Como reproduzir?

Mãos à obra

Vai se aproximando uma nova temporada de reprodução, e muitos dos aficionados por azulões acabam decidindo tentar reproduzi-lo em ambiente doméstico. Iniciativa essa nobre, pois o azulão é um pássaro que precisa ser mais criado em domesticidade para suprir a demanda por exemplares legais.

Inicialmente, podemos dizer que existem muitos manejos distintos que podem ser utilizados na reprodução de azulões. Não se pode concluir que um é melhor do que o outro, diferentes situações, se bem trabalhadas, podem trazer bons resultados.

O que passaremos a partir desse artigo são alguns aspectos gerais, além da descrição de um sistema de criação em poligamia, onde uma macho é utilizado para várias fêmeas.

Azulões são pássaros de grande fogosidade. Os machos possuem uma fibra muito grande assim como as fêmeas são tidas como aves que “abaixam” (evidenciam posição de cópula) muito facilmente. Mas isso não necessariamente quer dizer que estejam aptas à reprodução.

Dependendo da região em que o criadouro está situado, o inicio da estação reprodutiva pode variar um pouco. De maneira geral, ela ocorre de outubro a março, podendo ser iniciada um pouco tardiamente e se prolongar até abril/maio, conforme observações práticas. De qualquer maneira, podemos dizer que fatores básicos que influenciam o inicio e o final da estação reprodutiva são a Temperatura, Luminosidade, Umidade e Fatores Nutricionais.

Partindo do princípio que as aves tiveram uma fase de muda de penas, que suas necessidades nutricionais foram atingidas e de repouso foram respeitadas, estabelecemos qual será a época de reprodução. Sugerimos que, com 30 dias de antecedência a ela, todo o plantel seja devidamente vermifugado. Estar livre de parasitas é fator importantí­ssimo para que se obtenha bons resultados. A vermifugação deve ser feita mediante bula, sendo a operação repetida após 15 dias.

Instalações devem ser totalmente lavadas e desinfetadas. Fazer um vazo sanitário, lavar as gaiolas e desinfetá-las com desinfetantes comerciais é imprescindí­vel. Um boa dica é fazer o uso de vassoura de fogo após a lavagem das gaiolas e do galpão. Jamais se esquecer de desinfetar os objetos utilizados no dia a dia.

Ainda dentro desses 30 dias que precedem a estação reprodutiva, podemos fazer uma espécie de “flushing”, isto é, um estí­mulo nutricional. Observações feitas com pássaros em estado selvagem nos dá excelentes dicas para o manejo. Umas dessas observações, é que com a chegada das chuvas e do período quente, ocorre grande aumento da ocorrência de insetos, muito apreciados por muitos pássaros, inclusive azulões. Insetos são ricos em proteína. Portanto, fazer um incremento protéico na dieta dos pássaros pode ser uma boa. Isso pode ser feito de várias maneiras, entre elas com o fornecimento de uma excelente farinhada comercial, com teor protéico de no mínimo 24%.

Cumpridas essas etapas, distribuímos as fêmeas em gaiolas individuais, e para cada uma delas fornecemos um ninho em forma de taça, desses utilizados para bicudos. Os ninhos feitos de bucha vegetal têm trazido ótimos resultados. Fornecemos material para a construção do ninho, que pode ser constituí­do por pedacinhos de corda de sisal desfiada ou raízes finas de capim, lavadas e secas à sombra.

O macho deve receber um manejo adequado. Estar em excelente condicionamento físico, sem excesso de peso, e cantando muito são fatores importantíssimos. Ele deve ficar fora do alcance visual das fêmeas, mas nas proximidades, pois sua presença (principalmente o seu canto) é um importante estí­mulo para as fêmeas.

Diariamente, pode-se mostrar o macho para as fêmeas, e observar o comportamento de cada uma delas. É muito comum elas solicitarem a cópula mesmo sem estarem prontas. Nesse caso, o recomendado é que o criador use sua sensibilidade, de forma a não perder tempo fazendo as coberturas em vão. Um bom indicativo do momento exato para o acasalamento é quando a fêmea está com o ninho pronto. Em geral, a fêmea deixa de aceitar o macho 24 horas antes de colocar o primeiro ovo. Duas coberturas ao dia bastam, uma pela manhã e outra a tarde, sendo o macho retirado imediatamente após efetuá-la.

São postos de dois a três ovos, que são incubados durante 13 dias. A alimentação dos filhotes deve ser rica em proteínas. Sugerimos teor protéico acima dos 25% PB nos primeiros dez dias de vida. O fornecimento de ovo (bem cozido ou industrializado em pó) é muito indicado, pois é uma fonte nutricional de excelente qualidade.

Anéis são fornecidos pelo Ibama, com diâmetro interno de 2.8mm. O anelamento deve ser feito quando os filhotes estiverem com aproximadamente 5 dias de vida.

Escrito por: Rob de Wit, Zootecnista, Diretor de Criação de Azulão COBRAP, em 15/09/2005. rdw_usp@yahoo.com.br

Escrito por Rob de Wit, em 15/9/2005

Como nomear um pássaro

Usar o nome do criadouro

Não existe uma forma oficial definida para se nomear pássaros nativos. Alguns criadores não utilizam nenhum tipo de nome para seus pássaros, outros utilizam números, outros já preferem dar nomes variados.

Alguns criadores utilizam alguma lógica na hora de nomear seus animais, como começar com determinada letra, por exemplo, iniciar os nomes dos bicudos com a letra B, dos canários com a letra C. Isso facilita para quem trabalha com mais de uma espécie. Vale ressaltar que a nomenclatura, seja ela feita de uma maneira ou de outra, é uma importante ferramenta para facilitar o trabalho. A partir do momento em que o plantel aumenta, se referir a determinado pássaro através de seu nome ou número facilita muito e ajuda a evitar erros. O número do anel também pode ser utilizado, mas podemos considerar esse sistema mais difícil, principalmente pela grande quantidade de dígitos e a falta de uma padronização.

Em criadouros que se realiza constantes anotações sobre cada ave do plantel, se faz melhoramento genético, etc, o sistema é fundamental. Também é importantíssimo quando o plantel conta com mais de um tratador, pois evita erros ao se referir a determinado pássaro (por exemplo, se determinado pássaros está sendo medicado, qual macho deve ser acasalado com qual fêmea, etc.).

Se pensarmos ao nível de criadouro, um nome simples basta. Agora, se pensarmos no sistema como um todo, notamos que ainda falta alguma coisa. É exatamente isso que queremos propor através desse artigo: Dar nome e sobrenome aos pássaros.

Um exemplo de como isso pode ser feito, é através da atribuição do nome do criadouro como sobrenome da ave. Por exemplo, crio um pássaro e lhe dou o nome de Chico. Para completar o teu nome, de forma a evitar duplas interpretações, coloco como sobrenome o nome do meu criadouro (Bella Ave), obtendo então: Chico da Bella Ave.

Em espécies de animais onde pedigrees são emitidos, é exatamente assim que se trabalha.

Acreditamos que assim, poderemos valorizar o nosso criadouro, evitar erros e dar mais seriedade ao nosso trabalho. No caso dos torneios, tudo ficaria mais simples, pois através do nome do pássaro já se sabe quem o criou. E não existirão mais diversos pássaros com o mesmo nome.

Resta-nos agora acostumar com a idéia, e aos poucos, adotá-la. Vale lembrar que existem ferramentas para que o pássaro, em caso de transação, siga com o seu nome completo, como, por exemplo, emitir um simples certificado de genealogia, onde conste o nome completo e a genealogia.

Escrito e idealizado por Rob de Wit, Zootecnista, em 08/09/2005.

Escrito por Rob de Wit, em 12/9/2005