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Sorgo

Excelente alimento para aves

SORGO

A moderna planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) (Taxonomia) é um produto da intervenção do homem, que domesticou a espécie e, ao longo de gerações, vem transformando-a para satisfazer as necessidades humanas. Sorgo é uma extraordinária fábrica de energia, de enorme utilidade em regiões muito quentes e muito secas, onde o homem não consegue boas produtividades de grãos ou de forragem cultivando outras espécies, como o milho.

A origem do sorgo está provavelmente na África, embora algumas evidências indiquem que possa ter havido duas regiões de dispersão independentes: África e Índia. A domesticação do sorgo, segundo registros arqueológicos, deve ter acontecido por volta de 3000 A.C., ao mesmo tempo em que a prática da domesticação e cultivo de outros cereais era introduzida no Egito antigo à partir da Etiópia.

Quando e como o sorgo se dispersou para fora da África é matéria de grande controvérsia. O Sorgo Durra, nome de um dos tipos raciais da espécie, é encontrado extensivamente desde a Etiópia, passando pelo Vale do Nilo até o Oriente próximo, atingindo a Índia e a Tailândia. Os Durras provavelmente foram introduzidos no mundo árabe por volta de 1000 a 800 AC. As rotas comerciais terrestres ou marítimas da antiguidade que levavam ao extremo Oriente (China, Coreia, Japão) certamente foram usadas para introduzir o sorgo na Índia.

Registros indicam que seu cultivo na Índia (que hoje é a mais extensa área de cultivo de sorgo no mundo) segundo estatísticas mundiais, remonta ao século I D.C.

O sorgo chegou ao Oriente próximo um pouco mais tarde e ao mesmo tempo atingiu a Europa através da Itália, provavelmente com sementes trazidas da Índia por volta de 60 a 70 anos D.C. Partindo também da Índia, o sorgo chegou à China no século III D.C. Antes disso ocorrer, no entanto, sorgos do tipo Durra já eram observados na Coreia a nas Províncias Chinesas adjacentes, provavelmente introduzidos através das chamadas “rotas da seda” que partiam da Ásia Menor em direção ao extremo Oriente.

À partir de numerosos materiais genéticos foram introduzidos nos EUA pelo Departamento de Agricultura e outras agências, provenientes de diversas partes do mundo. Os Durras chegaram à Califórnia vindos do Egito em 1874. O tipo Shallu, da Índia, em 1890. Os Kafirs, da África do Sul, em 1904 e alguns anos mais tarde os Milo, os Feterita e os Hegari, do Sudão.

Na primeira década do século XX, sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA para produção de xarope ou melaço. As cultivares eram de porte muito alto e tardias, com alguma semelhança fenotípica com os atuais sorgos forrageiros para silagem. O porte avantajado dessas cultivares não permitia sua utilização como plantas graníferas porque a colheita, mesmo que fosse por processo manual, era muito difícil. Além disso, o ciclo extremamente longo limitava seu cultivo às regiões no sul do país mais próximas da linha do equador. Os primeiros colonizadores das Grandes Planícies do Oeste Americano, então, selecionaram plantas dos tipos Milo e Kafir mais adaptadas à agricultura que se modernizava e que eram muito mais tolerantes ao clima seco da região do que o milho. Com o advento da mecanização na segunda década do século XX, novas seleções foram sendo feitas a partir dos materiais originais, que acrescentaram mais valor às cultivares como precocidade e porte cada vez mais baixos.

Mas foi a partir da década de 40, com o surgimento dos chamados (combine types) ou sorgos graníferos como conhecemos hoje, que a cultura tomou um significativo incremento em várias regiões do Oeste dos EUA. Maiores progressos no entanto, estavam por vir graças ao trabalho de um grupo de cientistas como J.R.Quinby e J.C. Stephens, que viabilizaram os híbridos por volta do início dos anos 60. O sorgo híbrido tornou-se um incontestável sucesso nos EUA e a nova tecnologia rompeu suas fronteiras, tornando-se rapidamente uma cultura muito popular em diversos países como: Argentina; México; Austrália; China; Colómbia; Venezuela; Nigéria; Sudão; Etiópia.

No Brasil, onde o sorgo foi mais recentemente introduzido, seu cultivo está se popularizando também e já somos um dos 10 maiores produtores mundiais. Em todo o mundo a combinação de potencial genético e o uso de práticas de cultivo como fertilização adequada; controle de doenças, insetos e plantas daninhas; manejo da água de irrigação; zoneamento agroclimático e altas populações de plantas, tem propiciado altos rendimentos de grãos e forragem em regiões e condições ambientais desfavoráveis para a maioria dos cereais.

Sorgo é cultivado em áreas e situações ambientais muito secas e/ou muito quentes, onde a produtividade de outros cereais é anti-econômica. Embora de orígem tropical, o sorgo vem sendo cultivado em latitudes de até 45º norte ou 45º sul, e isso só foi possível graças ao trabalho dos melhoristas de plantas, que desenvolveram cultivares com adaptação fora da zona tropical. Sorgo é cultivado principalmente onde a precipitação anual se situa entre 375 e 625 mm ou onde esteja disponível irrigação suplementar. Sorgo é, entre as espécies alimentares, uma das mais versáteis e mais eficientes, tanto do ponto de vista fotossintético, como em velocidade de maturação. Sua reconhecida versatilidade se estende desde o uso de seus grãos como alimento humano e animal; como matéria-prima para a produção de alcool anidro, bebidas alcoólicas, colas e tintas, o uso de suas panículas para a produção de vassouras, extração de acúcar de seus colmos, até às inúmeras aplicações de sua forragem na nutrição de ruminantes.

Agronomicamente os sorgos são classificados em 4 grupos: granífero; forrageiro para silagem e/ou sacarino; forrageiro para pastejo/corte verde/fenação/cobertura morta; vassoura.

O primeiro grupo inclui tipos de porte baixo (híbridos e variedades) adaptados à colheita mecânica. O segundo grupo inclui tipos de porte alto (híbridos e variedades) apropriados para confecção de silagem e/ou produção de açúcar e álcool. O terceiro grupo inclui tipos utilizados principalmente para pastejo, corte verde, fenação e cobertura morta (variedades de capim sudão ou híbridos inter específicos de Sorghum bicolor x Sorghum sudanense) (Taxonomia).

O quarto grupo inclui tipos de cujas panículas são confeccionadas vassouras. Dos quatro grupos, o sorgo granífero é o que tem maior expressão econômica e está entre os cinco cereais mais cultivados em todo o mundo, ficando atrás do arroz, trigo, milho e cevada. A produção mundial de grãos de sorgo foi estimada em cerca de 58,9 milhões de toneladas métricas em julho de 2002 . A área total cultivada com sorgo granífero é de cerca de 37 milhões de hectares, e deste total Ásia e África participam com 82%. No entanto, a maior produção e produtividade estão na América do Norte. Estados Unidos e México juntos produzem 34% da produção mundial. Entre os maiores produtores de grãos de sorgo do mundo, a Índia detém a maior área plantada, com cerca de 11 milhões de hectares. Mas os Estados Unidos lideram a produção mundial, com quase 14 milhões de toneladas numa área de pouco mais de 3 milhões de hectares. India, Nigéria, México, Sudão, China, Argentina, Austrália, Etiopia, Burkina, pela ordem, completam o grupo dos dez maiores produtores mundiais de grãos de sorgo. Na América do Sul, Argentina é o maior produtor, seguido pelo Brasil, que está muito próximo de fazer parte do grupo dos dez. A produção brasileira está crescendo rapidamente e poderá, ainda nesta década, se igualar ou superar a posição da Argentina no Continente.

Em termos globais, sorgo é a base alimentar de mais de 500 milhões de pessoas em mais de 30 países. Somente arroz, trigo, milho e batata o superam em termos de quantidade de alimento consumido. Entretanto, a cultura de sorgo produz muito menos do que seu potencial oferece. O século XX foi o século do trigo, do arroz e do milho. O século XXI poderá ser o século do sorgo.

O sorgo deve ter chegado ao Brasil da mesma forma como chegou na América do Norte e Central: através dos escravos africanos. Nomes como (Milho de Angola) ou (Milho da Guiné), encontrados na literatura e até hoje no vocabulário do nordestino do sertão, sinalizam que possivelmente as primeiras sementes de sorgo trazidas ao Brasil entraram pelo Nordeste, no período de intenso tráfico de escravos para trabalhar na atividade açucareira.

Mais recentemente, à partir da segunda década do século XX até fins dos anos 60, a cultura é reintroduzida de forma ordenada no país através dos institutos de pesquisa públicos e universidades. Deste período vamos encontrar registros de pesquisas com sorgo no Instituto Agronômico de Campinas, no Instituto Pernambucano de Pesquisas Agropecuárias, de Pernambuco, e no Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Sul e em algumas Escolas de Agronomia, como a Esalq de Piracicaba, Escola Superior de Agricultura de Lavras, Escola Superior de Agronomia de Viçosa, Escola de Agronomia de Pernambuco e outras. Coleções foram introduzidas da África e dos Estados Unidos e deram origem a cultivares forrageiras comerciais cujos nomes até hoje são lembrados pelos produtores, como as variedades Santa Eliza, Lavrense, Atlas e Sart. O sistema de produção e distribuição de sementes melhoradas, no entanto, só viria a se desenvolver mais tarde, entre fins dos anos 60 e começo dos 70. Foi quando o setor privado entrou no agronegócio do sorgo. E foi nesse momento que os híbridos de sorgo granífero de porte baixo recém lançados na Argentina (aqui chamados de sorgo anão) chegaram ao Brasil através da fronteira gaúcha com os países platinos. Neste período o Rio Grande do Sul tornou-se o maior produtor de grãos de sorgo do país. Somente o município de Bagé, na fronteira com o Uruguai, chegou a plantar entre 20 e 25 mil hectares de sorgo. E do Rio Grande do Sul, os “modernos” híbridos desenvolvidos pelo trabalho dos melhoristas americanos e adaptados às condições da Pampa Argentina, chegaram a São Paulo. De São Paulo a cultura se expandiu para os estados centrais e durante os últimos 25 anos, o sorgo alternou crescimento e declínio de área plantada. Mas nos últimos 5 anos a cultura de sorgo granífero parece ter encontrado seu nicho de mercado, e com o esforço da pesquisa e das empresas sementeiras consolidou sua posição de cultura alternativa ao milho no sistema de sucessão de culturas. O Rio Grande do Sul continua sendo um estado produtor e consumidor de grãos de sorgo, mas não detém mais a liderança que tinha até os anos 70. O Centro Oeste é atualmente a área sorguera mais importante do país.

Escrito por Barcelos Corretora Produtos e Serviços , em 19/12/2007

Projeto de Lei pretende regulamentar criação de pássaros da fauna nativa

Adequação à realidade

Projeto de Lei pretende regulamentar criação de pássaros da fauna nativa

Mônica Pinto / AmbienteBrasil

O senador Aloisio Mercadante (PT/SP) está concluindo um Projeto de Lei cujo objetivo é regulamentar a criação de aves em domesticidade e redefinir o conceito de propriedade destas.

Hoje, as aves silvestres – as que estão na natureza e as apreendidas do tráfico – são propriedade do Estado. “Nosso questionamento é em relação às aves nascidas em criatórios legais, que passariam a ter o conceito de domésticas, deixando de ser consideradas de propriedade do estado”, disse a AmbienteBrasil Rogério Fujiura, diretor da Confederação Brasileira dos Criadores de Pássaros Nativos (Cobrap).

Para ele, o projeto em gestação é fundamental como estratégia para combater o tráfico, estimulando o abraço à legalidade, a partir de normas que viabilizem um controle de maneira exeqüível. “Com as regras definidas, o Ibama e outros órgãos ambientais teriam critérios para fiscalizar e os criadores, segurança para exercer sua atividade, sem correr o risco de cometer ilícitos”.

A base legal atualmente em vigor pauta-se em Instruções Normativas – IN 01/03 e 51/07, no caso dos criadores amadores – e na Portaria 117, do Ibama, em relação aos criadores comerciais.

“O grande problema é que elas sofrem sucessivas modificações, muitas delas sem critérios, que inclusive prejudicam até mesmo os órgãos de fiscalização, cujas ações são freqüentemente contestadas na Justiça”, diz Rogério. “Já na forma da lei, qualquer modificação terá de ser melhor discutida, trazendo de volta o Estado de Direito que foi subtraído dos criadores”, completa.

A elaboração do projeto de lei do senador petista ganhou consultoria privilegiada – digamos assim. Seu pai, o general reformado Oswaldo Muniz Oliva, é assumidamente “amante das aves e da criação de passeriformes”, um dos pioneiros nessa prática, que exerce há cinco décadas.

O General Oliva, como é conhecido, conseguiu inclusive articular uma reunião sobre o tema, no dia 29 passado, da qual participaram – além de seu filho, o senador Mercadante – a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, e membros da cúpula do Ibama.

A ministra externou suas preocupações em relação ao tráfico de aves, a que os criadores se somaram, colocando-se como “importantes instrumentos de auxílio neste quesito, reproduzindo e ofertando produtos legais”.

Mais uma vez, veio à tona a burocracia confusa que costuma reger a gestão ambiental. Exemplo: há sete meses está suspenso o ingresso de novos criadores no Sispass – Sistema de Cadastro de Criadores Amadoristas de Passeriformes – do Ibama, até agora o passo inicial na trajetória de obtenção de licença para exercer a atividade. Em termos práticos, isso significa que o bem intencionado, aquele que prefere andar na linha, encontra de cara um obstáculo intransponível, colocado a sua frente justo pelo órgão que deveria facilitar e estimular tal decisão.

A justificativa do Ibama – exposta na reunião com a ministra – foi de que está em curso a implantação do Sisfauna – um Sistema informatizado que abrangerá o controle de toda criação de animais da fauna brasileira e que vai absorver o Sispass.

Mercadante mostrou-se surpreso ao saber que tal impedimento já se estende por sete meses e enfatizou que nenhuma atividade pode ser paralisada por tanto tempo, qualquer que seja o argumento, ainda mais em função de um outro sistema a ser ainda implantado.

“Essas questões geram insegurança para o bom desenvolvimento e planejamento da criação e desestimulando os que desejam criar pássaros de forma legal e transparente”, diz Rogério Fijiura.

Escrito por Monica Pinto , em 18/12/2007