Como nomear um pássaro

Usar o nome do criadouro

Não existe uma forma oficial definida para se nomear pássaros nativos. Alguns criadores não utilizam nenhum tipo de nome para seus pássaros, outros utilizam números, outros já preferem dar nomes variados.

Alguns criadores utilizam alguma lógica na hora de nomear seus animais, como começar com determinada letra, por exemplo, iniciar os nomes dos bicudos com a letra B, dos canários com a letra C. Isso facilita para quem trabalha com mais de uma espécie. Vale ressaltar que a nomenclatura, seja ela feita de uma maneira ou de outra, é uma importante ferramenta para facilitar o trabalho. A partir do momento em que o plantel aumenta, se referir a determinado pássaro através de seu nome ou número facilita muito e ajuda a evitar erros. O número do anel também pode ser utilizado, mas podemos considerar esse sistema mais difícil, principalmente pela grande quantidade de dígitos e a falta de uma padronização.

Em criadouros que se realiza constantes anotações sobre cada ave do plantel, se faz melhoramento genético, etc, o sistema é fundamental. Também é importantíssimo quando o plantel conta com mais de um tratador, pois evita erros ao se referir a determinado pássaro (por exemplo, se determinado pássaros está sendo medicado, qual macho deve ser acasalado com qual fêmea, etc.).

Se pensarmos ao nível de criadouro, um nome simples basta. Agora, se pensarmos no sistema como um todo, notamos que ainda falta alguma coisa. É exatamente isso que queremos propor através desse artigo: Dar nome e sobrenome aos pássaros.

Um exemplo de como isso pode ser feito, é através da atribuição do nome do criadouro como sobrenome da ave. Por exemplo, crio um pássaro e lhe dou o nome de Chico. Para completar o teu nome, de forma a evitar duplas interpretações, coloco como sobrenome o nome do meu criadouro (Bella Ave), obtendo então: Chico da Bella Ave.

Em espécies de animais onde pedigrees são emitidos, é exatamente assim que se trabalha.

Acreditamos que assim, poderemos valorizar o nosso criadouro, evitar erros e dar mais seriedade ao nosso trabalho. No caso dos torneios, tudo ficaria mais simples, pois através do nome do pássaro já se sabe quem o criou. E não existirão mais diversos pássaros com o mesmo nome.

Resta-nos agora acostumar com a idéia, e aos poucos, adotá-la. Vale lembrar que existem ferramentas para que o pássaro, em caso de transação, siga com o seu nome completo, como, por exemplo, emitir um simples certificado de genealogia, onde conste o nome completo e a genealogia.

Escrito e idealizado por Rob de Wit, Zootecnista, em 08/09/2005.

Escrito por Rob de Wit, em 12/9/2005

Necessidade de se proceder a avaliações genéticas

Animais mais produtivos

A seleção de animais feita pelos critérios tradicionais, através da escolha direta de animais mais produtivos, leva a ganhos genéticos muito aquém dos ganhos que seriam obtidos caso os animais fossem selecionados com base nos seus valores genéticos. Infelizmente não é possível conhecer com precisão o valor genético dos animais (Ferraz, 1996). O problema é muito simples: o desempenho dos animais, também denominado de fenótipo é resultado do patrimônio genético que o animal possui, o chamado genótipo e dos efeitos de meio ambiente, existindo ainda uma interação entre os efeitos de genótipo e de meio ambiente, já que alguns animais são superiores a outros em alguns ambientes, mas se tornam inferiores àqueles em ambientes diferentes. Para facilitar o entendimento, podemos simbolizar o fenótipo com a letra F, o genótipo com a letra G, o meio ambiente com a letra A e a interação entre o genótipo e o ambiente com as letras GA, o desempenho dos nossos animais, seja qual for a característica estudada (peso à desmama, peso a 1 ano, produção de leite, circunferência escrotal etc.) poderá ser colocado numa equação muito simples:

P = G + A + GA

Essa equação nos mostra que, infelizmente, o fenótipo que medimos nos animais não demonstra diretamente sua qualidade ou potencialidade genética. Essa produção ou medida F estará sempre influenciada pelo meio ambiente A e pela interação genótipo-ambiente GA.

Avaliar a qualidade genética de um animal nada mais é do que estimar o seu valor genético aditivo. Jamais conheceremos com precisão o valor que um animal tem como reprodutor, mas, através de metodologias diversas, é possível estimar esse valor. É, entretanto, necessário que a estimativa seja livre dos efeitos de meio ambiente e da interação genótipo-ambiente. O valor genético dos animais depende da herdabilidade do caráter (quando maior a herdabilidade maior a concordância entre o genótipo e o fenótipo), do número de informações (quanto maior este número, melhor a estimativa do valor genético), do parentesco entre o animal avaliado e as fontes de informação (quanto mais próximo o parentesco, maior a ênfase que a informação deve ter), além dos chamados efeitos permanentes de ambiente.

As metodologias de estimação de valores genéticos dos animais vêm se aperfeiçoando desde as primeiras décadas deste século, mas apenas a partir dos anos 80 houve um avanço muito grande nas mesmas e criaram-se ferramentas muito poderosas para a avaliação dos animais, principalmente após o advento dos chamados \”modelos animais\”, a mais moderna metodologia para avaliação genética existente. Nestas metodologias utilizam-se os registros de produção do animal que está sendo avaliado, mas também de todos os seus parentes, não importa o grau de parentesco existente. Assim, dados de desempenho de primos distantes, avós, filhos, filhas, irmãos e irmãs de um reprodutor ou matriz são avaliados segundo complexos modelos matemáticos o que resulta na estimação de seu valor genético, o G de nossa equação.

Os modelos animais consideram simultaneamente efeitos fixos (sexo, idade da vaca, fazenda, grupo de contemporâneos etc.) e efeitos aleatórios (como os efeitos diretos dos genes dos animais, os efeitos dos genes de sua mãe, os efeitos permanentes de ambiente que uma vaca fornece à sua progênie etc.). Os efeitos aleatórios dos genes dos animais (direto e materno) são estimados com base nas informações fornecidas pelos registros de produção de todo e qualquer parente do animal, \”ligados\” através da inversa da matriz de parentesco é adicionada. Assim, o valor genético estimado de cada animal é obtido considerando-se as contribuições de cada parente.

Os valores reprodutivos, ou valores genéticos aditivos são expressos de diferentes maneiras, dependendo da espécie animal. Em suínos esses valores são expressos como EBV (estimated breeding values), em bovinos de corte como Diferenças Esperadas de Progênie (DEP ou EPD, correspondente à metade do EBV) e em gado leiteiro como Predicted Transmiting Ability (PTA ou TA).

Utilizando-se da metodologia adequada, todos os animais de determinada população podem ser devidamente avaliados, estimando-se, com maior ou menor precisão (dependendo das fontes de informação) o valor genético aditivo de cada reprodutor e matriz, facilitando a escolha daqueles que passarão pelas biotécnicas que intensificam a reprodução. Segunda Penna et al. (1998), em interessante trabalho sobre núcleo MOET na raça Guzerá, \”é necessário intensificar o escrutínio genético na raça para identificação de animais superiores.

Rob de Wit

Escrito por Rob de Wit, em 8/9/2005