Micoses / Aspergilose

Grande Inimigo da criação

BOLETIM DO CRIADOURO CAVIÚNAS

NÚMERO 25 ABRIL 2008

REDATOR: Dr. JOSÉ CARLOS PEREIRA

RUA JOAQUIM DO PRADO, 49, CRUZEIRO, SP. TELEFAX 012 31443590

drjosecarlos2000@uol.com.br

MICOSES/ASPERGILOSE

Os fungos ou cogumelos são geralmente representados pelos bolores e leveduras. São conhecidos pelos franceses por champignon, palavra muito usada para designar os fungos comestíveis. Os ingleses chamam diferentemente levedura (yeast) e bolor (mold). E os alemães preferem Pilze ou Hefepilze.

Na antiga e clássica classificação de Van Thiegen eles são classificados como vegetais arrizófitos (desprovidos de raiz) talófitos juntamente com as algas e os liquens. São constituídos apenas por um talo, sem caule, raiz ou folha, desprovidos de clorofila, o que, os torna incapazes de sintetizar os próprios alimentos a partir de compostos orgânicos. Portanto, são seres heterotróficos, incapazes de sintetizar substâncias orgânicas de que precisam para seu sustento. Para obter essas substâncias orgânicas tornam-se saprófitas ou parasitas de outras plantas.

Ao microscópio os fungos aparecem na forma redonda ou oval (leveduras) ou filamentosa de hifa (bolor). As colônias de leveduras são regulares e as dos bolores irregulares e flocosas. Dentre os fungos que crescem como leveduras temos as espécies de Candida e Cryptococcus e entre os bolores as espécies de Aspergillus, Rhizopus e os dermatofitos (determinam as micoses superficiais da pele e seus anexos e também conhecidas por tinhas). Fungos como o da histoplasmose, blastomicose, esporotricose, coccidioidomicose e paracoccidioidomicose são chamados dimórficos (duas formas), pois, são redondos nos tecidos, mas crescem como bolor (hifa) quando cultivados à temperatua ambiente. Com exceção da C. glabrata, as outras espécies de Candida aparecem nos tecidos como leveduras arredondadas ou elementos tubulares chamados pseudohifas.

O estudo dos fungos ganhou importância maior desde as investigações de Louis Pasteur sobre as fermentações biológicas tendo como base as leveduras, chamadas por ele de “fermentos figurados”.

Os fungos podem ser usados:

-Como enzimas na fabricação do álcool, da cerveja, do vinho e outras bebidas alcoólicas como o uísque, o rum, o pulqué, o taette, o kvass, o sorgho, o saquê, o gim; na panificação e na fabricação de alguns queijos, na extração de vitaminas, na obtenção do ácido cítrico, da glicerina, do ácido glucônico, do ácido lático, do ácido fumárico e do ácido gálico.

-Produção de antibióticos.

-Como probióticos.

-Como alimentos ricos em proteínas e vitaminas.

-Na fabricação de yogurts.

Na classificação botânica de Engler e Gilg, elaborada em 1924, os cogumelos de interesse médico compreendem os Schizophyta e os Eumycetes:

Schizophyta-Schizomycetes-Actinomycetales

Cogumelos de interesse médico

Archimycetes

Phycomycetes

Eumycetes Basidiomycetes

Ascomycetes

Fungi Imperfecti ou Deuteromycetes

Os Eumycetes são os cogumelos propriamente ditos. São vegetais que não possuem clorofila e, assim, obrigatoriamente nutrem-se de restos orgânicos (saprófitas) ou de outros seres vivos (parasitas). Os parasitas podem ser obrigatórios ou facultativos, esses últimos somente tornam-se patogênicos em condições favoráveis. Constituídos de um talo que, na maioria das vezes, pode ser perfeitamente diferenciado em duas partes: micélio (ou rhizopodium), o aparelho vegetativo, e o encárpio, o aparelho de frutificação. O micélio, termo criado em 1805 por Trattinick, é constituído por aglomerado de células (existem micélios unicelulares) destinado às funções vegetativas dos cogumelos. Morfologicamente os micélios podem ser gemulantes, conhecidos também por leveduras, constituídos por células arredondadas, ovóides ou pouco alongadas, e filamentosos, divididos em dois grupos: os septados, cujo segmento é chamado de hifa, e os contínuos, cujo segmento chama-se sifon. O aparelho de frutificação ou encárpio origina os elementos de reprodução (que pode ser sexuada ou assexuada) chamados esporos.

Na reprodução sexuada os filamentos se diferenciam para formar os gametângios. O gametângio feminino chama-se oosfera e o masculino anterídeo.

Na reprodução assexuada os esporos se formam no interior de aparelhos especiais (os esporângios), ou originam-se de outras maneiras diversas. Os entósporos de origem assexuada são os esporangiospóros que se formam numa cavidade chamada esporângio. Os ectósporos são divididos em: conídios ou conidiósporos (nascem na extremidade miceliana), talósporos (formados por células idênticas às do talo) e que podem ser blastósporos ou gêmulas (brotamento de elemento pré-existente) encontrado comumente nas leveduras, artrósporos (formados a partir de filamentos micelianos) encontrados em leveduras, clamidósporos (também formados a partir de filamentos micelianos), hemísporos (nascem na extremidade do talo), aleurias ou aleuriósporos que nascem como se fossem um depósito farinhoso ligado a um filamento, daí o nome aleuria (farinha), picnósporos (ectósporos encerrados numa cavidade especial).

As leveduras perfeitas apresentam processo sexuado de reprodução e as imperfeitas somente se reproduzem por meio de brotos ou gêmulas.

Por conta principalmente dos esporos, os cogumelos se disseminam com grande facilidade favorecidos pelo vento, pela água, pelo solo, pelo homem, pelos animais, pelas sementes e pelos insetos.

Os cogumelos podem ser aeróbios, exigindo oxigênio para a sobrevivência, e anaeróbios, os capazes de sobreviverem em ambientes pobres em oxigênio.

Sem dúvidas, o solo representa o grande habitat dos cogumelos.

Os exames laboratoriais muito raramente vêem fungos crescendo no estado perfeito.

Muitos fungos patogênicos para os humanos são saprófitas no meio ambiente. Eles causam infecções quando esporos chegam aos pulmões ou aos seios paranasais pelo ar ou quando hifas ou esporos são acidentalmente inoculados na córnea ou na pele. A transmissão humano para humano ou de animais para humanos é muito rara, a não ser com os fungos das micoses superficiais ou tinhas.

As infecções fúngicas somente conferem imunidade parcial contra reinfecções. Portanto, amigos passarinheiros, um pássaro que foi acometido por uma micose, mantidas as condições ambientais inadequadas, poderá se infectar novamente com o mesmo fungo.

As deficiências das imunoglobulinas (anticorpos específicos responsáveis pela imunidade humoral) não parecem predispor a qualquer das micoses, mas neutropenia (queda dos glóbulos brancos do grupo dos neutrófilos) é comum entre pessoas que desenvolvem aspergilose invasiva ou candidíases profundas. A imunidade mediada por células parece ter primordial importância em muitas micoses profundas.

Muitos fungos podem ter os seus gêneros ou mesmo espécies identificados, por mãos e olhos hábeis, pelo exame microscópico direto de esfregado de material adequado e, se for o caso, tingido por corantes especiais como o calcoflúor branco, que permite microscopia fluorescente, corante da Índia, Gram ou methenamina de Gomori. À exceção da Candida, mais parcimoniosa no crescimento, os outros fungos crescem facilmente em culturas permitindo rapidez nos exames microscópicos. Assim, as culturas em meios adequados fornecem material para a identificação morfológica e bioquímica rápida de muitos fungos, além de propiciar a realização de antibiogramas para testar a sensibilidade dos fungos aos medicamentos. Pesquisas imuno-histoquímicas podem ser feitas em fragmentos de tecidos obtidos por biópsia ou ressecção. No soro podem ser pesquisados anticorpos ou a fixação do complemento. As reações intradérmicas hoje têm indicações muito limitadas.

Há vários medicamentos no mercado para o tratamento das micoses. O tratamento local pode ser feito com: a- Imidazóis e triazóis. São produtos sintéticos que agem impedindo a síntese do ergosterol na parede do fungo e, no uso local, lesam diretamente a membrana citoplasmática do parasita. Entre eles os mais usados são o clotrimazol, econazol, cetoconazol, sulconazol, oxiconazol, miconazol, butoconazol, tioconazol, todos imidazóis, e o triazol terconazol; b- Antibióticos macrolídeos poliênicos, com amplo espectro de ação contra fungos e que agem aumentando a permeabilidade celular pela combinação com esteróis na membrana celular do parasita. Os dois representantes maiores são a nistatina e a anfotericina B. A nistatina, por ser muito tóxica, somente é usada localmente e praticamente não é absorvida por via digestiva, o que, facilita o uso na candidíase bucal. A anfotericina B, embora também bem tóxica, pode também usada por via venosa; c- Ciclopirox olamina, amplo espectro de ação, haloprogon (substância fenólica halogenada), tolnaftate (um tiocarbamato), naftifina (alilalamina, age inibindo a biosíntese do ergosterol pelo fungo), terbinafina (alilalamina, mesmo mecanismo de ação da naftifina); d- Ácido undecilênico, ácido benzóico, ácido salicilico (a combinação do poder fungistático do ácido benzóico com o poder queratolítico do ácido salicílico pode ser útil no tratamento de micoses superficiais muito escamosas), ácido propiônico, ácido caprilico e iodeto de potássio. Para as micoses profundas os medicamentos mais usados são: a- Anfotericina B, um dos 200 antibióticos do grupo dos macrolídeos poliênicos; b- Flucitosina, pirimidina fluoretada aparentada com o fluoracil e a floxuridina, cuja ação se dá pela capacidade dos fungos sensíveis de deaminar a flucitosina em 5-fluorouracil, potente antimetabólito; c- Imidazóis (clotrimazol, miconazol, cetoconazol, econazol, butoconazol, oxiconazol e sulconazol) e triazóis (terconazol, itraconazol e fluconazol); d- Griseofulvina, age principalmente inibindo a mitose fungal e f- Terbinafina.

O tratamento das micoses é área dos veterinários.

ASPERGILOSE

A aspergilose é doença determinada por fungos Aspergillus, sendo os mais importantes o Aspergillus fumigatus, o mais comum, o A. flavus, o A. niger, o A. nidulans e o A. terreus. Entre as aves predomina o Aspergillus fumigatus, seguido pelo A. flavus e pelo A. niger.

Esses fungos apresentam hifas septadas com de 2 a 4 milimicra de diâmetro. Encontram-se intensamente disseminados na natureza crescendo em folhas mortas, outras partes putrefatas das plantas, depósito de esterco, feno e grãos estocados. Por sorte, embora a inalação dos esporos dos Aspergilllus seja comum, a doença é relativamente rara nos humanos.

Como acontece com outros fungos, a invasão dos órgãos, principalmente os pulmões, está quase que restrita às pessoas com diminuição da resistência (imunodeficientes). Nesses imunodeficientes, na maioria das vezes, a doença aparece devido a três fatores: a queda dos granulócitos (leucócito, glóbulo branco, caracterizado por citoplasma granular. Distinguem-se três tipos de granulócitos: basófilos, eosinófilos e neutrófilos) no sangue periférico, tratamento com drogas citotóxicas e o uso dos glicocorticóides em doses superiores àquelas fisiológicas.

Fatores que diminuem a resistência dos pássaros aos fungos:

Uso imoderado de antibióticos e corticosteróides

Desnutrição

Superpopulação (China alada)

Baixa idade (filhotes)

Velhice

Ambiente mal ventilado

Viagens

Mudanças de ambientes

Irritantes respiratórios (fumo e produtos de limpeza)

Outras doenças concomitantes

Didaticamente alguns autores dividem as aspergiloses em:

1- Síndromes não invasivas ou saprofíticas. Geralmente acontecem nos animais com sistema de defesa funcionante. Os pássaros sadios somente se tornam doentes pela exposição a um grande número de esporos, enquanto os imunodeficientes se tornam doentes expostos a um número menor de esporos. Os Aspergillus podem colonizar cistos ou cavidades pulmonares preexistentes provocadas por outras doenças como a tuberculose, blastomicose, sarcoidose e histoplasmose formando bolas de hifas, chamadas aspergilomas, encontradas geralmente nos lobos superiores, medindo alguns centímetros e visíveis ao RX. Interessante que os aspergilomas não determinam a invasão dos tecidos. Nos humanos são comuns as rinossinusites, com a formação de secreção mucosa espessa e/ou de aspergilomas com comprometimento ósseo variável. As otomicoses são geralmente provocadas pelo A. niger e mais raramente pelo A. fumigatus

2- Síndromes de hipersensibilidade.

A aspiração da poeira orgânica contendo esporos dos Aspergillus pode provoca respostas exageradas mediadas pela imunoglobulina G (IgG) e pela imunoglobulina E (IgE). São as reações de hipersensibilidade ou alérgicas, como a asma e a aspergilose pulmonar alérgica O sinal principal desses quadros alérgicos é o chiado, o qual, pode ser acompanhado por febre, tosse, roncos, falta de ar. É conhecida como pulmão do fazendeiro ou dos trabalhadores que manuseiam o malte. Nos pássaros os chiados da asma podem ser melhor ouvidos à noite.

3- Doenças invasivas

Como acontece com outros fungos, encontradas facilidades, como a imunodeficiência, o Aspergillus invade o organismo. As hifas se infiltram pelas estruturas vasculares provocando necroses e tromboses focais. Na boca e no nariz a invasão provoca lesões crostosas, rinorréia, sinusopatias, ulcerações e necrose do septo. Essas lesões surgem nas infecções por A. fumigatus e flavus, mas podem surgir nas infecções por outros fungos como Cândida e Rhizopus. O acometimento nasal pode vir acompanhado por sangramentos e febre e a necrose da mucosa pode provocar lesões de início brancas que evoluem para negras. A disseminação é rápida para os seios paranasais, face e órbita. Nos seios paranasais podem ser encontradas bolas de hifas (aspergilomas) sem invasão tecidual e inflamação granulomatosa que pode atingir órbitas e cérebro. Nas aves não são raras as lesões secas, granulomatosas e destrutivas do nariz, geralmente acometendo somente uma das narinas. Essas lesões também são encontradas no bico, principalmente o superior, e podem atingir partes ósseas vizinhas. Incomodada, a ave tenta remover os problemas com as unhas provocando lesões secundárias e infecções locais. Essas lesões podem surgir no ouvido com possíveis destruições dos ossos vizinhos e prejuízos para a audição. O Aspergillus pode crescer no cerume e outros detritos do ouvido externo caracterizando a otomicose. Sendo inoculados diretamente ou chegando à pele pela via sangüínea, os Aspergillus determinam placas dolorosas e vermelhas que podem evoluir para escaras necróticas e/ou bolhas hemorrágicas, as quais, podem ser pontos iniciais para a disseminação da infecção. Sem dúvida o pulmão e as vias respiratórias são os focos mais comuns da aspergilose invasiva; o quadro evolui muito lentamente, começando assintomático antes de provocar tosse, febre e dificuldade respiratória. Nos imunocomprometidos seriamente podem haver infiltrados e consolidações pulmonares de evolução rápida. Entre as aves, tanto as criadas em gaiolas como as de vida livre, são freqüentes os quadro respiratórios provocados pelo Aspergillus. Existem algumas espécies de aves mais suscetíveis, como os faisões, aves aquáticas e alguns falconídeos. São também muito sensíveis ao Aspergillus alguns psitacídeos e os pombos.Nas granjas a chamada pneumonia dos ninhos pode apresentar importância econômica apreciável.

A evolução da aspergilose nos pássaros depende da sua localização. As infecções da traquéia e da siringe costumam ser muito graves. No siringe, a hiperceratose, como acontece com a hipovitaminose A e outras patologias, favorece um local propício para o desenvolvimento das colônias do fungo. Na traquéia, a turbulência do ar inspirado na região da bifurcação faz com que esporos dos fungos sejam expelidos da corrente aérea, o que, torna a região propícia para a colonização fúngica. Como são regiões constitucionalmente estreitas, o material necrótico conseqüente da infecção pode implicar em obstruções muito graves e até mortais. Por outro lado, as infecções dos sacos aéreos podem evoluir durante semanas ou meses e os granulomas podem se estabelecer.

Os pássaros acometidos pela aspergilose das vias respiratórias apresentam-se dispnéicos (falta de ar), ficam tristes e emagrecem muito (é uma das causas do peito seco). As respiração se faz com o bico aberto (abre e fecha o bico acompanhando o movimento respiratório), os movimentos do esterno (carena) apresentam-se profundos, a cauda movimenta-se de maneira pendular (tail bobs) e a dificuldade respiratória aumenta com os exercícios. Os chiados e os roncos durante a respiração podem ser ouvidos em ambiente silencioso e são mais notáveis à noite. A endoftalmite faz parte do quadro de disseminação do fungo. Dor, fotofobia (intolerância à luz), e diminuição da acuidade visual podem ser encontrados, mas pode evoluir sem sinais. Alguns casos apresentam hemorragia e infecção retinianas e vitrite. O fungo pode ocasionar celulite orbitária e invadir e destruir as paredes orbitárias. A continuidade da invasão provoca uma série de outros sinais. Nas aves as lesões oculares podem se manifestar por exsudato branco no saco conjuntival. A aspergilose cerebral é rara, mas geralmente fatal. Pode haver um único ou vários focos espalhados pelo cérebro e cerebelo. São comuns as hemiparesias, paralisias dos nervos craniais anteriores e convulsões. Os quadros de meningite são mais raros. Nas aves foram descritas paresias que dificultam o pouso nos poleiros. A marcha cambaleante foi descrita principalmente nos psitacídeos. A aspergilose dos ossos é muito rara e geralmente representa invasão a partir de ferida cirúrgica ou traumática ou via hematogênica. O envolvimento das vértebras é mais comum do que o das costelas. A endocardite é rara e pode representar contaminação a partir de ato cirúrgico cardíaco ou disseminação hematogênica. Nos pássaros pode surgir ascite (barriga d’água) determinada pela insuficiência cardiopulmonar devida às tromboses dos vasos pulmonares ou peritonite. Os granulomas também podem ser encontrados no fígado, vísceras abdominais, músculos cardíacos e rins.

A suspeita clínica deve surgir diante de pássaro que se apresenta emagrecido, com dificuldade para respirar e para pousar no poleiro acompanhados ou não por fezes amolecidas e regurgitação dos alimentos, modificações da vocalização, corrimento nasal e hemoptise. Se o profissional não pensar na aspergilose e não a colocar no rol dos diagnósticos diferenciais dificilmente conseguirá sucesso diagnóstico.

O isolamento do fungo no esputo ou no fluido do lavado bronco alveolar sugere colonização ou mesmo infecção. O RX simples do tórax é capaz de revelar as bolas de hifas nas cavidades. A IgG (imunoglobulina G) para antígenos de Aspergillus encontrados no sangue é achado importante. A invasão de seios paranasais, brônquios, nariz, pulmões ou outros locais de disseminação poderão exigir o exame de material colhido por biópsias. A cultura poderá favorecer a identificação da espécie de Aspergillus e a diferenciação com a Pseudallescheríase é importante porque os tratamentos são diferentes.

O papel importante dos criadores, como em todos os controles de parasitas, é tomar as medidas higiênicas para evitar que o fungo apareça e tome assento nos criadouros:

-Manter os pássaros bem nutridos porque a desnutrição diminui a resistência da mucosa e de todo o organismo aos parasitas. E não é só a desnutrição calórico-proteica em sua dimensão máxima visível, mas também a desnutrição ocasionada pela falta na dieta de micro elementos e/ou elementos traços, caracterizando a fome oculta. Embora geralmente não ocasione quadros clínicos chamativos, a fome oculta provoca problemas metabólicos seríssimos aos animais. Isso mostra a importância de não só dar alimentos aos pássaros, mas de propiciar a eles todos os nutrientes necessários em doses e balanceamentos adequados;

-Os fungos gostam da umidade. Portanto, ambientes úmidos e escuros, sem ventilação, são convites aos bolores e leveduras. Cuidado especial com as camas de pássaros que nidificam em caixotes, cabaças ou outros ambientes fechados, como os canários-da-terra, pois, favorecem a umidade do ambiente, o calor, a ventilação insuficiente e a baixa luminosidade, fatores ideais para o desenvolvimento de fungos.;

-Muito cuidado com validade e estocagem dos alimentos e com a manutenção deles por muito tempo nos cochos ou outros vasilhames. As aves aquáticas podem ser contaminadas ao ingerir semente úmidas, como as do milho. Cuidado extremo com as sementes lavadas, para que enxuguem bem, e com as sementes germinadas;

-Evitar estresses, outro fator para a diminuição da resistência. Ambientes barulhentos e iluminados à noite, gaiolas muito pequenas e a superpopulação (as Chinas aladas) estão entre os mais comuns. Muito comum o passarinheiro dar muita importância para o aspecto externo da gaiola, satisfazendo o seu ego com as belezuras que fica bolando, deixando de lado o maior interesse que é a área disponível para a movimentação do pássaro;

-Higiene das gaiolas. Gaiolas e poleiros imundos, o que não é muito difícil de serem vistos, favorecem muito o surgimento dos fungos. Extremo cuidado com o piso dos viveiros, principalmente o feito de terra;

-Usar os antibióticos, principalmente os de largo espectro, somente com a indicação de profissional habilitado após o diagnóstico correto e a indicação precisa. Esse negócio de ficar atirando a torto e a direito, tentando cercar os parasitas por adivinhação, jamais foi boa prática médica. Creio ser esse o maior erro cometido pelos passarinheiros com as suas aves. O desequilíbrio da flora e a criação de bactérias resistentes com toda certeza estão entre as principais causas das altas mortalidades encontradas nos criadouros, principalmente entre os filhotes. Isso, aliado à desnutrição, torna inviável qualquer projeto de boa criação de pássaros. Os antibióticos não só desequilibram a flora intestinal e criam patógenos resistentes como diminuem as defesas da mucosa intestinal e modificam o seu metabolismo, fatores que favorecem não somente a Candida como outros fungos, como o Aspergillus e o Cryptococcus;

-Nos casos específicos do Aspergillus e do Cryptococcus evitar o uso de material orgânico nos ninhos e camas. Os ninhos e as camas (fios de sisal, palha) úmidos favorecem o aparecimento do fungo e a contaminação dos filhotes;

-Não descuidar da quarentena à qual devem ser submetidos todos os pássaros que chegam ao criadouro, inclusive aqueles que vão aos torneios, o que, facilita muito o trânsito de fungos, bactérias e vírus;

-Cuidado intensivo das mãos de quem mexe com os pássaros. As mãos estão entre os maiores veiculadores de parasitas;

-Manter isolamento total do pássaro acometido por micoses.

Escrito por José Carlos Pereira , em 8/4/2008

A ação do Poder Público e os Criadores de pássaros

Ter seriedade não adianta, é o mesmo que traficante

Aloísio Pacini Tostes

Ribeirão Preto SP

Estivemos recentemente visitando o Criadouro Picinini de Marcílio Picinini e filhos na cidade de Matias Barbosa MG e, como sempre, nos deparamos com uma intensa reprodução de pássaros da fauna brasileira. Resumindo: mais de 200 bicudas, todas com filhotes, a maioria com três; curiólas, também mais de trezentas, com filhotes; trinca ferros , sabiás baianas e tiés-sangue reproduzindo com alta taxa de natalidade. No final da temporada, com certeza se obterá, mais de 2.000 filhotes saudáveis que estarão à disposição dos interessados.

Este é um trabalho ininterrupto feito há muitos anos. Ali se empregam técnicas das mais avançadas no manejo das aves durante todo o ciclo reprodutivo. Alguns poucos filhotes passam por tratamento individualizado no trato, através de seringa no bico e incubadora para manter em níveis adequados a temperatura e umidade, exigências essas que não se pode desprezar nos primeiros dias de vida dos filhotes que eventualmente necessitem desse cuidado, reduzindo o índice de mortalidade a quase zero.

Além disso, o cuidado com a higiene e a nutrição é constante. O mais impressionante, contudo, é a dedicação do Mestre Marcílio, que ao lado de seis empregados, levanta antes do amanhecer e só sai dos criatórios após o anoitece. Essa tarefa é dura e cansativa, mas ele se diz realizado e recompensado. Realmente, este é um trabalho que só faz quem ama, quem gosta do que faz, não sair de casa nem para fazer compras ou passear é a regra auto-imposta. Obter sucesso na criação de pássaros não é tarefa fácil para qualquer um. Não é criar galinhas como antigamente. Os sacrifícios são muitos e quando a família não aceita/participa é difícil conseguir-se resultados satisfatórios. Este não é o caso dos Picinini. Outra constatação é a obtenção da alta linhagem que está sendo perseguida nos curiós há 30 anos e nos bicudos há 20. Os filhotes, muitas vezes são frutos de décima geração. Por isso ali se tem produzido inúmeros campeões nas diversas modalidades de torneios.

Depois de todas essas constatações, ficamos extremamente indignados quando nos deparamos com publicações escritas ou televisadas, como aconteceu recentemente em revista de grande circulação e TV não menos famosa, nos dando conta que no exterior se exerce um trabalho de reprodução de aves brasileiras, desprezando menção aos nossos criadores, como o Marcílio e muitos outros que são um exemplo para o mundo.

Não sabemos se de influência negativa de algum segmento radical que se diz mais iguais dos que os outros e que se julga Juiz e defensor da verdade e da vida. Essa gente parece verdadeira deusa de sapiência. O objetivo parece ser claro: não divulgar as boas as ações dos criadores brasileiros que obtêm sucesso na criação de aves nativas, a fim não informar a opinião pública causando desgaste na imagem desses criadores. Além disso, levam à nação matérias escandalosas sobre apreensões, maus tratos e outras perversidades. Assim misturam nossas legítimas e atividades com as do tráfico. É uma grande covardia que fazem com os criadores legalizados.

Talvez seja por isso é que sentimos uma preocupação no semblante do Mestre Marcílio, em especial quando nos comentou sobre o futuro e a continuidade das atividades do criadouro e de sua família que está engajada em torno de tudo que se produz por ali. Essa preocupação tem sentido, pois com o espetacular trabalho de preservação que executa, e que não é de hoje, às vezes ele é alvo de vistoria investigativa dos órgãos públicos. E tudo isso acontece mesmo havendo o reconhecimento e admiração de todos que o conhecem, de toda a população da região e dos criadores de pássaros nativos do Brasil, bem como de organismos internacionais. Por isso, nosso Mestre, fica em sua singela Matias Barbosa, preocupado e cabisbaixo, pressentindo o que está para vir.

Na verdade, ele deveria estar feliz por saber que o sucesso de muitos, foi possível a partir de suas investigações e da qualidade do manejo que descobriu e que adotou, tendo passado o modelo, sem segredos, aos outros criadores de todo o Brasil. Ele motivou e ensinou inúmeros criadores e isso possibilitou que hoje haja centenas de criadouros que praticam a reprodução de forma intensiva e que obtém sucesso na empreita. Além disso tudo, nos cobra a todo momento, quando é que poderemos fazer um trabalho de reintrodução; “quero fornecer muitos de meus pássaros para esse fim”, diz ele. São milhares de filhotes de várias regiões que estão aí à disposição, a despeito de todas as dificuldades. E que seriam muitos mais, se não fosse a burocracia exagerada e a má vontade de alguns escritórios regionais do IBAMA.

É de doer, ver aquele nosso venerável Mestre sofrendo dessa maneira. Ele é uma pessoa que deveria ser, por parte das autoridades públicas, cultivada, reverenciada e considerada oficialmente como um dos maiores preservadores de nosso País. Importante e dignificante exemplo a todos que se preocupam com o meio ambiente.

Em suma, ele faz, executa, ensina, pratica a preservação e talvez, por isso, acaba gerando ciúmes em quem só sabe falar, dizer, propor, dificultar e não fazer nada de efetivo em favor do meio ambiente. Ah, se ele fosse americano ou inglês, seria o Mister Marcílio, teria inúmeros vídeos no Animal Planet , receberia homenagens, subsídios e tantas mais honrarias que um ser humano poderia obter. Seria um verdadeiro mito, um herói.

Mas o Mestre Márcilio, brasileiro que é, na sua inteligência tinha razão em sua preocupação, estava antevendo o que poderia advir. Com efeito, nos deparamos agora, com a Instrução Normativa 169 do IBAMA. Instituindo o SISFAUNA que na sua essência só atrapalha o criador. Se fosse para informatizar as atividades, para melhorar o controle, tudo bem nada que opor.

O problema é que está por trás, a nosso ver, é uma normatização que complica enormemente os procedimentos da criação. Isto sugere que há um objetivo muito grande em dificultar ou mesmo inviabilizar a criação doméstica. Digo isto porque, há um movimento interno de servidores radicais do IBAMA, contra a Lei, configurando ideologia que funcionários públicos não podem ter – Órgão Público não é ONG – no sentido de enviar uma lista vazia ou mínima de animais de estimação passíveis de reprodução para atender a Resolução CONAMA 394.

Não estamos, nesse momento, entendendo direito. O IBAMA, tem uma Diretoria de Uso da Biodiversidade. A Lei fala: “O Poder Público estimulará: “A construção de criadouros destinados à criação de animais silvestres para fins econômicos e industriais”. A CPI do Tráfico Recomenda: “A criação e comércio de animais silvestres como uma atividade regular, que observe todos os requisitos das normas ambientais e a legislação como um todo, deve ser incentivada pelo Poder Público” . Vejam também alguns trechos descritos em texto da conceituada e insuspeita jornalista Liana Jonh – “Quando a População Toma Partido do Tráfico” : “Como no caso do tráfico de drogas, para colocar freios no tráfico de animais e plantas silvestres é preciso, primeiro, separar o cidadão comum do traficante. E prever procedimentos diferentes em relação a um e outro; Estas medidas amplas devem ser complementadas com as propostas mais específicas para o tráfico de animais, que constam no documento, como linhas de financiamentos para criadouros comunitários nas localidades de onde hoje saem exemplares retirados da natureza e agilização da documentação necessária para o estabelecimento de criadouros legais, hoje travados pela burocracia. Para que esta população deixe de tomar o partido do traficante e se coloque do lado da polícia, é necessário criar oportunidades de regularização dos mascotes e, sobretudo, de criação de animais nativos para comercialização legal. Se a população não precisar mais se abastecer no tráfico, se não for mais denunciada apenas por ter uma arara no quintal, então, a polícia e os órgãos de fiscalização poderão deixar o varejo e se ocupar com o atacado, que é o crime organizado, com graves impactos sobre a biodiversidade brasileira. Passarão a ter na população não mais cúmplices silenciosos dos traficantes, mas uma rede de fiscais mais eficiente do que qualquer uma, que o dinheiro público possa montar.” A par das pertinências destes textos, existe ainda uma enquete efetuada pelo site “Ambiente Brasil” , no endereço Internet : http://www.ambientebrasil.com.br/enquete/index.php?action=results&poll_ident=59 que trouxe o seguinte resultado final sobre a questão que enfocamos:

Qual sua opinião sobre a lei que autoriza criação de animais silvestres como domésticos?

É positiva, o estímulo a criatórios legalizados pode livrar espécies da extinção 42.9%

É negativa, animais silvestres devem ficar é na floresta, habitat natural deles 18.5%

É negativa, não vão conseguir fiscalizar direito e isso vai estimular o tráfico 17.3%

É positiva, isso já faz parte da cultura dos brasileiros e agora foi regulamentado 15.3%

Depende da relação de animais autorizados que está sendo feita pelo Ibama 6.0%

Total de Votos: 878

Ademais, a todo o momento se diz sobre exploração de um recurso natural de forma sustentada, Esse é o parâmetro a ser seguido para a criação legalizada. Ao contrário, o texto da IN 169 desconhece e desconsidera tudo isso para exigir um retrocesso ou procedimentos inexeqüíveis, um verdadeiro contra-senso, pois está clara a intenção de inviabilizar a criação doméstica. E o pior, deixou para depois o golpe final que serão as instruções para uma nova IN sobre o manejo e procedimentos que virá, provavelmente, radicalizar mais ainda.

Ou seja, exigir necropsia de todos os animais; proibição de venda de matrizes inservíveis à reprodução, nascidas domésticas; e enquadrar os amadoristas como mantenedores (proibidos de reproduzir). Tudo isso é inviável para o criador, é um verdadeiro absurdo.

Infelizmente, não temos tido mais diálogo com o IBAMA, pois o elo, com o nosso segmento, foi rompido após quase trinta anos de conversações e negociações até com o órgão antecessor, o IBDF. Em 2007 o segmento organizado dos criadores de aves nativas fez um acordo com a Diretoria da Fauna sobre a prorrogação do cadastramento de novos criadores do SISPASS. Pois bem. Esse acordo foi rompido unilateralmente, sem que fôssemos consultados ou mesmos informados. E tudo isso intempestivamente. Sentimos que fomos enganados pelos servidores do órgão público. Depois argumentaram que o motivo seria o de acertar o arquivo do SISPASS e retirar os entulhos para poder o sistema fluir de forma mais tranqüila

Em outra situação tivemos que responder à Consulta Pública sobre a criação comercial. Após longa discussão entre os criadores elaboramos nossa posição com a maior isenção e muito cuidado. Parece que todo o nosso trabalho não foi nem considerado, pois não tivemos nenhuma notícia. Aparentemente, foi relegada a um fundo de lata de lixo como tantas outras sugestões isentas e pertinentes que enviamos nos últimos anos. Sentimos que tudo isso é uma grande opressão.

Ao fim de tudo isso sentimos que nossa confiança traída. Fomos transformados em bonecos, joguetes, inúteis ou indivíduos perniciosos. Ficou um gosto muito amargo. Se houve anteriormente muitas questões mal conduzidas, sim, reconhecemos; e de todos os lados, em especial por falta de ações de fiscalização do Órgão que não tinha a menor estrutura para tanto. Agora culpar exclusivamente os passarinheiros por tudo de negativo que possa ter acontecido ou venha acontecendo está incorreto.

Se há uma banda podre entre nós, fato que não é privilégio de ninguém e nem de nenhuma entidade ou classe, é como se igualmente os criadores responsabilizassem algum órgão público pelas corrupções apuradas pela Polícia Federal, em face de uma quadrilha criminosos que lá se estabeleça para assaltar os cofres públicos. Não. Para nós a idoneidade e a respeitabilidade do respectivo órgão continua intacta, pessoas inescrupulosas não podem manchar a honra e imagem dos que nada tem a ver com eventuais atitudes indevidas dos outros.

Os inocentes têm que ser protegidos e defendidos, ainda mais se for uma questão envolvendo a opinião pública. Isto é um acinte aos criadores e ao povo brasileiro pois vai contra a Constituição que garante o atendimento adequado a quem procure os serviços de um órgão público.

Quem será que está por trás desta má qualidade no atendimento não sabemos bem mas, de uma coisa temos certeza o tráfico está deitando e rolando de satisfação.Ele terá um campo grande para agir cada vez mais. Quem sabe a anarquia se estabelecerá muito mais enraizada. Aí. É só subir aos morros, ir ás periferias e, mais fácil ainda, ir àqueles que estão cadastrados e registrados para apreender os milhões de pássaros incinerá-los ou deixá-los morrer em alguns depósitos infectos que existem por aí e ponto final.

Porque então, Diretoria, Coordenação de Uso e Núcleos de Fauna. Do jeito que vai é só deixar a de Fiscalização para radicalizar, apreender, punir, prender, multar e tudo resolvido.

Na verdade, temos 25 anos de experiência nesse modelo de reprodução doméstica e intensiva de passeriformes num amadurecimento gradativo de toda a classe dos criadores. Muito sucesso se tem obtido na reprodução de passeriforme. Está tudo aí pelo Brasil afora para quem quiser constatar.

Antes da década de 80, num país praticamente rural a depredação era grande e desenfreada, não havia grandes preocupações com a preservação da biodiversidade. Até pouco tempo, então, era ir às feiras, aviculturas e avistar gaiolões repletos de pássaros silvestres à disposição de quem quisesse; e ninguém se preocupava com isso.

Pois bem, não é da noite para o dia que se muda pensamentos e modos de agir de um povo; não havia fiscalização; a sociedade não se importava. Tudo era considerado normal, num País que mudou do campo para as cidades e trouxe consigo usos e costumes.

Ora, como se aceita, de repente, uma mudança de costume em nossa cultura e tradição, de forma obrigatória e empurrada de goela abaixo, contra a legislação e nos moldes que só o Talibam exigiu da população, com um pouco mais de ênfase e autenticidade: “Proibe-se a criação de pombos”.

Ao contrário, hoje estamos numa fase de transição e muito bem direcionada. Diria que o sucesso está garantido até pela visão correta, pela maioria dos criadores, das normativas que estão em vigor, a exploração de forma sustentada na geração de vidas, rendas e empregos. Falando apenas do mercado formal, há uma grande movimentação da economia envolvida. Centenas de empresas: fábrica de gaiolas, de rações, de produtos e lojas especializadas, dependem logicamente da normal funcionamento de toda a estrutura existente.

O fato é que, nunca houve nenhuma concessão absurda por parte do IBAMA. O que houve foi falta de estrutura e de postura conjunta e amadurecimento. Hoje são novos tempos e tudo muito mais organizado, na iminência de um melhor …controle, o que não somos contra, de forma alguma. Achamos o SISFAUNA um avanço, mas sem interferências negativas na criação. Mas, o mal é que serão os criadores e amantes de pássaros, os mais humildes e desprovidos, os que mais sofrerão, “pagarão o pato” . De tão pouco direitos que têm mais este estará tirado.

Isto não é mais possível. O criador tem que ser cadastrado como mantenedor na Internet, senão a polícia vai na sua casa, taxa-o como criminoso e leva o seu bicho. E ninguém saberá para onde. O patrimônio genético que vá para a lixeira. De sã consciência: não dá para entender porque tanta perseguição e desconsideração. A situação de hoje deveria ser motivo de alegria para todos nós, sociedade e poder público. Se temos centenas de criadores que estão fazendo um bom trabalho, vamos cumprir a lei, prestigiá-los e considerá-los agentes benéficos e parceiros.

Estamos oferecendo e mantendo emprego para inúmeros técnicos como médicos-veterinários e zootecnistas, que com nossas atividades têm como desempenhar suas nobres funções acadêmicas, atuando na prevenção e tratamento de doenças, bem como auxiliando na concepção de projeto de criadouros, prestando assistência especializada, a busca da alta genética e outros serviços.

Podemos ainda intensificar e implementar os planos de reintrodução em áreas monitoradas. Afora o Marcílio, dezenas de criadores – já consultados – estão dispostos a liberar indivíduos para esse fim. É um desafio que fazemos e que está mais para o IBAMA definir e montar o projeto que nós gostaríamos muito de realizar. A nossa principal parte é fornecer animais sadios, em plenas condições de se adaptar à vida livre com o mais absoluto sucesso. Queremos muito colaborar nesse tipo de ação.

Então, gostaríamos de viver um Brasil melhor, onde o bom-senso prevaleça. Um País do futuro, onde pudéssemos conviver em harmonia e não ficar uns contra os outros, perdendo o nosso tempo nesse incessante e dispensável desgaste. Lógico, não podemos admitir são atitudes anti-democráticas, próprias de ditaduras, regimes sectários, de exceção ou de funcionários radicais que, infelizmente, detêm o poder onde não existe o sentimento o entendimento, só autoritarismo. Estamos nessa situação amargurados, decepcionados. O que vamos fazer não sabemos ainda. Quem sabe, não trabalhar mais, só criar galinhas. O certo é que conforme Rui Barbosa, de tanto ver assunto mal conduzido parece que o Marcílio, e muitos de nós criadores, está com vergonha de ser pessoa honesta.

Escrito por Aloisio Pacini Tostes , em 25/3/2008