Ar puro, um bom ambiente

O segredo da criação

A sua saúde e a dos pássaros num ambiente com um bom ar.

Walerson Arcanjo escreveu em 6/4/2006 09:38

Amigos;

Creio que o artigo abaixo contribui para o crescimento técnico de todos no quesito instalações prediais para criadouros de pássaros de qualquer espécie. Alertando para a saúde de nossos pássaros e para a do criador.

P.S.: Não faço propaganda para qualquer fabricante e apenas manti os créditos do autor divulgando seu respectivo conteúdo na íntegra.

Um criadouro bem estruturado, em todos os seus parâmetros, é objeto de admiração de todos. Demonstra à primeira vista o perfil de seu proprietário, espelhando o prazer que decorre de uma paixão, uma eterna busca de novos conhecimentos, uma preocupação constante com a saúde de todos que vivem ou transitam por ele.

A saúde do criadouro esta ligada diretamente à renovação do ar, muitos criadores pensam, por desconhecimento, que abrindo uma grande janela em seu criadouro, ou duas janelas em posições apostas, resolverão de uma vez com os problemas decorrentes da renovação de ar. Porém, isso traria conseqüências desastrosas à saúde dos pássaros, decorrente da formação de uma corrente de ar contínua sobre os mesmos.

Estes procedimentos são totalmente incorretos. Para entender mais, observe o seguinte:

1. Ao entrar no criadouro pela manhã respire fundo e sinta se o ar está pesado, com um odor característico mais acentuado. Você espira seguidamente?

2. Verifique se existem fungos sobre as fezes dos pássaros e alimentos.

3. Verifique se existem fungos nos cantos do piso, nas paredes, principalmente nas curvas, abaixo e acima da janela.

4. Verifique se na pintura das paredes aparecem com sinais de Saponificação, que são manifestações de manchas na superfície pintada, ou Desagregamento, que se caracteriza pela destruição da pintura que se esfarela juntamente com partes do reboco.

Se um destes quatro itens for observado, sua renovação de ar esta inadequada.

A causa geral é a ocorrência de pressão estática, mantendo a umidade ambiental parada, dotando, o ambiente de condições ideais a instalação e proliferação dos mais diversos tipos de organismos alergênicos (organismos que produzem as mais diversas manifestações alérgicas em homens e animais). Além disso, um ambiente mau ventilado, diminui a vida útil de bens e utensílios existentes no local.

A solução será adotar no ambiente uma ventilação forçada, retirando assim o ar interior poluído, repondo e renovando-o, através de um ou mais ventiladores, de acordo com as necessidades apresentadas. Para tal, serão fundamentais os seguintes itens:

1. O criadouro deve ser fechado em sua parte superior for forro ou laje.

2. Calcular com precisão o número de renovações necessárias a cada hora, e definirmos qual tipo de ventilador será utilizado. Para isso, será necessário que tenhamos as medidas, cúbica dos ambientes e o lay-out de sua edificação.

3. O ventilador deverá estar acompanhado de um controlador cuja função, será liga-lo por um período de tempo de acordo com o número previsto de renovações/hora.

A razão de tais procedimento é evitar, através de sucção forçada, a concentração de micro partículas em suspensão no ar, como esporos e micélios de fungos, ácaros, etc., encontrados em abundância nos ambientes úmidos, fechados e rico em nutrientes, como é o caso dos criadouros, casas de campo, praia, porões, residências construídas no fundo do terreno, sem saída de ventilação, etc.

Os organismos alergênicos em suspensão ou alérgicos inalantes são os principais responsáveis pela inflamação alérgica respiratória dos pássaros e do tratador. É importante dotar-se de conduta preventiva, procurando eliminar os fatores de risco envolventes, não somente aos pássaros, como também o tratador, familiares, visitantes dentre outros.

E o que é a alergia? São reações exageradas que o organismo sofre quando entra em contato com determinadas substâncias (alérgenos), mesmo em quantidades pequenas. Os alérgenos estão presentes em praticamente todos os ambientes intra-domiciliar ou extra-domiciliar em menor ou maior quantidades, sensibilizando de imediato portadores de síndromes alérgicas ou induzindo nosso sistema imunológico a reações.

FUNGOS e ÁCAROS

Os principais alergênicos encontrados no criadouro de pássaros são:

Fungos – Também conhecidos pelo nome de mofo, bolor ou bolores, podendo ser parasitas ou saprófitos, que se alimentam de substâncias mortas. Normalmente se instalam em ambientes com umidade estática (parda) e rico em nutrientes. Especialistas acreditam que estes são responsáveis por 2/3 das alergias respiratórias em decorrência da inalação de esporos ou micélios de fungos em suspensão no ambiente.

As toxinas de fungos são liberadas sobre as sementes, contaminando-as. Estas substâncias são excrementos de fungos, e altamente tóxicas para as aves. De acordo com o volume ingerido pela ave, a toxina poderá ser letal, e quando não, poderá trazer sérios problemas de saúde aos pássaros.

No tratador, a doença causada pelo fungo é chamada Aspergilose decorrente do fungo Aspergillus fumigatus. O tratador poderá ser acometido de Aspergilose broncopulmonar alérgica, resultante de uma reação inflamatória subaguda, podendo o quadro se evoluir para Aspergilose aguda evasiva, ou Aspergilose necrotizante crônica (mais rara).

Ácaros – São Ectoparasitas microscópicos que se proliferam em ambientes úmidos (acima de 60%) e em temperaturas entre 18 e 26o C. Sua alimentação se baseia em fungos, fibras orgânicas, descamação de pele humana, animal, penas dentre outros. O principal alérgeno dos ácaros é encontrado em suas fezes: São os esporos sua média de vida é em torno de 90 dias. Seu tamanho varia de 100 a 300 micrômetros. Dentre os Ácaros mais atuantes nos pássaros podemos citar:

Ácaro que ataca todo o corpo do pássaro (Dermanysus gallinae)

Causa sérios danos à criação. De acordo a quantidade de ácaros, que se infesta no pássaro, o animal pode ser levado rapidamente a anemia e, senão à morte.

Ácaro da sarna podal dos periquitos (Knemidokoptes pilae)

Há inflamação e exsudato inflamatório nas patas e bico que desaparecem, dando formação a um tecido esponjoso.

Ácaro da sarna podal dos canários (Knemidokoptes jamaicencis)

As fêmeas destes microorganismos escavam galerias nas patas, onde há a formação de crostas, sendo que estas ficam repletas de ácaros em diferentes fases de desenvolvimento.

Ácaro do canhão das penas das aves (Syrongophilus bipectinata)

As penas ficam repletas de material seco e acumulado, onde se encontram os ácaros. As penas caem e pode haver inflamação. No periquito, ataca a base das penas, ocasionando a queda das mesmas, deixando as áreas cheias de crostas.

Ácaro dos sacos aéreos (Sternostoma tracheacolum)

São os mais comuns, existindo pelo menos 38 espécies de ácaros isolados nestas vias. Instalando-se nos sacos aéreos, traquéia e narinas fixam-se na parede formando nódulos de inflamação. Produzem os seguintes sintomas: acesso asmático repentino, respiração penosa, sibilante, com assobio, acesso de tose com expectoração, plumagem em desalinho, abertura do bico sincronizado com os movimentos respiratórios, dentre outros.

Em relação às doenças causadas por esses microorganismos, podemos ainda citar a doença causada pela inalação do pó das sementes, fato que acontece diariamente por muitos tratadores, quando cuidam de seus criadouros. O pó das sementes, são agentes broncocostritores complexos, pois apresentam na sua constituição, além de seus componentes, contaminantes como fungos, ácaros, bactérias, insetos, excretas de roedores e pássaros, 5 a 15% de dióxido de sílica. Várias afecções respiratórias são atribuídas à poeira das sementes: asma, rinite, conjuntivite, doença pulmonar obstrutiva crônica, alveolite alérgica extrínseca e febre de cereais (“grain fever”) (WARREN et al., 1983).

Conclusão – É importante adotar uma conduta preventiva no criadouro, para que nosso hobby se torne um eterno prazer.

Wuttembergo Dantas Pereira de Melo

www.criativanet.com.br

Revista CMCP Junho/2001

Arquivo editado em 18/09/2001

Escrito por Walerson Arcanjo, em  06/4/2006

O bicudo e curió são Oryzoborus

O bom senso prevaleceu

Caros amigos

Ainda bem, sempre achei absurdo as espécies do gênero Oryzoborus passarem a ser Sporophilas. Muitas reclassificações e rearranjos em cladogramas (figura que visa representar o surgimento, o desenvolvimento e a diferenciação dos táxons* durante a evolução) tem sido feitas com base nos estudos em genética, através da semelhança dos DNA’s dos animais estudados, mas às vezes esquecem de ver o produto final (animal vivo), como se o genótipo fosse mais importante que o fenótipo e os caracteres morfológicos. Só para ilustrar que a génetica pura não é o melhor caminho, um camundongo tem o genótipo algo em torno de 95% de semelhança com o genótipo humano, se não me falha a memória. No entanto, é visível a diferença evolutiva e a distância taxonômica que nos separa destes roedores.

Abraços, Augusto Batistelli.

Um pouco de Taxonomia, para quem quiser ler:

* táxon é cada grau da “hierarquia” da evolução juntamente com os organismos inseridos nele (reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie são os mais comuns). Classificação taxonômica é a disposição adequada de um organismo nos táxons (ou taxa [pronuncia-se tácsa] – plural de táxon) ao qual ele pertence, exemplo:

Cachorro doméstico:

Reino – Metazoa (meta=algo como “mais importantes” zoa=referente a animal)ou Animal

Filo – Chordata ou Cordados

(Sub-filo – Vertebrata ou vertebrados)

Ordem – Carnivora

Família – Canidae

Gênero – Canis

Espécie – Canis domesticus

Assim como pode haver um táxon entre um e outro dos sete mais comuns citados acima, como sub-divisões (sub-filo, superclasse, sub-ordem, etc – sempre vêm precedidos por sub- ou super-), também há táxons chamados de táxons ” infra-específicos”, cuja missão é discriminar grupos diferentes entre os animais de uma mesma espécie segundo algumas características compartilhadas por alguns deles, ou seja classificar os organismos abaixo do nível de espécie. Os táxons infra-específicos mais usados são: sub-espécie, variedade, linhagem, raça. No caso do cão doméstico, a classificação taxonômica pode ser tão refinada que atinge com facilidade o nível de raça (todos temos em mente a perfeita imagem de uma ou outra raça de cão).

No caso dos pássaros por nós criados, a classificação fica:

Reino – Metazoa ou Animal

Filo – Chordata ou Cordados

(Sub-filo – Vertebrata ou vertebrados)

Classe – Aves

Ordem – Passeriforme

(Sub-ordem – Oscines)

Famílias – Emberizidade, Fringillidae, Turdidae, e outras

Em 23/03/06, Aloísio / SP escreveu:

Prezados Cobrapianos,

vejam abaixo, nos parece que o bom senso prevaleceu – e os bicudos e curiós deverão continuar com o nome “Oryzoborus” – Aloísio

—– Original Message —–

From: Duda

To: ‘Aloísio Pacini Tostes SP’

Sent: Thursday, March 23, 2006 11:41 PM

Subject: RE: Ajuda – Nomenclatura

Mestre, segue abaixo a tradução exatamente como o texto a apresenta. Na verdade é notado que fora extraído de um texto maior, mas dá para compreender o contexto.

Aponta a observação de alguns cientistas quanto aos Oryzoborus e Sporophilas…

Segue a tradução :

Olson (1981) indica que existe pequenas evidências morfológicas para a manutenção do gênero Oryzoborus em separado das Sporophilas.

Wetmore (1984 ) cruzou Oryzoborus com Sporophilas e diagnosticou e anunciou que existiam diferenças no tamanho e no formato do corpo, e que possuem indicadores notoriamente não confiáveis em relação ao estudo filogênico ( estudo das raças ).

Webster & Webster (1999) também recomenda mante-los ( Oryzoborus e Sporophilas ) em gênero separados devido as diferenças na morfologia do esqueleto. Sick (1963) notou que os híbridos possuiam número genético diferentes.

Dados genéticos ( Lijtmaer et al. 2004 ) suporta fortemente o cruzamento de Oryzoborus nas Sporophilas ( e fornece um suporte mínimo para o monofilético dos Oryzoborus ).

Abraços

Duda

> Oryzoborus angolensis = Sporophila angolensis (?)

Oi Luciano:

Veja posição do SACC, acatada pelo CBRO:

Olson (1981c) provided evidence that there is little morphological evidence for maintaining the genus Oryzoborus as separate from Sporophila, and Wetmore et al. (1984) merged Oryzoborus into Sporophila; the diagnosis of Oryzoborus relies on bill size and shape, which are notoriously unreliable indicators of phylogenetic relationships, although see Stiles (1996). Webster & Webster (1999) also recommended keeping them as separate genera because of differences in skeletal morphology. Sick (1963) noted that intergeneric hybrids were . Genetic data (Lijtmaer et al. 2004) strongly support the merger of Oryzoborus into Sporophila (and provide minimal support for monophyly of Oryzoborus itself).

Luiz Fernando

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 29/3/2006