Não escuto nada
José Filho escreveu em 7/2/200654
O MUDO NA MUDA
Hoje acordei mais triste
Levantei com a pulga atrás da orelha
Andei pela casa procurei pelos cantos
No entanto nada encontrei
Procurei pelos cantos
No entanto nada vi
Procurei pelos cantos
No entanto nada escutei
Hoje me peguei mais só
Procurei companhia pra desabafar
Andei pelos cantos que não encontrei
Olhei pelos cantos que nada vi
Solitário e triste o silêncio bateu
Bateu em silêncio que nem enxerguei
Cantei pelo bico num assovio
Assoviei um canto de curió
Hoje a brisa é mais fria
Sombria e nebulosa é a nuvem que paira
São só penas que voam
Flutuam porta a fora invadem a casa
Farinhadas broas suspensas engordam
Unhas enrolam bicos descascam
Bichos se isolam aos bandos se calam
Não se falam nem se olham na cara
Hoje acordei mais triste
Hoje me peguei mais só
Hoje a brisa é mais fria
Inbernação tristeza silêncio
Hoje é o primeiro dia
Do início da muda do meu curió
Autor: José Filho A Lima
Escrito por José Filho, em 7/2/2006
Eles me deixam louco
Postado por: José Filho (jose.araujo@dprf.gov.br)
Quando eu era pequeno, molequinho mesmo nem usava estilingue ainda, talvez com cinco ou seis anos, estava retornando da casa da minha quando vi algumas aves pousadas numa cerca de arame, com muita sagacidade pé-ante-pé aproximei-me sorrateiramente, peguei um caco de telha e atirei com toda força, o caco girando no ar tomou um efeito inverteu a direção e acabou pegando uma das aves de surpresa que com o impácto foi lançada ao chão, corri e peguei a ave enquanto estava atordoada, levei-a para minha casa, quando o passarinho já estava sóbrio, amarrei um barbante no seu pé e fiquei bricando com ele durante toda a manhã, botava para voar e puxava pelo barbante, quase todos os meninos da vizinhança tiveram com ele pelas mãos, o pobrezinho ficou todo esse tempo sem comer nada e os adultos falavam menino solta esse pardal, deixa o coitado ir embora, por volta do meio dia após uma forte chuva fiquei arrastando ele pela enchorrada até o mesmo morrer afogado, em seguida joguei-o no lixo. Hoje após tantos anos, todo dia vejo pardais no meu quintal, mexendo no lixo, comendo o sorgo que planto, não posso botar uma gaiola para fora que logo um pardal vem e pousa encima, os bichichos faltam me deixar louco, chocam e tiram em progressão geométrica, eles estão em todo lugar, no telhado, na garagem, no pomar, na vizinhança e comem de tudo, não incomodam-se com nada e adoram incomodar meus curiós, Não sei porque isso está acontecendo comigo, será que fiz alguma coisa para merecer essa tortura?! Será que estou pagando algum pecado?! Seria uma vingança?! Acho que o feitiço virou contra o feiticeiro.
Escrito por José Filho, em 7/2/2006