Extratos Vegetais na alimentação de aves

Produtos Nutraceuticos

Este foi o tema apresentado por Irineu Brugalli, hoje (13) de manhã, no Simpósio sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos, do CBNA, em Campinas (SP).

Redação AI 13/11/2003 16h00 – Os extratos vegetais e seus componentes representam uma, dentre as várias alternativas para a substituição dos antibióticos promotores de crescimento. Entretanto, um maior conhecimento de seu modo de ação, estabilidade, toxidade, eficácia zootécnica dessas substância, se faz necessário para que tais substâncias possam ser utilizadas na indústria de produção animal com maior confiabilidade e melhor relação custo-benefício. Essa foi a lição principal que se pôde tirar da palestra de Irineu Brugalli, da área de Pesquisa e Desenvolvimento Nutricional da Doux Frangosul. Brugalli falou hoje de manhã (13) aos participantes do Simpósio sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos, promovido pelo Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) e que acontece em Campinas (SP) entre os dias 12 e 14 de novembro.

Com o tema “Alimentação Alternativa: a utilização de fitoterápicos ou nutracêuticos como moduladores da imunidade e do desempenho das aves”, Brugalli abordou a utilização dos extratos vegetais como uma das alternativas aos aditivos promotores de crescimento na alimentação de frangos de corte.

O pesquisador da Doux Frangosul iniciou sua palestra fazendo um histórico da utilização dos aditivos promotores de crescimento na indústria de produção animal. “Os antibióticos promotores de crescimento são usados na indústria de produção animal há mais de 50 anos. A partir de sua utilização foi possível aumentar o peso e a eficiência alimentar dos frangos de corte, por exemplo”, afirma Brugalli.

No entanto, ressalta o pesquisador, esses produtos passaram a ser vistos como fatores de risco para a saúde humana. “Basicamente por dois motivos: a presença resíduos desses aditivos em produtos comestíveis e a indução da resistência bacteriana causada por sua utilização”, explica.

Segundo ele, isso tem levado os países da União Européia (UE) a tomar uma série de medidas que desembocarão na proibição total do uso de tal aditivos na industria alimentar. “Em 2006 está prevista a proibição total da utilização dos antibióticos promotores de crescimento”, afirma. “Portanto, o desenvolvimento de alternativas faz-se extremamente necessário já que estas podem minimizar as prováveis perdas de rendimentos ocasionadas por essa proibição”.

Nesse cenário, explica o pesquisador, três alternativas para melhorar o desempenho das aves estão sendo usados atualmente. A primeira é a modificação das técnicas de manejo; a segunda a modificação dos programas de alimentação e formulação; e a terceira o uso de aditivos alternativos, dos quais os extratos vegetais fazem parte.

Brugalli explica que o uso de extratos vegetais (plantas) é uma prática muito antiga. Segundo ele, uma série de extratos já são utilizados pela avicultura mundial como por exemplo as espécies aromáticas, as espécies pungentes, as ervas aromáticas e as especiarias.

Testes – Existem duas formas de utilização dos extratos vegetais: através de óleos essenciais e óleoresinas. Uma característica importante desses aditivos no atual estágio de exigência dos consumidores mundiais, segundo Brugalli, é que o processo de rastreabilidade permite a identificação e quantificação dos componentes ativos no produto final. “Esse é um grande diferencial”, afirma.

Segundo o pesquisador, testes recentes revelam que os extratos vegetais estimulam a atividade enzimática intestinal das aves, as atividades das enzimas pancreáticas, além de promover o aumento da atividade antioxidante. “Consequentemente as aves têm uma melhora de sua digestibilidade e da capacidade de absorção dos nutrientes”, comenta. A utilização de extratos vegetais promove também a melhora da integridade intestinal dos frangos de corte, a melhora de sua digestibilidade de aminoácidos (lisina, treonina) e a melhora da flora microbiana da aves.

Segundo Brugalli, os testes sinalizam que os extratos vegetais contribuem para um melhor desempenho das aves. “O que se espera é que os extratos vegetais garantam resultados similares aos obtidos com o uso dos antibióticos banidos da criação animal”.

Fonte: Rodolfo Antunes – Redação AI -AviculturaIndustrial

Escrito por Irineu Brugalli, em 27/11/2006

A vida na Terra em jogo

O perigo da extinção

GILLES LAPOUGE

Correspondente

Até sexta-feira, centenas de especialistas estão reunidos em Kuala Lumpur (Malásia) na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Biodiversidade, 12 anos depois da Rio-92, que suscitou grandes esperanças e não pôde interromper a marcha da morte. É bem disto que se trata: como salvar a biodiversidade, como salvar o ser vivo?

Para matar as espécies já houve muitos assassinos: o desmatamento, a poluição, a destruição dos hábitats. Atualmente, um novo matador foi desmascarado e é contra ele que Kuala Lumpur gostaria de se levantar: o aquecimento global. A incontestável revista Nature nos informa que um quarto das espécies terrestres poderia ser extinto pelo aquecimento global até 2050.

O século 21 poderia fomentar o desaparecimento, especialmente na África, dos grandes mamíferos, o leão, o elefante, o rinoceronte. Na mesma sepultura estariam os grandes macacos da Ásia e da África. O que não dizer dos animais menos espetaculares, os milhares de espécies de invertebrados, insetos, borboletas…

Um desastre, portanto, para os “viventes”. Ora, o que os homens – exceto os especialistas, os sábios, os ecologistas, os poetas – se recusam a saber é que o homem e o “vivente” estão no mesmo barco e o próprio homem cairá no abismo quando os animais se extinguirem.

As sociedades se ocupam de um punhado de coisas – de guerrear por um Deus ou outro, de eleger presidentes e deputados, de criar medicamentos para rejuvenescer ou ficar bonito, de fazer tanques. Quando elas têm tempo, lançam máquinas a um planeta vazio como Marte para aí descobrir traços de vida – suprema ironia no momento em que a própria Terra deixa a vida animal (e até a vegetal, os cogumelos, os liquens…) se esvair, como o sangue escapa de uma artéria dilacerada. Sim, os homens fazem tudo isso e até têm razão. Mas como é que, ao mesmo tempo, permanecem tão indiferentes ao desaparecimento programado de um quarto das espécies existentes na Terra?

Parece que não chegamos a ter consciência da realidade do perigo. Talvez porque esses estragos se cumpram a longo prazo. No entanto, basta recuar um ou dois séculos para se horrorizar com o desastre.

Vejamos a América do Norte. Quando Colombo aí desembarca, é uma Arca de Noé fabulosa. Américo Vespúcio, o navegador italiano que deu seu nome ao novo continente, se extasia: “Cheguei ao Paraíso terrestre.”

Essas florestas do Éden, esse tapete interminável de vegetação e flores (The Grassland), esses milhares de espécies correndo livremente pelos campos, sim, tudo nos fala do início da Criação. E, no céu, milhões e milhões de pássaros. Entre esses pássaros, o Ectopistes migratorius, também chamado de pombo-passageiro.

O pintor de pássaros Jean-Jacques Audubon, o genial Audubon, está às margens de Ohio em 1813. Sobre ele passam essas aves. “O ar estava cheio de pombos-passageiros. A luz do dia, em pleno meio-dia, estava obscurecida como por um eclipse. Os excrementos caíam em flocos de neve se liquefazendo e o zumbido das asas me atordoava… É difícil descrever-lhes o espetáculo admirável… Os pombos passavam sempre em mesmo número e continuaram, sem cessar, roubando-me a luz do sol por três dias inteiros.”

Setenta e cinco anos depois, resta na América um único pombo-passageiro, uma fêmea, nascida em cativeiro, em Cincinnati. Ela se chama Martha. Procura-se um companheiro para ela. Não existe mais. Os naturalistas europeus viajam para admirá-la. Ela vive por muito tempo. Suas cores maravilhosas se apagam.

Ela morre de velhice em 1.º de setembro de 1914. O corpo é levado para Washington. Lá, é feita a autópsia. O veterinário ornitólogo começa sua tarefa quando, de repente, solta seu escalpelo. Ele não ousa tocar o coração de Martha. Para o coração do belo pássaro para sempre riscado do globo, nada de escalpelo, nada de cortes, nada de nódoas. A América chora.

Quantos eram os bisões nas planícies da América, os animais magníficos que pesavam entre 300 quilos e 1 tonelada e corriam como cavalos mustangs? Entre 30 milhões e 60 milhões. Em 1820, não eram mais que mil. Felizmente, criaram um parque nacional, o Yellowstone. Outros parques se seguiram. Hoje, os bisões estão salvos. Há milhares em espaços protegidos, sim, está salvo, mas é o mesmo bisão? Ele está gordo, em vez de estar robusto. Ele não corre mais como antes, incansavelmente. Seus ossos são menos desenvolvidos. “Não há mais a perfeição nervosa que caracterizava seu corpo”, diz um observador.

São apenas dois exemplos espetaculares, mas há dezenas, centenas de outros.

O dodô de Madagáscar partiu sem retorno. E não é só na América que o desastre ocorreu. Todos os países demonstram a mesma cegueira, a mesma avidez.

É isto que hoje está em jogo na conferência de Kuala Lumpur: saber se os macacos, os leões, mas também os coelhos, mas também os pintarroxos, as lagartas, as borboletas, as abelhas vão seguir o mesmo caminho do bisão ou do pombo-passageiro, o caminho da morte.

O Estado de S. Paulo

Escrito por Gilles Lapouge, em 15/11/2006