Criadouro Picinini

O maior do Brasil

Sobre o Criadouro Picinini

O Criadouro Picinini do Marcílio, meu particular amigo, criadouro este que revolucionou a criação de pássaros silvestres, ao provar que os mesmos poderiam ser criados em simples gaiolas, e ao mesmo tempo poderiamos adotar a poligamia.

Primeiro aconselho você a fazer uma visita ao criadouro em Matias Barbosa-MG, cidade bem próxima à Juiz de Fora-MG, e quase junto a rodovia BR-040, que liga o Rio de Janeiro à JF-MG.

Lá você encontrará antes dos Bicudos e Curiós, uma família fantástica, é bom saber também que antes de começar a criar você tem de aprender os “macetes” para que sua criação dê resultado, e neste ponto vem o grande sucesso da família Picinini, eles não escondem para ninguém nada daquilo que fazem.

Quanto a genética, posso lhe adiantar que, os Picinini dão sua preferência para a criação de pássaros de fibra, ou melhor se você quizer colocar canto deverá retirar seu filhote o mais cedo possível do criatório. Obter excelentes filhotes não é fácil, caso o fosse Marcílio estaria milionário, já que tira aproximadamente mais de 1.000 filhotes por ano, no entanto o Marcílio nos últimos anos deu uma grande acertada – digo isto nos Curiós- com um pássaro chamado Bolinha, possuidor de grande fibra e repetição, morreu precocemente, mas teve a felicidade de deixar tres filhotes machos que estão na reprodução dando excelentes resultados, basta ver o resultado narelação de Curió fibra, dos torneios da COBRAP-2005.

Quanto aos Bicudos, Marcílio tem em seu criatório quase todas as linhagens de sucesso mencionadas em noso meio. Tem de início a de um pássaro já morto que proporcionou uma grande propaganda para seu criatório, que foi o bicudo MANDELA, canto, fibra e repetição, depois temos direta e indiretamente Jequitibá, por meio de irmãos diretos como ASTRO de sua propriedade e COPA também uma irmã de Jequitibá.,

lá você encontra também linhagens de Escurinho, Piolin, Sobe e Desce, reprodutores excelentes como PROFESSOR, ZÉ PRETINHO, e por aí vai.

Mas faço uma ressalva. Os pássaros logo que nascem logo são adquiridos, logo você terá de comprar um filhote, se for o caso, e retirá-lo de lá também o mais cedo possível, a fim de que em sua casa você coloque o canto desejado, e para isto em relação aos Bicudos, acredito por experiência própria, nada melhor do que um “Mestre” cantando próximo. Enquanto com os Curiós encarto o canto com os famosos CD’s, confesso que no meu caso não consigo fazê-lo com os Bicudos. Por isso passaei a adotar um Mestre.

Espero tê-lo ajudado em alguma coisa, se for para falar mal do Marcílio não posso, porque seria uma ingratidão de minha parte, o que lhe passei é o que sinto e vejo quando lá eventualmente o visito, tendo em vista que moro bem distante do Marcílio.

Abraços,

Tilso Guimarães

Teresópolis RJ

Escrito por Tilso Guimarães, em 28/11/2005

Peito de Aço

Um curió macho

“PEITO DE AÇO” nasceu em Saturno-ES há 15 anos. Veio ao mundo capixaba em tempo de seca e em noite de lua. A seca temperou a personalidade do passarinho. Fê-lo combativo, forte, brigador. A lua tornou-o romântico, o cantador mais cotado das freguesias nacionais. É madeira de dar em doido. Dentro de um escafandro é capaz de cantar debaixo d´água. Faça calor, sol, chuva, sereno ou temporal do grosso – “Peito de Aço” está sempre modulando seus trinos de guerra. Além de gostar de boa música (cá pra nós, ele ainda prefere um bom forró) o Curió é francamente de briga. Valentia chegou nele e parou. É um Tenório Cavalcanti que tem o bico por “lourinha”, pesa 100 gramas e, como capa preta, possui as penas pardo-laranja. Se “Lampião” topasse com o Curió iria adorá-lo e oferecê-lo de presente a Maria Bonita. Há passagens interessantes nas memórias de “Peito de Aço”. Certa vez ele pegou pelo pé 14 curiós nos tabuais de Quatis. Foi pancadaria da grossa, meus amigos, penas para todos os lados. O passarinho parece ter sangue de jagunço, tal a valentia do seu bico. Um sanhaço andou falando mal do “Peito de aço” e teve de mudar de opinião, porque o curió foi-lhe aos gorgomilos. Posso garantir a vocês que ele dá duas oitavas além de Yma Sumac, a grande cantora peruana, e é mais tinhoso que o Heleno, no gramado, quando o time dele está perdendo. O fraco do curió é um namoro rendoso. Se uma fêmea sobrevoa a sua gaiola, ele fica todo ancho, arrepiado e canta, então, a sua melhor modinha. Nessas ocasiões, o curió é capaz de bicar até o dedo do seu amigo Zeferino, um pernambucano bom no rapé e que não vende “Peito de aço” por dinheiro algum deste mundo. Um dia qualquer “Peito de aço” morrerá longe do seu querido sertão, longe das tiriricas. Zeferino observará silêncio na gaiola e pensará: “Peito de aço” calado? Não pode ser”. Suspenderá a flanela azul que costuma cobrir a gaiola e verá o estimado bichinho esticado, frios, ausente a voz de ouro das vinte e quatro horas. Será sepultado junto às raízes da velha mangueira, em cujos galhos Zeferino pendura diariamente a gaiola da ave cantadeira.

Ubiratan de Lemos

© O CRUZEIRO, 21 de agosto de 1954.

Escrito por Ubiratan de Lemos, em 27/11/2005