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Bouba

Prevenção e Profilaxia

J.Bernardino

Consultor Técnico COBRAP – www.cobrap.org.br

Membro do Grupo – Sítio dos Carduelis – carduelis@grupos.com.br

A Bouba, também chamada de varíola aviária, difteria aviária, epitelioma viral. É uma doença altamente infecciosa e que causa grandes prejuízos aos criadores e seus plantéis. Essa doença manifesta-se em três formas diferentes :

Cutânea – caracterizada pelo desenvolvimento de nódulos na pele.

Diftérica – lesões internas do aparelho respiratório e digestivo, lesões na língua, faringe, laringe, etc.

Forma mista – apresentando os nódulos e lesões internas.

O causador dessa doença é o Pox vírus. A transmissão pode ser feita pelos seguintes agentes infectantes:

  •  De ave para ave através de lesões da pele ou mucosa;
  • Fezes;
  • O ar;
  • Através de picadas de mosquitos, ácaros de pele.

Podem também ser fontes de contaminação objetos/acessórios de criação e mesmo roupas e sapatos de pessoas.

 

Aves portadoras sãs

O período de incubação dessa doença é em torno de 4 dias em canários. O mesmo deve ocorrer em outros passeriformes como os Carduelis sp. Causa pneumonias, apnéias, dificuldades na alimentação(pegar os alimentos e com6e-los), diarréias, perda de peso e alto índice de mortalidade. Apatia, perda do apetite, febre, patas doloridas, coceira no bico.

A perda em uma infestação de grande porte pode chegar à 100% do plantel , é fato pois, as aves que não morrem, tornam-se portadoras sãs, tornando-se então fontes de contaminação. Portanto, teríamos que eliminá-las para que não infectassem novas aves que fossem introduzidas ao plantel. A forma cutânea é facilmente identificável pois, aparecem nódulos(pipocas) nas patas, en torno dos olhos, etc. A forma difterica só é diagnosticada com precisão com exames de necrópsia pois, as áreas atingidas são internas e os sintomas podem confundir-se com os de outras doenças. O correto, como para qualquer outra enfermidade, é ao menor sinal de anormalidade, separar-se o pássaro doente do resto do plantel, se possível e preferencialmente em outro ambiente, mantendo-o em observação e procurar-se ajuda profissional.

 

Imunização

A forma de imunização é a vacinação. A imunização total de um indivíduo só acontece após anos de vacinação portanto, esse processo deve ser repetido anualmente. Para aves nativas brasileiras não temos desenvolvidas no mercado vacinas contra bouba porém, existe vacina importada para canários(Serinus canarius) e que poderia ser usada para os nossos nativos. Esse ano vacinei todos os canários de cor de um criador amigo meu, cerca de 160 pássaros. E também alguns nativos que ele possui. Foram três pintassilgos, dois bigodinhos, um colerinha, um azulão, dois sanhaços, um caboclinho, um brejal e um patativa chorona. E todos estão bem, não sei se haverá imunização pois, teríamos que fazer vários testes laboratoriais e isso exige uma verba razoável. Uma alternativa para diminuir custos seria a formação de grupos de criadores para financiar esse tipo de pesquisa. Vejam bem, aplicar-se a vacina em várias espécies e fazer-se exames laboratoriais para se verificar a eficácia da vacina. É uma idéia válida e interessante para que os criadores pensem essa possibilidade pois, haveria um ganho para todos e aumentaria a segurança sanitária de nossos plantéis

 

Escrito por José Bernardino, em 2/9/2003

Ácaros de Traquéia

Prevenção e Profilaxia

J.Bernardino

Consultor Técnico COBRAP – www.cobrap.org.br

Membro do Grupo – Sítio dos Carduelis – carduelis@grupos.com.br

Colaboração : Dr. Daniel Mendoza – Med. Veterinário – Argentina

Os Acáros de Traquéia(S.Tracheacolum) são pequenos parasitas, especialmente das vias respiratórias superiores, que podem ser vistos até mesmo à olho nu ou com auxílio de uma lupa. Irritam a mucosa das àreas que atacam tais como: traquéia, pulmões, sacos aéreos, chegando mesmo à atingir os ossos pneumáticos. Eles ao atacarem essas àreas nas quais se instalam, produzem lesões pois, alimentam-se de sangue(HEMATÓFAGOS), causando patologias por si só e abrindo caminho para infecções por bactérias, vírus, fungos e mycoplasmas oportunistas. Quando da incidência desse problema deve-se melhorar o sistema de ventilação pois, com uma melhor ventilação, melhoramos a aeração e circulação de ar eliminando partículas em suspensão no ar do criadouro. Os ácaros em um criadouro podem ser trazidos por aves novas introduzidas¹ e que não tenham sido submetidas à quarentena em ambiente separado do criadouro ou por correntes de ar mal distribuídas ou podem existir naturalmente no ambiente, onde alimentam-se de detritos e de maneira oportunista, podem infectar as aves. Um excesso de população também pode levar à problemas de má qualidade do ar pois, aumenta a quantidade de partículas em suspensão no ar do criadouro. Uma forma de tratamento é o uso da Ivermectina(Ivomec® ) e outro método é o uso de inseticida aerosol à base de piretrinas, tipo SPB® . O inseticida deve ser desse tipo pois, é menos tóxico. O método é simples, coloca-se a(s) ave(s) em uma gaiola, cobre-se a gaiola e aplica-se um ou dois jatos do inseticida dentro da gaiola para que a(s) ave(s) inalem o produto durante uns cinco minutos. Esse método mostra-se eficiente, especialmente como tratamento de emergência em aves já parasitadas por ácaros.

Os principais sintomas são :

Dificuldade respiratória.

Tosse e a ave emite sons como gemidos, dando a impressão que está engasgada.

A ave perde a voz.

A ave abre muito o bico e limpa-o constantemente no puleiro.

Em casos de infestação extrema pode ocorrer a morte da ave por asfixia mecânica.

As formas de se evitar esse tipo de “inimigo” da saúde nossas aves são:

Um bom manejo higiênico do criadouro.

Quarentena de novas aves.

Aplicação de produto preventivo como por exemplo, a Ivermectina, que combate não só o ácaro de traquéia mas, também outros endo e ectoparasitas.

Boa ventilação e renovação do ar mas, sem correntes de ar passando diretamente pelas gaiolas pois, essas correntes podem carrear àcaros e outros agentes infectantes.

Isolamento de aves infestadas do ambiente do criadouro aliás, para qualquer patologia deve-se retirar o indivíduo do criadouro.

Eliminação das aves mortas, de preferência incinerando-as.

É posível que a água de bebida seja uma fonte de infestação portanto, temos que ter cuidado com a higiene dos bebedouros.

Minha experiência com Acáros de Traquéia

Vou descrever a experiência mais recente acontecida no Criadouro de Canários de um amigo. Algumas aves começaram à tossir e agirem como se estivessem engasgadas. Passados alguns dias 06 aves morreram. Ele ligou relatando-me o fato e como não podia, naquele momento, ir até o seu criadouro, o aconselhei á levar 02 aves que apresentavam os mesmos sintomas à um veterinário, nosso conhecido, que tem especialidade em aves. O diagnóstico² foi, acáros de traquéia. O tratamento recomendado foi o uso do SBP®, como descrito acima. Agora estamos fazendo também uma nova aplicação da Ivermectina³, fazendo a aplicação, repousando 15 dias e repetindo a aplicação. Os grandes vilões nesse caso foram encontrados:

1 – Excesso de aves no criatório.

2 – Má ventilação.

Esse problemas são facilmente resolvidos com a diminuição da população de aves no criadouro (ou aumnto do criadouro em si para comportar a população requerida) e com uma melhoria da circulação do ar.

Conclusão

Devemos ter cuidado com o manejo e sanidade de nossos plantéis e criadouros pois, descuidos e falta de atenção para detalhes como: a correta ventilação, higiene, quarentena ,etc; podem ser o diferencial entre o fracasso e o sucesso na criação. Devemos sempre procurar orientação profissional pois, teremos maior precisão no diagnóstico e no tratamento, conseguindo assim, melhores resultados e eliminando os agentes causadores das anormalidades e patologias.

Notas :

1 – Além dos passeriformes também afetam outras espécies como pinzones, agapornis e outros psitacídeos. Não é recomendável ter várias espécies em um mesmo ambiente se pretendemos realizar uma quarentena rigorosa.

2 – Seria interessante também realizar um diagnóstico diferencial para o Syngamus trachea(verme vermelho de traquéia), para ter-se precisão no tratamento. Se bem que o tipo de tratamento é o mesmo para ambos os parasitas, apesar da menor gravidade com relação ao S.trachea por tratar-se de um nematóide.

3 – Com relação à dosagem específica da Ivermectina, existem estudos que dizem que não devemos ultrapassar 0.1ml/kg. Existem relatos de que o uso em dosagens incorretas pode causar cegueira em bois, cães, e tem sido observada em aves pequenas. Mas, o que temos observado na prática em anos de criação de canários é que não houve um único caso desses em vários plantéis de

Escrito por Joé Bernardino, em 2/9/2003