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ORNITODICIONÁRIO – GÍRIAS

A terminologia popularmente utilizada no meio passarinheiro

[color=””RED” size=”4″”]ORNITODICIONÁRIO – GÍRIAS[/color]

[color=””BLUE” size=”3″”]A linguagem popular e Gírias do meio passarinheiro[/color]

O objetivo do Glosssário de palavras abaixo é relacionar a variedade de gírias utilizadas no meio passarinheiro. Este trabalho não reflete toda a terminologia utilizada, pois contou apenas com a contribuição expontânea entre amigos que se comunicam através da Internet.

Decidimos postar este Glossario como curiosidade, sem a pretenssão de assegurar a certificação e validade dos termos citados, e muito menos desecandear qualquer pesquisa que respeitasse os rigores científicos.

[color=””GREEN” size=”3″”]RIO DE JANEIRO[/color]

Aborto diz-se do pássaro acima da média, fenômeno;

Bem-Te-Vi em todo Estado brasileiro, diz-se do pássaro que ao emitir as notas de seu canto assemelha-se a palavra;

Cabeça Dura Rio de Janeiro, Sul da Bahia e outros Estados do Brasil,diz-se do pássaro (curió) que não aprende canto de forma alguma;

Caga Sebo o mesmo que Sebinho, nome verdadeiro Cambacica;

Carniça pássaro medroso, covarde, quando se mostra para outro grita, chora e abre asas como se fosse um pára-quedas, os passarinheiros de torneios usam-no para levantar a moral de seu pássaro no momento que vão participar da competição;

Cariá diz-se do pássaro ou (curió) cantador, de muita ordem e fibra;

Catiço diz-se do pássaro, curió, que canta muito (muito bom);

Cerrada, Rasgada o mesmo que Grizar.

Cheba pássaro ruim em todos os sentidos;

Chia o mesmo que Carniça – termo usado em quase todo o Brasil;

Cocota ou Cocotinha fêmea quente e macheadeira ou que dá quem-quem, usada para esquentar os curiós para participar dos torneios;

Enjoado diz-se do pássaro que canta o dia todo, sem descanso, insistente;

Espora passarinho esperto, quando escuto outro cantar responde na hora em desafio;

Esteio diz-se do pássaro muito firme, que fez o ponto na casa do passarinheiro, nenhum canta mais do que ele;

Estourar diz-se do pássaro macho quando corteja a fêmea;

Fera diz-se do pássaro ou (curió) cantador de muita raça, fibra;

Feiticeira diz-se do pássaro que só canta encapado, alusão a Tiazinha da TV;

Forma pássaros disponível para transação, barganha, etc;

Galante diz-se do pássaro que conquista a fêmea com facilidade pelo seu canto contagiante;

Gavião termo aplicado quando um pássaro dispara um canto estridente de alerta avisando aos demais da presença de perigo (gavião sobrevoando a área) certos passarinheiros interpretam pela sua posição parada de observação como se estivesse pousando para fotografia ou congelado;

Guerreiro diz-se do pássaro muita disposição para cantar, muita fibra, ordem, etc;

Jóquei pessoa de confiança do passarinheiro, a quem ele entrega seus pássaros para serem puxados;

João Te-Ne-Ném em todo Estado brasileiro, diz-se do pássaro que ao emitir as notas de seu canto assemelha-se a palavra;

Maracajá curió de primeira muda que fica pintado ou malhado;

Pintão Estado do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, diz-se do pássaro que está começando a virar, pintar;

Peça pássaro selecionado, muito bom;

Ponto lugar demarcado invisivelmente pelo macho acasalado onde construirá seu ninho para procriação;

Pregueiro diz-se do pássaro que só disputa em casa no seu ponto, no prego;

Punga diz-se do pássaro ruim em todos os sentidos;

Quero-Quero em todo Estado brasileiro, diz-se do pássaro que ao emitir as notas de seu canto assemelha-se a palavra;

Regional diz-se dos cantos dos curiós de certas regiões do Brasil com dialetos variados, repetidores o mesmo que mateiro, não classificados, peito de aço termo usado em torneios de cantos de repetições;

Resto de Gato diz-se do pássaro que foi atacado pelo felino e conseguiu escapar da morte;

Revelação diz-se do pássaro que de uma hora para outra levantou, surpreendeu, se revelou;

Rolo o mesmo que troca, transação, negócio, etc;

Sério Região de Niterói/RJ, diz-se do pássaro seguro, firme, constante, tarimbado; Ex: “Este é sério”;

Soldadinho diz-se do curió que canta pouco até três cantos significando a expressão “um, dois, feijão com arroz”;

Talar aproximar a gaiola no macho ou na fêmea por alguns minutos para sentir a sua reação de fogo, ordem, fibra;

Tarimba Região de Niterói/RJ, pássaro experiente, maduro, vivido, ex: “Este é tarimbado” ou “Tem tarimba”;

Tiro quando se diz que o pássaro é muito bom;

Torneiro diz-se de pássaro que só canto no prego, no torno

Tralha o mesmo que pássaro Cheba;

[color=””GREEN” size=”3″”]SÃO PAULO[/color]

Alma de Gato em todo Estado brasileiro,diz-se do pássaro que emite ao cantar notas como se estivesse miando;

Alvorada em todos Estados Brasileiros, diz-se do canto seguido e demorado do pássaro azulão;

Apitador pássaro que repete a mesma nota mais do que o padrão;

Arisco pássaro assustado, que se debate quando alguém chega perto;

Baderna no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, reunião de passarinheiros com seus pássaros em Praças e botequins onde só será eliminando os pássaros que param de cantar e não tem contagem de cantos;

Boiadeiro em todos Estados Brasileiros, diz-se do canto do Trinca Ferro que termina com a sonorização Boi;

Caco ou Caquinho o mesmo que Cochos ou Vasilhas (acessórios para gaiolas);

Caga Pau Estado de São Paulo, pássaro ruim aquele que só sabe comer e defecar do poleiro;

Carretilha em todos Estados Brasileiros, diz -se de um dos dialetos dos canários da terra;

Chucro pássaro asselvajado;

Churrasco região de Osasco/SP, pássaro ruim em todos os sentidos;

Congelou ficou parado, (não cantou e não entopetou);

Despencado diz-se do pássaro que entra em muda de penas;

Embolado Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados, diz-se do pássaro doente;

Entopetar, Correr São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados, o mesmo que pássaro covarde;

Escamas em todos Estados Brasileiros, o mesmo que polainas, peles mortas nos tarsos;

Estalo em todos Estados Brasileiros, diz-se de um dos dialetos dos canários da terra;

Está Montado aquisição de um bom pássaro;

Farinhada São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados, o mesmo que vitamina;

Filé pássaro muito bom, da melhor qualidade;

Filhotar Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados, procedimento do macho para atrair a fêmea para o ninho;

Fogoso diz-se do pássaro com grande possibilidade de ser um reprodutor, que tem muita ordem;

Frio diz-se do pássaro que não entrou em ordem, continua sem cantar, parado;

Furar o Olho realização de uma transação onde uma das partes ficou prejudicada, péssimo negócio;

Grizar diz-se da parte do canto do curió que não é assobiada;

Ir para o Choque iniciar a negociação;

Mascadeira o mesmo que “Cocota”;

Metralha em todos Estados Brasileiros, diz-se de um dos dialetos dos cantos dos canários da terra, ainda se encontram no estado selvagem nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná;

Mexer Rolo efetuar uma transação;

Milho Alpista (feminino), o mesmo que Alpiste, alimento;

Negaça Estado de São Paulo e Outros Estados, pássaro de muita fibra para cantar, que era utilizado na captura de outros da mesma espécie; diz-se do pássaro bom de mato;

Peruzinho Diz-se dos sons e trejeitos dos sabiás acasalando;

Praia diz-se do canto do curió da região litorânea da Praia Grande São Paulo;

Punga Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, pássaro que canta muito inicialmente e de repente para totalmente por um longo período para voltar a cantar;

Repicador em todos Estados Brasileiros, diz-se do canto longo do Trinca Ferro com 30 notas;

Roncador canto de Trinca Ferro que termina com a sonorização Rôo;

Saci diz-se do pássaro que emite ao cantar som semelhante ao nome;

Testa diz-se do pássaro que canta na cara de outro;

Testar no Chão colocar duas gaiolas no chão para saber qual é o bom;

Xerém o mesmo que Quirelinha de Milho (alimento);

[color=””GREEN” size=”3″”]SANTA CATARINA[/color]

Caco no Estado de Santa Catarina, pássaro ruim em todos os sentidos;

Empongado diz-se do pássaro arrepiado de frio ou por não estar muito saudável, termo usado em Itajaí/SC o mesmo que encorujado;

Grisando região de Joinvole/SC, quando o CT está aprendendo o seu canto;

Jururu região de Florianópolis/SC, diz-se que o pássaro é frio, paradão, doente;

Quente o mesmo que fogoso, que tem grande possibilidade de ser um reprodutor, que tem muita ordem;

Terrinha região de Joinvile/SC, o mesmo que canário da terra;

[color=””GREEN” size=”3″”]BAHIA[/color]

Arregaçando Estado da Bahia e Rio de Janeiro, diz-se do pássaro que está extremamente fogoso, com muita ordem, cantando muito;

Barreado diz-se do pássaro que apresenta algum problema de saúde;

Bucha curió entupido;

Buganso no Sul da Bahia – curió ruim em todos os sentidos;

Cabeça mole no Sul da Bahia e outros Estados do Brasil – curió que aprende tudo que escuta;

Carretilha no Sul da Bahia – estouro do canto do macho;

Chuetando no Sul da Bahia – fêmea piando fogosa;

Compositor Estados da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, curió com fama de bom que não canta, diz-se que apenas compõe para outros cantar;

Corrichado no Sul da Bahia e outros Estados do Brasil – canto “corrido” dos filhotes;

Corrupio curió acrobata que dá “saltos mortais”;

Cotreia diz-se do pássaro ruim em todos os sentidos;

Curió Geladeira no Sul da Bahia e outros Estados do Brasil – curió eternamente frio;

Dar um Cheiro no Sul da Bahia e Rio de Janeiro, encostar a gaiola do macho na da fêmea por alguns minutos;

Dar um Brejo levar o curió para passear no brejo;

Deixar no Bafo manter a gaiola do macho “encapada” junto da fêmea;

Docada diz-se da pessoa que foi enganada numa transação, rolo, etc;

Encartar canto no Sul da Bahia e outros Estados do Brasil – colocar canto em pássaro adulto;

Encorujado no Sul da Bahia e outros Estados do Brasil – curió com as penas eriçadas;

Engasopado curió fogoso cheio de gás;

Entupido no Sul da Bahia – curió que para de cantar por ação do canto de outro;

Femagem no Sul da Bahia – nome dado as fêmeas;

Fera no Sul da Bahia e Rio de Janeiro – curió valente;

Fragmento no Sul da Bahia – curió que só emite parte do canto, “Nega” algumas notas;

Galador aquele que tem por finalidade fecundar todas as fêmeas;

Gaviãozinho no Sul da Bahia – curió que emite as notas Thuí-Thuí-Thuí;

Gemedor no Sul da Bahia – curió que emite as notas de Rem-Rem;

Grego no Sul da Bahia e em vários Estados do Brasil – curió de canto sem classificação;

Marca Sala melhor curió do criador;

Mascarado no Sul da Bahia – pardo pintado de preto;

Mascando no Sul da Bahia – macho chamando filhote e tremulando as asas;

Máquina no Sul da Bahia e Rio de Janeiro – curió fogoso que canta muito;

Mateiro no Sul da Bahia – curió de canto agreste;

Me Armei quando levamos vantagem em alguma transação, rolo, troca, etc;

Mutucado ou Mutuca no Sul da Bahia e Rio de Janeiro – curió que afroxou no ano anterior e não quer levantar neste ano;

Museu coleção de curiós inegociáveis;

No Prego local habitual de determinado curió na casa do criador;

Pinicado no Sul da Bahia – curió que emite as notas de Ti-Ti-Ti;

Pintão no Sul da Bahia e quase todos os Estados – pardo pintado, quase preto;

Pivete diz-se do pássaro que canta mais na rua do que em casa;

Poseiro curió cantando na árvore mais alta do seu território;

Preseiro curió que pega a bico;

Quem-Quem no Sul da Bahia e Rio de Janeiro e outros Estados – “Latido de fêmea”;

Traço no Sul da Bahia – curió que emite notas estranhas ao seu canto ou de outro dialeto;

Tranqueira no Sul da Bahia – curió valente de canto fogoso ruim;

Trunfado no Sul da Bahia – piado de fogo;

Viveiro no Sul da Bahia – curió Cabeça Mole que canta o canto de várias espécies;

Zé Borreia no Sul da Bahia – curió frouxão;

[color=””GREEN” size=”3″”]PARANÁ[/color]

Chiado pássaro que após ter sido corrido de roda passou a abrir asas, medroso, sem fibra, fraco;

Embalado, Quente, Detonador pássaro em plena ordem, cantando muito, está no auge;

Frio, Apagado que ainda não entrou em ordem, está cantando pouco;

Juda usado para treinar curió fibra (o mesmo que cheba Chia, etc);

Rolha pássaro fraco, que não presta para nada;

[color=””GREEN” size=”3″”]MINAS GERAIS[/color]

Catar Tenébrias o mesmo que tomar, beber, ingerir umas cervejas geladinhas:

Em forma diz-se do pássaro que já está pronto, no ponto, com ordem, cantando;

Está na Fúria diz-se quando o pássaro está totalmente em ordem, cantando em plena euforia;

Fuerte, fuertão diz-se do pássaro ruim em todos os sentidos;

Fenômeno diz-se do pássaro especial, muito bom mesmo;

Ponta de Atêrro diz-se do pássaro ruim, sem qualidade;

Sanfoninha diz-se do canário da terra quando galanteia a fêmea e canta baixinho;

Serrinha diz-se do pássaro que ainda não está pronto, não entrou em ordem, porém canta baixinho com chamadas ocasionais;

Tatu com Cobra Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, diz-se do pássaro com canto ruim;

Tenébrias mesmo que cerveja;

[color=””GREEN” size=”3″”]CEARÁ[/color]

Torneira diz-se do pássaro que só pinga, que só canta no mesmo local;

[color=””GREEN” size=”3″”]RIO GRANDE DO NORTE[/color]

Buga diz-se do canário muito ruim em todos os sentidos;

Gigolô diz-se do canário acasalado que serve para incentivar as fêmeas novatas a reproduzir, cantando de corrida para qualquer uma;

[color=””GREEN” size=”3″”]RIO GRANDE DO SUL[/color]

Corrido diz-se do pássaro covarde;

Cruzeiro o mesmo que coleira ou coleiro, papa capim;

Enfemado diz-se do pássaro que levantou com a ajuda da fêmea;

b]Enselado [/b] diz-se do pássaro que está acasalado com fêmea, ou com boa ordem;

[color=””GREEN” size=”3″”]PERNAMBUCO[/color]

Afinado diz-se do pássaro que canta com voz de tonalidade aguda;

Baião de Dois diz-se do curió que canta dando de um a dois cantos;

Bate Estaca diz-se do curió de canto ruim, porém muito cantador;

Caga-Talas pássaro ruim, expressão usada para os pássaros que sujam as talas das gaiolas;

Chiba diz-se do pássaro que não compete, só canta sozinho;

Chibou diz do pássaro que pia frio numa roda de competição;

Cinqüenta por Cento diz-se do curió de canto curto e de poucas notas;

Curió Comum diz-se do curió que canta com notas do canto padrão, porém sem melodia;

Dois em Um diz-se do curió que canta dois bicos, emitindo tonalidades de repetições diferentes;

Facção do Mal diz-se do passarinho que fica o tempo todo a colocar defeito nos pássaros de outras pessoas, Ex. “fulano é da facção do mal”;

Murrinha diz-se do pássaro ruim em todos os sentidos;

Pancada nos Ovos diz-se do curió que canta dando apenas um canto;

Pedaço de Fita diz-se do curió que só canta de 1 a 2 cantos;

Quatro Sabores diz-se do pássaro que canta de diversas formas;

Rôquinho diz-se do pássaro que canta com voz anasalada;

[color=””GREEN” size=”3″”]Algumas Gírias Internacionais[/color]

Fornecido pelo amigo Dílson Aquino – Miami/USA

Arrebatau (Miami), diz-se do pássaro bom cantor;

Blin-blin (Miami) , espelhinho, enfeites de gaiolas;

Cangrí (Miami) , diz-se do pássaro bonito;

Charro (México) , diz-se do pássaro mau cantor;

Cripi (Miami) , semente verde do Cânhamo;

Encojonado (Miami) , diz-se do pássaro que não quer cantar;

Guasa (Colombia) , diz-se do pássaro que não vale nada;

Jibaro (Venezuela) , pássaro barato, selvagem;

Mula (Miami) , diz-se do pássaro que choca de outra;

Papi Chulo (Miami) , diz-se do bom pássaro;

Plasta (Miami) , diz-se do pássaro mau cantor;

Sata (Porto Rico) , diz-se da ave comum, de pouco valor monetário;

Última atualização do “Ornitodicionário Brasileiro de Gírias” em 21/09/2004 com 171 (cento e setenta e uma) palavras!

Elaborado por: Vitor Hugo Morégula Franco – CAGEDOR

Editado por: Ivan de Sousa Neto

Escrito por Vitor Hugo Morégula (Cagedor), em 22/9/2004

SME – Sistema de Marcação Eletrônica

Já era hora

Publicado do Atualidades Ornitológicas n.120

SISTEMA DE MARCAÇÃO ELETRÔNICA EM TORNEIOS

Torneio de canto de pássaros nativos brasileiros existem há muito tempo, desde a década de 50, quando na região de Ribeirão Preto SP, iniciou-se a prática. São mais de cinqüenta anos de disputas e de muitas histórias dos campeonatos em que os pássaros cantam perto e à vista um do outro, o que se convencionou chamar de modalidade fibra que é vontade e disposição para cantar; hoje há dezenas de milhares a admiradores em todo o Brasil e as disputas só podem ocorrer com pássaros nascidos domésticos, conforme exigência do IBAMA a partir da década de 90. Por isso mesmo, tem estimulado muito a produção deles em ambientes domésticos, podemos dizer com segurança que, anualmente, são muitos milhares criados nesta condição. No caso específico do bicudo (Oryzoborus c. maximiliani) e do curió (Oryzoborus a angolensis) sempre houve, desde o começo, muitas discussões de como julgar e apurar com fidelidade os cantos emitidos. O fato é que essas espécies tem a capacidade de repetir o canto, isto é, podem cantar continuadamente sem parar, remontando a frase musical, ficando, então, para o juiz a interpretação com essa dificuldade adicional. E como é difícil, de forma concomitante marcar os cantos emitidos com a rapidez necessária. É preciso, primeiro conhecer muito bem onde começa e termina cada unidade, ser um experto; em seguida, ter destreza suficiente, ouvir bem e saber traduzir as individualidades de cada pássaro para postar em uma cartela. Isto tudo, sem falar das mazelas, das iniqüidades e das interpretações incorretas comuns a todo tipo competições que envolvem manipulação e sentimentos humanos. Esses aspectos, até hoje tem gerado muitas polêmicas, desavenças e entreveros entre os expositores e por isso mesmo tem afastado muita gente das lides porque nem todos conseguem suportar ou assimilar as inerentes pressões que surgem nessas ocasiões. Em alguns casos, tem prejudicado a qualidade e a quantidade de pássaros em disputa, por exemplo: no Estado de São Paulo, onde os criadores produzem um extraordinário número de curiós deveria ter aumentado a quantidade de participantes na “Fibra”, mas o que vemos é cada vez mais ir diminuindo a proporção, o que é até certo ponto incompreensível. Nos outros estados o volume de indivíduos tem se mantido estável, mas com muita renovação de participantes. No caso dos Coleiro (Sporophila cearulenses) , Trinca Ferro – (Saltator similis) e Canário da Terra (Sicalis flaveola) , optou-se para se computar um ponto toda a vez que a ave cantar, dessa forma, cessam as interpretações subjetivas, já que assim, fica fácil avaliar e fiscalizar, não há o embrólio das repetições. Embora tenham começado depois, nesses respectivos campeonatos há menos discussões ou descontentamentos; é uma situação mais cômoda anotar um canto de cada vez, sem outras explicações. No entanto, nos canários da terra, muitos estão sendo prejudicados porque cantam repetindo ou longo o que não é considerado e acaba por prejudicar aquele que mais tempo canta, supomos que esse sacrifício é aceito tacitamente em favor de se poder ter uma apuração tranqüila, mais fácil de ser controlada e ajustada. O que não é o caso nos bicudos e curiós, daí a enorme necessidade de se encontrar uma solução. Tentaram de tudo quanto aos fiscais, juízes e marcadores, ou seja, não mudar marcador, rodízio para esquerda , para direita, o próprio dono marcar e assim por diante. Nada deu certo, e cada vez mais problemas. Quando se pensou, de novo, em realizar-se torneios a nível nacional com participação de criadores/mantenedores de vários estados, a coisa de agravou; passamos a correr risco de impasses muito mais sérios. São regiões diversas, pessoas diferentes e estranhas, costumes arraigados; como administrar toda essa celeuma? Pensamos, estudamos e afinal testamos em fevereiro deste ano em Ribeirão Preto, com o maior sucesso, a adoção de um processo eletrônico de marcação. Seria a utilização das facilidades da informática na apuração do volume de canto de cada pássaro, que funciona da seguinte forma: quando a ave canta até terminar a frase, cada juiz aciona um sinal eletrônico acendendo uma luz vermelha que é imediatamente transmitido através de uma interface até um computador, onde através de um programa específico trata os informes separando os dados de cada competidores. Daí, seguem até um projetor onde todos os presentes poderão acompanhar o desenrolar da disputa, da forma a mais transparente possível. No telão, aparecerão os vinte pássaros que estão em julgamento em cada bateria e os dez que mais cantaram até ali. No momento da disputa o “led” de cada concorrente fica piscando provocando uma intensa emoção nos presentes. O modelo que escolhemos considera, então, o tempo cantado, cada canal funciona como um cronômetro individual no sistema que ao final computa e soma os tempos dos participantes levando em conta pela ordem os que mais foram acionados. Resta agora, implantar-se um esquema de procedimento que evite qualquer disfunção na aplicação do sistema. Por exemplo, é preciso que todos os pássaros sejam cadastrados antecipadamente e bem antes de se iniciar as disputas e que haja um controle rígido na hora de distribuição dos canais para se referirem realmente aos respectivas estacas ; em suma, os cuidados que ser redobrados quando são usados processos eletrônicos, os sistemas são travados e em cima da hora não dá para improvisar. É nisto que consiste o nosso SME – Sistema Eletrônico de Marcação.

Aloísio Pacini Tostes

Escrito por lagopas@terra.com.br, em 8/9/2004