação doméstica, pelo fácil manejo, pelo seu canto, pela sua beleza e porque, de outro lado, cruzam muito bem com canários domésticos os Serinus, possibilitando a produção de pássaros híbridos com variadas cores e de canto mavioso. Como é o caso do pintagol de cores: salsas, verdes, vermelhos, cinzas, entre outros. Dão, assim, origem a cruzamentos que poderão formar cores diferentes na criação do canário. O pintagol tem também extrema facilidade para aprender o canto do pintassilgo e do belga. Canta, todavia, em outro tom e, para muitos, consegue cantar com mais qualidade. A quantidade de pintagol existente no Brasil é uma enormidade; são milhares e milhares. Sempre produto do macho pintassilgo com a fêmea Serinus canarius e de qualquer cor, inclusive branca que gera o cinza.

Entretanto, o que nos interessa mesmo é a preservação do pintassilgo em pureza, protegendo os que estão na natureza ao lado de uma intensa criação doméstica para suprir toda a demanda com filhotes nascidos em criadouros legalizados, especialmente os comerciais; a Portaria 118 do IBAMA está aí. Capturar na natureza é crime, é proibido por Lei e é uma agressão ao meio-ambiente. Não se pode mais fazer isso, principalmente com os yarellii que estão em extinção. Vamos, então, usar o nosso grande entusiasmo e paixão por essas aves e utilizá-las na reprodução doméstica, para gerar riquezas e, principalmente, para buscar a sua efetiva preservação. Como fator favorável tem-se que os pintassilgos se reproduzem com facilidade em ambientes domésticos, podemos acomodá-los em espaços pequenos e sua criação, assim, pode ser feita com poucos recursos.

Na natureza consomem quase todo tipo de semente de capim, adoram comer a flor do eucalipto, insetos dos pinherais e sementes de picão, assa-peixe, dente-de-leão, colonião e serralha, entre outros tipos de alimentação dos fringilídeos.

Seu canto é longo e repicado assemelhado com os sons: tic-tic-tic – tec-tec-tec- qlim-qlim-qlim – tim-tim-tim, e assim por diante. Chegam a cantar mais de dois minutos ininterruptamente, variando os sons e mudando o tom para embelezar e quebrar a monotonia da frase. Mas a paixão dos aficionados é quando ele canta metálico, variando pouco as notas e numa freqüência alta, por volta de 5.000 hertz; fazem um qlim-qlim-qlim-qlem-qlem-qlem……, quanto mais longo melhor. Também uma maravilha o canto do pintassilgo que dá a “carreirinha”: qli-qli-qli-qli-qlili-qlili-qlili….. Há à disposição dos interessados gravações dos melhores cantos para ensinamento aos filhotes, como é o caso do “Nanico”, nos pequenos anúncios deste AO. Seu canto serve ainda de estimulante para os outros pássaros; ele é o maestro de uma comunidade de diferente pássaros; quando o pintassilgo canta todos os outros ao redor também o fazem. Vale a pena presenciar esta cena.

É uma ave longeva – vive em ambiente doméstico por volta de 20 anos – tudo depende do trato que se lhe dispensa.

A alimentação básica deve ser: alpiste 60%, painço 15%, senha 15%, aveia 5% , nabão 5%. Em recipientes separados deve ser fornecido sementes de perila, uma colher de chá por indivíduo três vezes por semana. A perila é excelente nutricionalmente, o problema é que ela é muito rica em gorduras, mas tem atividade protetora do intestino, o que, nestas espécies, é absolutamente fundamental. Há uma certa polêmica sobre a administração da colza; alguns não recomendam. Já sobre o niger a polêmica é maior; os criadores europeus (vide livro de Giorgio d’Baseggio), condenam totalmente sua administração. Segundo eles o niger traz problemas intestinais, além de ser extremamente gorduroso, acresce-se a isso o fato que se os pintassilgos dispuserem de niger não comem mais nada, e essa semente é desbalanceada nutricionalmente. Os criadores brasileiros utilizam niger em grandes percentuais, o que achamos muito prejudicial. Não recomendamos a utilização de verduras; para aqueles criadores que acharem que devam administrar abriríamos uma exceção para o “jiló”, exclusivamente. É salutar que se disponibilize, também, farinhada adicionando Mold-Zap ®, à base de 1 gr. por quilo. Dois dias por semana administrar polivitamínico tipo Orosol®, Rovisol® ou Protovit®, este à base de 2 gotas para 50ml d’água. Já sua alimentação especial para a fase de reprodução deverá ser a seguinte: quando houver filhotes no ninho, em uma vasilha separada, colocar 3 vezes ao dia, farinhada assim preparada: 5 partes de milharina, 1 parte de farelo de proteína de soja texturizada,/ 1 parte de germe de trigo, / premix F1 da Nutrivet® (4 colheres de sopa para 1 quilo), / sal 1 gr. por quilo, / Mold-Zap® 1 gr. por quilo, / Mycosorb® 2 gr. por quilo. Após tudo isso estar muito bem misturado, coloque na hora de servir, para duas colheres dessa farinhada, uma gema de ovo cozido e uma colher cheia de Aminosol®.

Outra questão relevante diz respeito ao lugar adequado para que eles possam exercer a procriação. Esse local deve ser o mais claro possível, arejado e sem correntes de vento. A temperatura ideal deve ficar na faixa de 25 a 30 graus Celsius e umidade relativa entre 40 e 60%.

A época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de setembro a fevereiro, coincidente com o período chuvoso e com a choca na natureza. Pode-se criá-los em viveiros, grandes ou pequenos, todavia não o aconselhamos. O manejo é difícil e controle do ambiente impossível, ali os filhotes costumam cair do ninho e morrem. Para quem optar por utilizar gaiolas – que têm a relação custo/benefício menor – elas devem ser de puro arame, com medida de 60cm comprimento x 40cm largura x 35 cm altura, com quatro portas na frente, comedouros pelo lado de fora para dentro da gaiola, e com um passador lateral. A do macho pode ser a metade disso. No fundo, ou bandeja da gaiola, colocar grade que terá que ser lavada e desinfetada uma vez por semana, no mínimo. Utilizar ninhos, de preferência de sisal, de diâmetro 6 cm e 4,5 de profundidade no centro. Perigoso usar ninho de bucha porque o pintassilgo costuma furá-lo com o bico.

O número de ovos de cada postura é quase sempre 4, às vezes 3. Cada fêmea choca 3 vezes por ano, podendo tirar até 12 filhotes por temporada. As fêmeas podem ficar bem próximas umas das outras, separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer. No manuseio do macho, o melhor é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo para outra gaiola, especialmente os yarellii. Sabe-se que a fêmea está “pronta” quando ela começa a andar de cabeça para baixo pelo teto da gaiola e a voar de uma lado para o outro incessantemente, fica piando baixinho e ao ver o macho pede comida a ele e logo em seguida, aceita a gala. O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho aos dezesseis dias de idade podendo ser separado da mãe com 35 dias. Com 9 meses já poderão procriar. As anilhas serão colocadas do 7 o ao 10o dia, com diâmetro de 2,3 mm – bitola 1, a ser adquirida no Clube onde seja sócio. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. Importante a administração de Energette®, através de uma seringa graduada, no bico dos filhotes enquanto eles estão no ninho para ajudar a fêmea no tratamento.

Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis. O maior problema dos pintassilgos é a coccidiose. Os europeus, notadamente os italianos, recomendam o controle da doença via preventivo a cada três meses e quando as fêmeas estão no processo de postura, época em que este mal se desenvolve. Outro problema é a enterite de origem bacteriana que causa sérios problemas nos filhotes; o Baytrill®, a 10% pode ser excelente nessas ocasiões.

O pintassilgo provavelmente é o pássaro que mais desperta interesse a nível mundial; sabemos de enormes criadouros na Europa dos nossos pintassilgos. Cabe a nós, brasileiros, passar a reproduzi-los em larga escala e ajudar a preservar efetivamente essas lindas e interessantes espécies existentes em nosso Brasil.

Agradecemos pelas informações recebidas aos criadores Reginaldo de Castro Cerqueira Filho (081-2334376) e Edison Amorim de Castro (011-51822623), Geraldo Magela Belo (011-8105282), e Carlos Ortega – da Venezuela – e do livro sobre o tema, de Giorgio di Bassegio, Itália.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003