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A Importância da Criação de Pássaros na Economia Brasileira

Uma atividade séria

Direta e indiretamente, atua em todos os setores da Economia, incluindo agricultura – conseqüentemente indústria de máquinas e insumos para a agricultura – comércio, indústria (máquinas e equipamentos, embalagens, rações, papel etc), transportes, energia, contabilidade, advocacia, publicidade, setores químico e biológico (pesquisas, medicamentos), medicina humana e veterinária, biologia, zootecnia, enfim, tudo o que envolve o consumo do produto final utilizado na criação.

Nada se dá isoladamente. Se na alimentação de pássaros, na composição da farinhada, por exemplo, vai o milho, a soja, o trigo etc, isso provoca todo o envolvimento da agricultura – máquinas, adubos, mão-de-obra (empregos), que indiretamente proporciona empregos nas indústrias de adubos, que provoca a indústria e mão-de-obra dos fornecedores de matéria-prima para a fabricação do adubo, a indústria e mão-de-obra de máquinas, que provoca a indústria e mão-de-obra dos fornecedores de matéria-prima para a fabricação de máquinas, que necessitam de energia, que proporcionam empregos no setor energético….

Depois o transporte, do campo para a indústria, que puxa toda a cadeia do transporte, desde a matéria-prima e empregos para os fornecedores de matéria-prima para a indústria dos meios de transporte (caminhões) e construção e manutenção de estradas de rodagem, empregos diretos e indiretos, e assim vai…

Depois vêm as indústrias das rações, das gaiolas, dos acessórios, até a construção civil (que também envolve engenharia, arquitetura e materiais de construção…) tudo se repetindo…

Então o transporte novamente e o comércio, que gira todo o sistema econômico e profissional, inclusive na contabilidade das empresas, das disputas jurídicas do comércio…

Chegando ao consumidor final, não pára aí, porque o pássaro produzido vai gerar entrada de dinheiro ao criador, independente de lucro ou não, que será utilizado na compra de bens de consumo, iniciando-se todo o ciclo novamente.

Se com esse dinheiro o criador, ou seu empregado com o salário, compram uma TV, por exemplo, todo esse movimento recomeça.

Parece muito pouca a importância da criação de pássaros na economia, mas é a somatória das pequenas economias que movimenta a Economia Nacional, como as microempresas, que representam a maior soma de movimento financeiro, empregos e tributos no país.

Quantas microempresas existem no comércio de produtos para pássaros? Quantas indústrias? Quantos empregos?

A atividade não só gera empregos diretos, como também os indiretos, e não só no setor privado como também no setor público, além de serviços para prestadores e profissionais liberais.

Se tudo pudesse ser calculado, a criação de pássaros representa uma grande fatia na economia nacional.

Esta é a visão ampla que devemos ter, contra a visão estreita daqueles que não conseguem avaliar a grande importância da criação de pássaros.

2) A criação de passeriformes e aves ornamentais em comparação à criação de outros animais.

A criação de pássaros e pequenas aves ornamentais, como psitacídeos e outros, pode, comparativa e proporcionalmente, ser mais rentável, com utilização de menos espaço e menos impacto ambiental do que outras criações.

Um exemplo comparativo podemos fazer com a criação de gado.

Qual é a área necessária para a criação de um boi e qual é a área para a criação de um pássaro? Onde se cria um boi, pode-se criar mais de uma centena de pássaros.

E o tempo para o resultado final? Quanto demora um boi para atingir o ponto de venda ou consumo? Dois, três anos? Um pássaro pode ser vendido com 35 a 40 dias, comparável a um frango de corte, entretanto num valor muitas vezes maior.

Com 35 a 40 dias, pode-se conseguir o preço de R$ 100,00 a 300,00 num canário-da-terra, R$ 300,00 a R$ 500,00, num curió e R$ 500,00 a R$1.000,00 num bicudo. São preços padrão para toda a produção. Filhotes especiais, dependendo da procedência genética, podem valer, respectivamente, R$ 1.000,00, R$2.000,00 e R$2.500,00. Há filhotes de certos bicudos que chegam a valer 2.500 dólares.

Quanto pode valer um bezerro com essa idade? Quantos bezerros podem ter valores diferenciados numa produção bovina?

Acrescente-se que a formação de pastagens causa, sem dúvida, grande impacto ambiental, enquanto que a criação de pássaros não causa qualquer prejuízo ao meio-ambiente, podendo também ser executada em áreas urbanas sem qualquer prejuízo ‘a população. Em longo prazo, isso certamente fará muita diferença.

3) Mercado.

O mercado de pássaros, especialmente os nativos criados em domesticidade está cada dia mais expansivo, graças à consciência ambiental e a nova legislação.

Atualmente o Sebrae, em conjunto com a Apex, do Ministério da Indústria e Comércio, vem desenvolvendo um projeto para exportação de pássaros nativos, que irá alavancar de vez a atividade de reprodução doméstica destas aves.

Tanto no país, quanto no exterior, as qualidades dos pássaros nativos do Brasil superam de longe as qualidades dos pássaros alienígenas, o que garante o mercado e o excelente preço dos nossos.

Internamente o mercado já está muito bem e, tanto o interno, quanto o externo, é muito promissor.

Citando o amigo e ornitófilo Rogério Fujiura, o único efeito colateral da criação doméstica de animais nativos brasileiros é o combate ao tráfico.

A nossa cultura é ainda tímida quanto ao envolvimento de biólogos, veterinários e zootecnistas na criação de pássaros, não tanto por culpa dos criadores, como também pelo desinteresse desses profissionais pela atividade, embora algum progresso já tenha ocorrido nesta área.

Mas como toda cultura evolui na medida em que é eficientemente trabalhada, se a classe passarinheira conseguir a atenção e adesão desses profissionais, muito breve esse trabalho conjunto produzirá excelentes frutos.

Na Europa, a criação de pássaros é tão desenvolvida que em alguns países representa um dos maiores setores da Economia e da arrecadação tributária. Avalia-se que na Bélgica, é a terceira maior movimentação de divisas para aqueles países. O Brasil importa grande quantidade de produtos destinados à ornitofilia, desses países, que também já criam pássaros nativos brasileiros, já que não temos uma produção suficiente para atender as demandas interna e internacional. Estão empenhados em importar mais pássaros nossos, e para isso precisamos profissionalizar e aumentar a nossa produção, para garantir esse mercado, e produzir os alimentos e medicamentos importados, para diminuir os custos de produção.

Não é novidade que os criadores vêm se dedicando cada vez mais a formação das melhores características dos respectivos plantéis, atentos às questões de qualidade e personalidade dos seus produtos, observando atentamente e com rigor as questões de comportamento e genética, envolvendo ambiente e manejo, voltados para canto e competições de “fibra”, que é a valentia associada à resistência nas competições. A par disso, saúde, beleza e performance são também preocupações dos criadores. São exigências dos concursos e do mercado, que não perdoam aqueles que param no tempo. A seleção é imprescindível de ora em diante.

A ornitofilia nacional precisa e precisará muito mais, daqui por diante, dos veterinários, biólogos e zootecnistas, no acompanhamento de todas essas tarefas, desde a parte técnica na elaboração dos projetos de construção dos criadouros, como na formação e seleção de matrizes, cruzamentos programados e planejados no sentido de melhoramento genético, prevenção e controle de zoonoses e parasitas internos e externos, estudos de comportamento, controle e certificação de qualidade, exames e necrópsias, manejo, alimentação e nutrição, enfim, tudo o que a criação moderna exige e envolve todas essas áreas profissionais.

Sem contar que na criação comercial (que vem se expandindo rapidamente a partir da edição da Instrução Normativa nº 5/01, do IBAMA, limitando em número de 50 indivíduos anuais para a criação amadorista) o acompanhamento de profissional habilitado é exigência da lei (Portarias/IBAMA 117-N e 118-N/97).

É hora dos biólogos, veterinários e zootecnistas, e estudantes – futuros profissionais -, dispensarem mais atenção à criação doméstica de aves nativas brasileiras especialmente os passeriformes.

Valdemir Roberto Ribeiro de Barros

Escrito por Valdemir Roberto Ribeiro de Barros, em 1/8/2004

Nomes Científicos

Um pouco de latim

No português e em qualquer outra língua existem os sufixos (última sílaba comum a muitas palavras), que dão sentidos diferentes à mesma palavra. Essas sílabas transformam um substantivo em adjetivo. Por exemplo: amarelo – amarelado, pinta – pintado, Paraná – paranaense.

Nos nomes científicos também aparecem muitos sufixos, como por exemplo:

– Ata ou atus

– Eola

– Ensis

Os 2 primeiros (ata e eola indicam que o pássaro possui o caractere anterior. Ex: cristata – possuidor de crista, flaveola – de cor amarela).

O terceiro (ensis) geralmente faz referência à suposta região de origem do pássaro. Mas há inúmeros equívocos, como o curió, (Oryzoborus angolensis) que não tem nada a ver com angola.

O pássaro acima por exemplo, de nome científico Sakesphorus canadensis, não tem nada a ver com o Canadá. Estes dois exemplos são verdadeiros equívocos de classificação.

Até aqui, descobri 16 cores:

– Albi: BRANCO ou CLARO

– Atra: PRETO (URUBU: Coragyps atratus)

– Aurantio: LARANJA

– Caeru: CINZA ou ACINZENTADO

– Chloro: VERDE

– Cyano: AZUL

– Flav: AMARELO

– Griseo: CINZA (origina-se daqui a denonimação GRISALHO aos cabelos que tem o aspecto de “cinza”, grisalho: derivado de Griseo)

– Gutta: PINTADO (ex: Tangara guttata)

– Ictero: AMARELO (também pode significar algo como “cores quentes”, nesse caso representa amarelo, laranja e vermelho. Ex: família Icteridae, a grande maioria dos icterídeos apresenta uma das três cores citadas)

– Leuco: BRANCO ou CLARO

– Nigro: PRETO

– Ochro: MARROM

– Rubro: VERMELHO

– Rufi: VERMELHO

– Xantho: AMARELO

Como podem ver, existem vários nomes para uma só cor. Uma das explicações para isso é que eles podem fazer diferenças a coisas distintas, e que possuem esta mesma cor.

Por meio disso podemos explicar uma infinidade de nomes científicos.

Eis o significado do nome do nosso querido Canário da terra, e mais outros:

– Sicalis flaveola : “Possuidor da cor amarela”, ou “de cor amarela”

– Carduelis atrata : “Possuidor da cor preta”, ou “de cor preta”

E mais no gênero Cyanerpes (saís) todos apresentam cor azul, daí o nome.

Idem na família Icteridae, com cores quentes e amarelo na maioria.

Também pude descobrir o significado de algumas partes do corpo dos pássaros:

– Capilla: PARTE DA CABEÇA (geralmente a parte superior, daí vem couro capilar, e cabelo)

– Caudatus: CAUDA

– Cephala: CABEÇA

– Collis: PESCOÇO

– Frons: “TESTA” E GARANTA, PARTES SUPERIOR E INFERIOR AO BICO

– Gastra: BARRIGA

– Gullaris: PAPO

– Melas: REGIÃO DA CLOACA

– Phrys: “SUPERCÍLIO”

– Ptera: PARTE DA ASA (popular “encontro”, quando a asa está dobrada, em repouso, forma-se uma MOSCA na asa do mesmo, que corresponde a esta parte recolhida)

– Thorax: PAPO + PEITO

– Ventris: FRENTE (garganta + papo + peito)

A partir destas duas listagens e suas combinações, deciframos mais uma “panelada” de nomes.

– Sporophila leucoptera (chorão): MOSCA BRANCA

– Tangara cyanocephala (saíra lenço): CABEÇA AZUL

O bicudo, Oryzoborus maximiliani, pode ter este nome porque tenha sido descoberto pelo pesquisador alemão Alexander Philip Maximilian, que esteve no Brasil entre 1815 e 1817. Seu sobrenome, latinizado, virou maximiliani, e batizou várias espécies.

OBS: Todas as informações aqui contidas são fruto de mera observação e comparação (“dedutômetro” ou “chutenóstico”), sendo portanto, completamente passíveis de erros e correções.

Augusto Florisvaldo Batisteli

Escrito por Augusto Florisvaldo Batisteli, em 22/7/2004