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O bicudo e curió são Oryzoborus

O bom senso prevaleceu

Caros amigos

Ainda bem, sempre achei absurdo as espécies do gênero Oryzoborus passarem a ser Sporophilas. Muitas reclassificações e rearranjos em cladogramas (figura que visa representar o surgimento, o desenvolvimento e a diferenciação dos táxons* durante a evolução) tem sido feitas com base nos estudos em genética, através da semelhança dos DNA’s dos animais estudados, mas às vezes esquecem de ver o produto final (animal vivo), como se o genótipo fosse mais importante que o fenótipo e os caracteres morfológicos. Só para ilustrar que a génetica pura não é o melhor caminho, um camundongo tem o genótipo algo em torno de 95% de semelhança com o genótipo humano, se não me falha a memória. No entanto, é visível a diferença evolutiva e a distância taxonômica que nos separa destes roedores.

Abraços, Augusto Batistelli.

Um pouco de Taxonomia, para quem quiser ler:

* táxon é cada grau da “hierarquia” da evolução juntamente com os organismos inseridos nele (reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie são os mais comuns). Classificação taxonômica é a disposição adequada de um organismo nos táxons (ou taxa [pronuncia-se tácsa] – plural de táxon) ao qual ele pertence, exemplo:

Cachorro doméstico:

Reino – Metazoa (meta=algo como “mais importantes” zoa=referente a animal)ou Animal

Filo – Chordata ou Cordados

(Sub-filo – Vertebrata ou vertebrados)

Ordem – Carnivora

Família – Canidae

Gênero – Canis

Espécie – Canis domesticus

Assim como pode haver um táxon entre um e outro dos sete mais comuns citados acima, como sub-divisões (sub-filo, superclasse, sub-ordem, etc – sempre vêm precedidos por sub- ou super-), também há táxons chamados de táxons ” infra-específicos”, cuja missão é discriminar grupos diferentes entre os animais de uma mesma espécie segundo algumas características compartilhadas por alguns deles, ou seja classificar os organismos abaixo do nível de espécie. Os táxons infra-específicos mais usados são: sub-espécie, variedade, linhagem, raça. No caso do cão doméstico, a classificação taxonômica pode ser tão refinada que atinge com facilidade o nível de raça (todos temos em mente a perfeita imagem de uma ou outra raça de cão).

No caso dos pássaros por nós criados, a classificação fica:

Reino – Metazoa ou Animal

Filo – Chordata ou Cordados

(Sub-filo – Vertebrata ou vertebrados)

Classe – Aves

Ordem – Passeriforme

(Sub-ordem – Oscines)

Famílias – Emberizidade, Fringillidae, Turdidae, e outras

Em 23/03/06, Aloísio / SP escreveu:

Prezados Cobrapianos,

vejam abaixo, nos parece que o bom senso prevaleceu – e os bicudos e curiós deverão continuar com o nome “Oryzoborus” – Aloísio

—– Original Message —–

From: Duda

To: ‘Aloísio Pacini Tostes SP’

Sent: Thursday, March 23, 2006 11:41 PM

Subject: RE: Ajuda – Nomenclatura

Mestre, segue abaixo a tradução exatamente como o texto a apresenta. Na verdade é notado que fora extraído de um texto maior, mas dá para compreender o contexto.

Aponta a observação de alguns cientistas quanto aos Oryzoborus e Sporophilas…

Segue a tradução :

Olson (1981) indica que existe pequenas evidências morfológicas para a manutenção do gênero Oryzoborus em separado das Sporophilas.

Wetmore (1984 ) cruzou Oryzoborus com Sporophilas e diagnosticou e anunciou que existiam diferenças no tamanho e no formato do corpo, e que possuem indicadores notoriamente não confiáveis em relação ao estudo filogênico ( estudo das raças ).

Webster & Webster (1999) também recomenda mante-los ( Oryzoborus e Sporophilas ) em gênero separados devido as diferenças na morfologia do esqueleto. Sick (1963) notou que os híbridos possuiam número genético diferentes.

Dados genéticos ( Lijtmaer et al. 2004 ) suporta fortemente o cruzamento de Oryzoborus nas Sporophilas ( e fornece um suporte mínimo para o monofilético dos Oryzoborus ).

Abraços

Duda

> Oryzoborus angolensis = Sporophila angolensis (?)

Oi Luciano:

Veja posição do SACC, acatada pelo CBRO:

Olson (1981c) provided evidence that there is little morphological evidence for maintaining the genus Oryzoborus as separate from Sporophila, and Wetmore et al. (1984) merged Oryzoborus into Sporophila; the diagnosis of Oryzoborus relies on bill size and shape, which are notoriously unreliable indicators of phylogenetic relationships, although see Stiles (1996). Webster & Webster (1999) also recommended keeping them as separate genera because of differences in skeletal morphology. Sick (1963) noted that intergeneric hybrids were . Genetic data (Lijtmaer et al. 2004) strongly support the merger of Oryzoborus into Sporophila (and provide minimal support for monophyly of Oryzoborus itself).

Luiz Fernando

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 29/3/2006

É possivel alimentar pássaros só com ração

Um alerta importante

Em anexo uma matéria por mim assinada na edição 128 do Atualidades Ornitológicas.

Acho que lanço mais dúvidas do que certezas……rs Mas acrescento um comentário dado por um publicitário baiano – ao Jô Soares:

“- Veja, Jô, que estamos chegando ao final do século ( O programa foi em 1998) e uma das previsões é a de que seriam desenvolvidas cápsulas com todos os ingredientes nutritivos necessários para a alimentação humana. Estamos chegando ao ano 2001 e nunca se consumiu tanto alimento “in natura”, desde vegetais até carnes, passando pelos cereais e frutas…….”

www.fujipass.com.br

11 3735 6982 11 96895330

Rogério Fujiura

O tema alimentação, nutrição, quer seja para os humanos e todos os tipos de vida animal sempre despertou discussões acaloradas, baseadas hora em empirismo, ora em pesquisas científicas, mas ao final prevalece a não prevalência, ou seja, as verdades são várias e é impossível se estabelecer qual a suprema.

Ironia ou não, se formos fazer uma pesquisa qualitativa para uma só espécie de ave , restringindo a pesquisa ainda a uma determinada fase – por exemplo, muda de penas- com uma amostra aleatória de criadores, veremos que a eleita será a que o criador mais simpatiza, sem levar em consideração o principal interessado, que é a ave. Todos os comerciantes e fabricantes de alimento animal sabem que o primeiro e principal fator de decisão se baseia no gosto pessoal do criador. O criador degusta, cheira, toca e de antemão toma a decisão.

Temos ainda o fator influência, somado á busca incessante de novidades, que faz com que o criador venha a mudar – em que pese que a sua ave vai muito bem obrigado- a alimentação que vem funcionando…e bem !!!

O objetivo aqui não é elucidar e apontar o caminho correto para a escolha a ser feita. Mesmo porque não sou zootecnista, nutricionista, em suma, técnico em nada, mas como a grande maioria, auto didata. E venhamos e convenhamos nada mais difícil de lidar do que com esta classe. Afinal, a custa de muitos erros e acertos o cidadão chega a um manejo, a uma formulação (?) da sua composição de sementes, farinhadas, rações, peletizadas ou extrusadas e por aí afora, para chegar alguém e apontar outros caminhos…..Mas como todo passarinheiro ou avicultor tem comportamentos que vias de regra fogem ao comportamento dito normal e mediano, ele consegue conciliar a teimosia do auto didata com a fácil influencia por parte de: – Fulano ta fazendo assim, assim vou fazer.

Tanto que as maiores consultas em uma visita a criadores é: o que voce dá para os seus alados? De que marca? E lá vai ele de volta a seu criatório querendo mudar tudo. O pior: tudo o que está dando certo.

Com o advento das rações extrusadas, a tônica dos questionamentos passou a ser: É possível alimentar somente com ração? Opa!!! Essa pergunta não me é estranha….Vou ao site do A.O. e logo na primeira consulta aparece o título abaixo:

ATUALIDADES ORNITOLÓGICAS N.1 -NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 1984

Capa: Ovo e vôo -; O campeonato brasileiro de ornitologia de 84; Nova constituição da ABOA ; Aves silvestres e a nova portaria do IBDF; O periquito ondulado e suas mutações –

Pág.2: É possível alimentar pássaros somente com ração?; A semente de colza ; Rações mais apetitosas; Pombo correio

Pág.4: Rápidas

Atentem que a edição é de NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 1984, e para os que não adquiriram ainda o AO em formato de CD que reúne as edições antigas, transcrevo a matéria abaixo:

“É possível alimentar pássaros somente com ração?

Prof. Giorgio de Baseggio – Itália

Na Itália (e na Europa) só as espécies de pássaros insetívoros são alimentados só exclusivamente com ração (também alguns criadores acrescentam fatias de frutas, verduras etc., para completar a ração); poucos são os criadores de canários e de pássaros granívoros que alimentam exclusivamente com ração, também penso que canários de cor e raças de canários mais robustos (por exemplo, Border) possam, por longos períodos, adaptarem-se a uma ração sem sementes (a nível industrial), com complementação de “grit” (areia) que facilita a utilização da ração de grânulos peletizados.

Concluindo, atualmente acho que: uma alimentação exclusiva de grânulos peletizados, balanceada, tipo RAFF (N. do T. produto comercializado na Europa), pode ser boa para os canários de cor e de raças resistentes e por longo período (com intervalos de curtos períodos com uso de mistura de sementes), complementada sempre de “grit” silício. Entretanto, para raças de canários de mais valor e delicados não creio que se possa administrar por longo tempo esta ração de: mistura de sementes, ração de grânulos peletizados com 22% de proteínas (durante a criação de filhotes) ou com 18% de proteínas (normalmente), ou com 20% de proteínas digerível (durante a muda) na ração (os grânulos peletizados têm a vantagem de resistir depois de preparado, sendo as vitaminas e gorduras “protegidas” das alterações atmosféricas: luz, umidade, oxigênio do ar) + grit + verduras + osso de Siba + carvão vegetal, podem dar uma alimentação completa aos canários (por consegüinte abolir a ração normal ou industrial). A tarefa é, pois, habituar os canários aos “grânulos peletizados”.

Mais uma “canja”,desta mesma edição:

“Rações mais apetitosas

Mário di Natale – Itália

A apeticibilidade é sempre relativa – Atenção: a pouca apeticibilidade das farinhas vegetais por parte dos canários é puramente relativa. Nós damos de cara com uma espécie de animal que, por séculos, também no estado silvestre, se alimentava de sementes. Administrar um alimento farináceo, diferente da semente comum, por ser de melhor valor nutritivo, no passado, é de pouco agrado para o instinto natural da parte do canário. Se este é, porém, habituado criteriosamente a um novo regime alimentar, sempre de acordo às suas exigências nutritivas e às suas características fisiológicas, continuará a viver sem sofrer nenhum trauma e melhorará suas condições de vida se a inovação oferecer melhores valores nutritivos à alimentação.”

21 anos. Somada às rações peletizadas e às farinhadas, afora as tradicionais sementes, vieram se somar as extruzadas.

A pergunta do articulista italiano ainda é atual.

Nos humanos a dieta das proteínas se alternam com a dos carboidratos que se alternam com a, com a, com a, com a da moda atual.

O mais incauto diz que a cor é prejudicial pois é utilizado um corante artificial. Ts, ts, esse é o aspecto menos preocupante, pois são utilizados corantes alimentícios, de propriedades inertes, a não ser obviamente quanto á coloração. E desprezar a importância das cores e das variedades é ir contra a primavera, época em que a natureza se encarrega de “aprontar” todo o reino alado para a reprodução, com sua profusão de cores e sabores, além da fartura que tranqüiliza os papais e mamães.

Em uma conversa recente com uma “rodinha” de criadores, conseguimos, ufa!, chegar a um consenso: Temos que respeitar a individualidade, o dispêndio de energia na reprodução ou competição ou a menor mobilidade dos destinados apenas a canto .

Galinha caipira ou frango de granja? Aos primeiros, além da variedade, não raro verduras e legumes frescos são ofertados. Aos segundos? Ração e…. não vou indagar da preferêcnia do ponto de vista gastronômico, mas soltando os dois juntos: – Qual apresenta a maior vivacidade, maior resistência e longevidade? Ei, se esqueçam da panela..

Conversando com um criador de bicudos, este se queixava de que uma de suas fêmeas não comia larva (tenebria molitor). Com certeza não era a mim a primeira vez que se dirigia com esta dúvida. Deve ter ouvido “dicas” do tipo: Tire tudo, deixe só as larvas. Perguntei a ele se esta fêmea já tinha lhe dado filhotes. Respondeu-me positivamente. Perguntei se os filhotes estavam bem. – São as melhores ninhadas, disse ele. Aí não resisti: E por que quer mudar o que está dando certo?

É possível alimentar pássaros somente com ração?

É preciso mudar o que está dando certo?

Vamos montar uma pirâmide alimentar para os penosos? Cá, bem cá entre nós: A alegria deles quando servidos de um alimento fresquinho é contagiante, não é mesmo?

Escrito por Rogério Fujiura, em 18/3/2006