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Criação de Coleiro

Sporophila caerulescens, S. nigricollis, S. hellmayir.

 

PECULIARIDADES

 

O coleiro é tido como o pássaro mais sociável da fauna brasileira. Adora ser levado para passear pelo dono e é, geralmente, o primeiro pássaro que todo passarinheiro, ainda criança, teve. Por outro lado, é considerado um dos pássaros nativos de mais difícil reprodução em cativeiro, pois as fêmeas demoram a ceder ao instinto reprodutivo, sempre implicando com a presença dos machos. O criador de coleiro deve ser paciente e saber aguardar o momento certo para obter sucesso na criação.

Fato curioso na criação de coleiros é a intensa participação do macho nas diversas fases da reprodução, em especial no cuidado com os filhotes, chegando até mesmo a brigar com a fêmea pelo direito de alimentá-los.

 

LOCAL

 

Para criar o coleiro, as características exigidas do local são as mesmas dos outros nativos: local bem iluminado, se possível com luz direta pela manhã, sem grandes variações de temperatura entre o dia e a noite, abrigado das correntes fortes de ar, etc. Este pássaro pode ser reproduzido tanto em gaiolas como em viveiros, mas estes últimos são menos adequados por dificultarem o manejo de ovos e filhotes.

As gaiolas podem ser de metal ou madeira, à escolha do criador. As de madeira são mais difíceis de higienizar, exigindo maior trabalho para isso, mas por outro lado, parecem ser mais “aconchegantes” nas baixas temperaturas. As gaiolas ideais para as fêmeas (no caso de criação no sistema de poligamia – o macho só é colocado com a fêmea no momento da cópula) devem ter de 50 a 70 cm de comprimento, cerca de 30 a 40 cm de altura e profundidade. É recomendável que possuam a “divisória”, para facilitar o manejo com os pássaros. Para os machos, podem usados os tradicionais modelos “piracicaba” e “carioca”, em seus variados tamanhos.

 

MATRIZES E REPRODUTORES

 

O criador, quando da composição de seu plantel, deve optar por matrizes dóceis, acostumadas ao manejo (pássaros que se debatem quando são carregados dificultam o processo da reprodução) e também por pássaros de boas qualidades, para que os frutos da criação recompensem toda atenção dispensada.

São boas qualidades transmissíveis aos filhotes:

– a postura e a “beleza física”: procurar sempre trabalhar com pássaros esguios, “elegantes”, de bom porte e aparência saudável.

– a disposição para cantar: pode ser “medida” pela contagem do número de cantadas em um determinado tempo.

– o andamento do canto: pássaros de canto rápido são adequados à modalidade “fibra”, não sendo adequados como reprodutores se o objetivo da criação for o canto clássico.

– a voz: para o canto clássico, as melhores vozes são as intermediárias, nem muito altas, nem muito baixas.

Se o macho que se pretende usar como reprodutor cantar ao ver a fêmea,

melhor.

 

ALIMENTAÇÃO

 

O coleiro é um pássaro granívoro, não sendo grande apreciador de frutas e verduras. A base da alimentação é constituída por uma mistura de alpiste, painços variados, senha e níger, sendo o primeiro em maior quantidade (50% a 60%). Apreciam muito, como guloseimas, sementes de capim frescas, por exemplo, as de “pé de galinha”, colonião, braquiara, margoso, favorito, entre outros. Os cachos podem ser colhidos e fornecidos inteiros aos pássaros. Essas são um bom complemento na alimentação, sobretudo na época de cria e trato dos filhotes. O pepino, se aceito, é um ótimo complemento alimentar pois é rico em colágeno, um importante componente dos tecidos de revestimento, conferindo elasticidade e resistência às penas, evitando que elas se quebrem facilmente e mantendo bonitas por mais tempo as penas originadas na muda mais recente.

Uma fonte de cálcio deve ser fornecida o ano todo, principalmente para as fêmeas, que utilizam grandes quantidades deste mineral na composição da casca dos ovos. A farinha de ostra ou o “osso de ciba” são as melhores alternativas para o fornecimento de cálcio. É aconselhável ministrar polivitamínico e um complexo de aminoácidos na água algumas vezes por semana.

Coleiros também apreciam muito farinhadas, que podem ser fornecidas secas ou umedecidas misturadas com ovo cozido floculado (passado pela peneira), e estas constituem uma grande fonte de proteínas, indispensáveis aos períodos de muda de penas e alimentação dos filhotes.

A atenção máxima deve ser dada à alimentação no período em que as fêmeas estão tratando de suas ninhadas. Elas, que em sua maioria geralmente não apreciam alimentos vivos, nesse período devoram grande quantidade de larvas de Tenebrio molitor ou de besouro do amendoim para alimentar suas crias. Essas larvas são uma grande fonte de proteína bruta, que contribui no rápido desenvolvimento dos ninhegos. A alimentação especialmente nesses dias deve ser abundante e diversificada, afim de estimular os pais a tratarem dos filhotes.

 

REPRODUÇÃO

 

A temporada de reprodução dos coleiros inicia-se e também termina mais tardiamente que a dos outros pássaros. Estima-se que a melhor época para criá-los seja de novembro a abril, período que coincide com a maior disponibilidade das sementes de seus capins preferidos, na natureza.

Os ninhos utilizados podem ser os de curió ou menores, pois fêmea irá preencher o espaço que “sobra” no ninho quando ela está deitada com o material oferecido pelo criador, que pode ser raiz de capim, corda de bacalhau (sisal) ou fibra de coco desfiadas. Convém fazer a camuflagem do ninho com plantas artificiais, que darão à fêmea uma sensação de maior proteção. Mas cuidado: o ninho deve ser camuflado e não “enfeitado”. Não precisa e nem é bom exagerar na camuflagem, pois isto pode, ao invés de atrair, afugentar a fêmea. Também não é necessário camuflar em volta do ninho todo. O importante é que a fêmea, na momento em que salta do poleiro para a borda do ninho, veja a camuflagem à sua frente, sendo que depois que a mesma está deitada, pouco importa se ela vê ou não a camuflagem – ela pensa que, comparando ao que ocorre na natureza, “entrou” na camuflagem e pode ver todo o ambiente ao seu redor, mas não pode ser vista.

Machos e fêmeas devem ser mantidos em confinamento visual durante o ano, sendo que as fêmeas podem ver-se somente durante a estação de descanso. Ao se aproximar o início da época de reprodução, as fêmeas devem ser transferidas para gaiolas individuais. A presença de muitos machos no recinto de criação acaba dificultando a mesma, já que as fêmeas de coleiro escolhem seu parceiro pelo do canto dele. Nesse sentido, o melhor é que elas ouçam um único macho, que é suficiente para cruzar até 5 ou 6 fêmeas, no sistema poligâmico.

O macho deverá ser colocado frente à gaiola de cada fêmea de uma a três vezes por dia durante alguns minutos, sendo que os melhores momentos para essa apresentação são o amanhecer e o entardecer. O criador deve observar a reação e o comportamento das fêmeas durante o momento em que estão vendo o macho. Geralmente as que vêm correndo para a tala da gaiola, com ar de interessadas, na verdade são as primeiras que hostilizam com a presença do macho em seu “território”, por isso se aproximam.

Disponibilizando material de ninho para as fêmeas fica mais fácil perceber quando estão ficando prontas para a reprodução (“aprontando”), embora o coleiro seja um pássaro que adora “brincar” com o material de ninho. Via de regra, as fêmeas estão prontas quando começam a rodar dentro do ninho e preenchê-lo com o material fornecido. É a partir deste momento que, ao verem o macho, irão abaixar, solicitando cópula. O macho, então, será introduzido na gaiola da fêmea, e caso esta ainda não aceite a cruza, deve ser induzido a voltar à sua gaiola. Novas tentativas podem ser feitas posteriormente. O criador deve ter a paciência necessária para esperar que a fêmea aceite o macho. Uma vez que ela aceite ser cruzada, uma única cruza é suficiente, mas podem ser realizadas algumas mais. Costumam efetuar a postura entre o 2º e o 4º dia depois de cruzadas. O número de ovos pode chegar a três, sendo quase sempre dois.

É comum fêmeas que são ótimas mães numa temporada, na próxima apresentarem problemas, como abandonar o ninho, botar fora, botar no ninho mas não chocar, etc. Nas temporadas seguintes essas fêmeas costumam voltar a ser boas matrizes. Pouco se sabe sobre o comportamento reprodutivo das fêmeas de coleiro, portanto é preciso persistência e paciência.

Os filhotes nascem com cerca 13 dias de choco e podem ser anilhados do 4º ao 6º dia, dependendo do desenvolvimento da ninhada. Voam do ninho por volta do décimo quinto dia. A fase seguinte, de vetorização, que vai aproximadamente do 15º ao 30º dia de vida, é muito importante na formação do filhote macho, uma vez que este irá “memorizar” o canto que ouvir para reproduzi-lo mais tarde, criando o que chamamos de memória sonográfica. Os coleiros podem ser separados da mãe por volta dos 35-40 dias de vida, quando já deverão estar se alimentando sozinhos. Se a fêmea, no entanto, der sinais de que quer fazer nova postura antes que os filhotes se alimentem sozinhos (se houver escassez de material para preparar o novo ninho a fêmea irá depena-los para forra-lo), convém mantê-los separados da mãe pela grade divisória para que estes não atrapalhem-na na nova chocada. A fêmea irá continuar a alimenta-los pelos buracos da grade enquanto efetua nova postura. O criador deverá observar com freqüência os filhotes, e quando estes começarem a alimentar-se sozinhos, deve transferi-los para uma gaiola maior, na qual possam voar bastante e assim adquirir um bom condicionamento físico.

Os filhotes de coleiro começam a gorjear bem cedo, tentando reproduzir o canto que ouviram na fase de vetorização. A partir do primeiro mês de vida irão começar a cantar com um pouco mais de volume e desenvoltura, tentando reproduzir aquilo que está em sua memória sonográfica, porém este gorjeado será sem frases bem definidas. Essa período é chamada de fase de espelhamento, pois nela o pássaro irá fazer aperfeiçoamentos do gorjeado que emite, comparando-o com os cantos que ouve no ambiente onde se encontra. É durante essa fase que fazem a primeira muda, que é parcial e chamada de muda de ninho, ou muda de filhote, onde os filhotes machos irão adquirir suas primeiras marcações características da plumagem. As notas e frases começam a ganhar clareza e definição por volta do sexto mês de vida, a partir do qual os coleiros começam a emitir aquele que será seu canto definitivo.

Atingem a maturidade sexual por volta dos 11 ou 12 meses, mas a pouca idade faz com que, geralmente, não sejam bons pais e boas mães. Convém utilizar para reprodução coleiros com um ano e meio ou dois de idade.

Augusto Florisvaldo Batisteli

Técnico / consultor COBRAP

augustofb@gmail.com

Julho de 2005

Ibitinga-SP

 

Coleiro

Considerações

Continuando na linha de bem informar o leitor e na seqüência de dicas sobre a criação dos principais pássaros canoros brasileiros, não poderíamos deixar de mencionar a criação do Coleiro. Sem dúvida, é o mais popular dos pássaros brasileiros, como disse o amigo Epaminondas Jr. em seu artigo no Jornal do CUBIVALE N. 11. Seu tamanho diminuto facilita o manejo. É a maior paixão de crianças que gostam de pássaros. Esse lindo passarinho cantador é quase sempre o primeiro tipo de pupilo dos passarinheiros. Foi o meu primeiro, quando tinha 6 a 7 anos, lá pela minha Manhuaçu. Havia centenas deles por perto de minha casa. Hoje bem mais escasso, mas ainda é, certamente, o que existe em maior número pelo Brasil afora. Conhece-se, pelo menos, quatro formas diferentes: o coleiro de gola e do peito branco, o Sporophila caerulescens caerulescens; o cabeça preta do peito amarelo, o Sporophila nigricollis nigricollis; o de gola e do peito amarelo, o Sporophila caerulescens hellmayri.

Há ainda citações sobre o Sporophila ardesiaca e o Sporophila melanops, como Coleiro mineiro e Coleiro de Goiás, respectivamente. Sobre o cabeça preta do peito branco não há uma clara definição sobre o nome científico É preciso mais clareza dos técnicos e dos livros existentes sobre a questão para se ter a certeza sobre o nome correto. É difícil, também, é conhecer as fêmeas de cada um deles, são idênticas. O mais comum é o de gola, coleira e de peito branco, o de dupla coleira – e é aquele que mais se cultiva, o espécie típica. Afirmam os mais entendidos que é o mais valente e cantador. Conhecido também como: Coleirinha, Coleirinho, Papa-Capim, Coleira – Coleiro Laranjeira e Papa-Arroz – é um pássaro de porte pequeno, 11 cm de comprimento, envergadura 17 cm, com 14 penas grandes em cada asa. De cor preta chamuscada na cabeça e costas; abdome branco ou amarelo; mosca branca nas asas; garganta preta em cima de uma gola branca para ter logo abaixo uma coleira de um preto bastante intenso. Os olhos enegrecidos são circundados com pequenas penas claras, formando um gatinho. Bico é delicado e possui tons amarelados, cor de laranja. Há um marcante dimorfismo sexual: a fêmea tem a cor diferente do macho. Ela é parda, castanho claro, a mesma cor dos machos jovens que vão gradativamente se tornando pretos, e já procriam pardos com a idade de 7/8 meses.

Distribui-se por grande parte do Brasil, especialmente o Centro-Sul e países limítrofes. Na natureza, costuma procriar entre os meses de novembro e março.

Preferem as beiradas de matas, pomares, pastos, brejos, capoeiras e praças das cidades. É um pássaro territorialista, isto é, quando está chocando demarca uma área geográfica em torno do ninho onde o casal não admite a presença de outras aves da espécie. Canta muito e assim delimita seu território. Quando não estão na época da reprodução, contudo, podem ser vistos em pequenos grupos junto com os filhotes. Estão sempre à procura de alimentos, tipo semente de capim verde. Para isso, agarram-se aos finos talos dos cachos para poderem se alimentar; são especialistas nisso. Embora o braquiária, seja um capim exótico, apreciam muito sua semente e ele tem ajudado muito como alimento. Nos meses de julho e agosto costumam se juntar em grandes bandos, especialmente nos anos de seca prolongada. Nessas ocasiões, o fogo costuma destruir os capinzais fazendo com que os nossos queridos pássaros desesperados e famintos procurem os locais onde possam encontrar comida, muitas vezes até no interior das cidades. Seu canto é simples, melodioso e a frase musical tem, em geral, poucas notas; entre cinco ou dez. Não repetem o canto, mas retomam muito rápido em alguns casos um a dois segundos de espaço entre um canto e outro. Existe uma infinidade de dialetos; na verdade, cada ecossistema possui um próprio. Todavia, há alguns que são mais apreciados e cultivados pelos criadores. São eles: o tuí-tuí-zero-zero ou tuí-tuí-zel-zel (o mais comum), exemplo desse canto está na fita do Cabrito; já nos cantos mais sofisticados, considerados clássicos, o Coleiro emite a terceira nota, assim: tuí-tuí-grom-grom-grom-ze-ze-zel-zel-zell ou tuí-tuí-tcho-tcho-tcho-tchá-tchá-tchaá e outras variações, para frases bem parecidas. A diferença está apenas no entendimento e na interpretação de segmentos de criadores nas nomenclaturas onomatopéicas das notas. Exemplo desse tipo de canto são as gravações dos Coleiros Mirante e Capricho. Em ambientes domésticos a característica principal do Coleiro é gostar de passear e de ser submetido a muita lida, isto é, quanto mais manuseado (mexido) mais canta. E seu desempenho nos torneios de canto e fibra está em relação direta com a dedicação que seu dono lhe dispensa. Depende muito disso. É, todavia, de fácil entrosamento e fica muito manso com um pouco de carinho. Em suma, o Coleiro é uma ave muito apreciada por todos os segmentos de passarinheiros e para vários objetivos, especialmente os torneios de canto. Agora, pela Portaria 057 do IBAMA, só podem ser transacionados, sair de casa e participar de torneios aqueles que forem criados em ambientes domésticos e que tiverem anilha fechada, como prova disso.. Está aí, também, a Portaria 118, que é a de criadouro comercial, a pessoa física ou jurídica que quiser montar um é só falar com o IBAMA, em sua respectiva Superintendência Estadual. Dessa forma, compete-nos então, reproduzi-los em larga escala para poder preservá-los e suprir a grande demanda que está aí. Quem quiser e puder praticar a sua procriação, terá, com certeza, sucesso garantido. O Coleiro reproduz-se com mais facilidade que o bicudo e o curió e com uma produtividade excelente. É uma ave longeva, vive por volta de trinta anos, dependendo de sua saúde e do trato que se lhe dispensa. A alimentação básica deve ser de grãos, notadamente o alpiste 50%, painço amarelo 30%, senha 10%, niger 10%, acrescentar periodicamente o painço português legítimo. É salutar que de disponibilize, também, ração de codorna misturada a 50% com milharina adicionando Mold-Zap® à base de 1 gr. por quilo. Dois dias por semana administrar polivitamínico tipo Orosol®, Rovisol® ou Protovit®, este à base de 2 gotas para 50ml d’água. Já sua alimentação especial para a fase de reprodução deverá ser a seguinte. Quando houver filhotes no ninho, em uma vasilha separada, colocar 3 vezes ao dia, farinhada assim preparada: 6 partes de milharina, 1 parte de farelo de soja torrado,/ 1 parte de germe de trigo, / premix F1 da Nutrivet® (4 colheres de sopa para 1 quilo), / sal 2 gr. por quilo, / Mold-Zap® 1 gr. por quilo, / Mycosorb® 2 gr. por quilo. Após tudo isso estar muito bem misturado, coloque na hora de servir uma gema de ovo cozido e uma colher cheia de “aminosol®” para uma colher bem cheia de farinhada. Dá-se larvas, utilizando a chamada “praga da granja”; (tipo de Tenébrio molitor, em miniatura, muito comum em granjas de avicultura industrial), é a melhor e tem mais digestibilidade. Essa larva é diminuta e condizente com o tamanho do bico do Coleiro. Oferecer até o filhote sair do ninho. É bom, também, colocar sempre à disposição das aves “farinha de ostra” batida com areia esterilizada e sal mineral (tipo aminopan®). Outra questão importante diz respeito ao lugar adequado para que eles possam exercer a procriação. Esse local deve ser claro, arejado e sem correntes de vento. A temperatura ideal deve ficar na faixa de 25 a 35 graus Celsius e umidade relativa entre 40 e 60%. O sol não precisa ser direto, mas se puder ser, melhor. A época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de novembro a maio, coincidente com o período chuvoso e com a choca na natureza. Deve-se utilizar gaiolas de puro arame, com medida de 60cm comprimento X 30cm largura X35 cm altura, com quatro portas na frente, comedouros pelo lado de fora para dentro da gaiola. A tala, a medida entre um arame e outro não pode ser maior do que 13mm. No fundo, ou bandeja da gaiola, colocar papel, tipo jornal, para ser retirado todos os dias logo que a fêmea tomar banho. Logo depois se deve retirar a banheira para colocá-la no outro dia bem cedo. O ninho, tipo taça, tem as seguintes dimensões: 6cm de diâmetro X 4 cm de profundidade, e será colocado pelo lado de dentro da gaiola. Pode ser feito de bucha ( Luffa cylindrica) por cima de uma armação de arame. Para estimular a fêmea prender raiz de capim ou fiapos de casca de coco, assim ela cobrirá o ninho com estes materiais. O número de ovos de cada postura é quase sempre 2. Cada fêmea choca 3/4 vezes por ano, podendo tirar até 8 filhotes por temporada. As coleiras podem ficar bem próximas umas das outras separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer. Utilizar um macho de excelente qualidade, de preferência um campeoníssimo, para 5 fêmeas. Nunca deixá-lo junto pois ele quase sempre prejudica o processo de reprodução, e mata os filhotes. O melhor, é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo da fêmea. O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho também aos treze dias de idade e pode ser separado da mãe com 35 dias. Com 8 meses, ainda pardos, já poderão procriar. As anilhas serão colocadas do 7O ao 10o dia, com anilha 2,3 mm de diâmetro – bitola 1 a ser adquirida do Clube onde seja sócio. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis. Os tipos de torneio mais comuns são: 1) Fibra – os pássaros são dispostos em círculo, a 20 centímetros do outro; aquele que mais cantar no final da prova é o que ganha; 2) Canto livre – ganha aquele que mais cantar em 5 minutos, ele compete sozinho, não é analisada a qualidade do canto; 3) Canto Clássico – A ave é examinada sozinha durante 5 minutos; ganha aquela que tiver o canto mais perfeito dentro do padrão pré-escolhido. Tem sido realizados torneios de Coleiros por quase todo o Brasil; sem poder citar todos, destacamos aqueles que tivemos a oportunidade de presenciar ou de ser convidado: Porto Alegre-RS , Florianópolis-SC SAC, Paranaguá- PR , Jacareí -SP-CUBIVALE , Ribeirão Preto-SP, Campos-RJ , Cachoeiro do Itapemirim-ES, Belo Horizonte -MG, Brasília-DF, São Paulo-SP SERCA, Duque de Caxias-RJ. Como vimos, as regiões são as mais diversas, a paixão é nacional, sem fronteiras.

Por fim, como sempre dissemos, não podemos deixar de mencionar essa importante questão: como em todos os tipos de pássaros canoros, os produzidos domesticamente têm muito mais qualidade do que seus irmãos selvagens, isto porque poderemos cruzar os melhores com melhores. Esse é o grande fator de incremento e de estímulo da criação. Quem poderá duvidar disso, a seleção através da genética funciona, e funciona bem. É só testar. A confiança da classe é grande, a responsibilidade também, os aficionados são muitos, a demanda é enorme, as matrizes estão aí, capturar é proibido; daí criatórios em ação, o respeito da sociedade e hobby preservado.. Agradecemos, pelas informações recebidas dos criadores, Geraldo Magela Belo, 011-8105282, Epaminondas Castaldelli Júnior 011-4304543, do cultivador de canto clássico João da Quadra 016-6334186 e do expert no assunto Mário Correa Leite 012-3581786, o competente Presidente da CUBIVALE.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003