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Criadouro em Benevides PA

Criação

Abastece o País de curiós

Léo Souza

O Criadouro Netuno – Centro de Treinamento, Canto e Fibra -, de Benevides, município que integra a Região Metropolitana de Belém (RMB), já pode ser considerado um dos maiores do País e o maior do Pará. Fundado há um ano, o criadouro está sendo preparado para ser o maior “curiódromo” do Norte. No local são reproduzidos filhotes para fins comerciais. A produção é comercializada para todo o País, dentro da legalidade, regida pela Portaria nº 118, que autoriza a criação em cativeiro de pássaros nativos.

Em um ano de funcionamento, o criadouro passou a gerar emprego e renda aos moradores do município. Atualmente, o viveiro emprega quatro funcionários diretamente e outros tantos indiretamente, como operários da construção civil. São atraídos ao local adeptos, criadores e mantenedores de curiós de diversas partes do Estado. De olho no filão e no bom atendimento aos criadores, a direção do criadouro abriu uma loja, onde são encontrados produtos destinados aos pássaros e que são escassos em Belém.

Entre o cruzamento e o nascimento dos curiós é necessário um determinado tempo. Após três dias, a fêmea põe de dois a três ovos. O nascimento acontece dentro de doze dias. Com 35 dias vivendo no ninho, o filhote está pronto para ser comercializado, pois se torna independente dos cuidados da mãe. O tempo médio de vida é de 30 anos. “Essa é a média. Dependendo do tratamento, pode durar mais ou menos de 30 anos”, explica Pedro Amaro, sócio do plantel de pássaros do criadouro.

Bicudos – Amaro diz que ao todo o viveiro reúne 220 aves, entre machos e fêmeas de curiós de alta linhagem. Graças ao sucesso com a reprodução de curiós, a direção do criadouro Netuno adquiriu novos imóveis, onde serão construídas divisões para abrigar a criação de pássaros bicudos – ave passeriforme fringilídea (Oryzoborus crassirostris), largamente distribuída no País. O macho é preto, com um espelho branco na asa; a fêmea, parda, com a parte inferior pardo-avermelhada e o pescoço mais claro. Alimenta-se de sementes de capim e é muito apreciada como ave de gaiola. É conhecido também como bicudo-do-norte, bicudo-maquiné, maquiné e cuitelão. O ex-jogador de futebol Roberto Rivelino, criador de curiós em São Paulo, esteve no criadouro e elogiou o trabalho que é realizado em Benevides.

Pássaros são tratados como estrelas

Os curiós do Criadouro Netuno recebem os cuidados do médico veterinário Augusto Peralta e são tratados como estrelas. Entre os considerados uma sensação estão os curiós “Carrapato”, “Xingu”, “Fidalgo”, “Atlante” e “Juriti”. O plantel reúne 150 matrizes e 14 reprodutores, com potencial para 300 pássaros. Os pássaros canoros de grande potencial são destaques nos torneios de canto e fibra do curió realizados em Benevides. As competições recebem o apoio do prefeito de Benevides, Luiz Solon, e são sempre realizados no ginásio de esportes “Nagib Salomão Ross”, o “Nagibão”. Os eventos estão programados até dezembro, sendo um torneio por mês.

As aves recebem estímulo antes mesmo de nascer. Um sistema de som, com cantos de curiós, foi instalado em todos os aposentos onde as aves são chocadas, uma espécie de maternidade dos pássaros. “Mesmo dentro do ovo, as aves são estimuladas a repetir os cânticos harmoniosos”, explica Pedro Amaro, sócio do plantel de criadores do Netuno. Após o nascimento, os pássaros recebem um anilho que serve como identificação, tudo catalogado e arquivado nos computadores.

Aprimoramento – Pedro Amaro é quem faz o intercâmbio com os criadores de outros Estado. Durante a entrevista, ele recebeu por telefone uma encomenda da cidade de Rio Verde, interior de Goiás. O plantel do Criadouro Netuno foi montado a partir das importações de aves de alta estirpe dos grandes centros, como Ceará, Acre, Alagoas, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo (Ribeirão Preto), Santa Catarina, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso do Sul. “Fizemos a seleção por criadouros de todo o País, identificando a árvore genealógica dessas aves. A tendência é o aprimoramento da raça”, diz Amaro.

A reprodução deste mês já foi comercializada com criadores do Pará e de fora do Estado. O clima quente da região Norte contribui para o Estado estar sempre reproduzindo, bem diferente da região Sul, que apresenta um clima frio. O intercâmbio com criadores de outros centros e a assinatura de revistas especializadas deixam os proprietários do criadouro bem informados sobre os últimos acontecimentos nos mercados nacional e internacional. O Criadouro Netuno está situado à rua Alacid Nunes nº 250, no bairro Presidente Médici, cujos telefones são 3724-3923 e 3724-2309.

Escrito por Leo Souza, em 2/9/2003

Criadouro Comercial, grande ajuda

Esclarecimento

Como sempre, quando surge uma novidade, a reação das pessoas, (mesmo sem fazer qualquer tipo de análise) é ser contra. Alguns passarinheiros, aproveitando-se desse momento inicial, estão a criticar o “Criadouro Comercial”, de pássaros nativos, como se tudo fosse um mal para a classe. Logicamente, então, isso só pode se originar na desinformação de uns ou na falta de ética e honestidade de propósitos de outros.

Primeiro, está na Lei, “O poder público estimulará a implantação de Criadouros com objetivos econômicos financeiros”; segundo, o IBAMA publicou a Portaria 131 e depois a 118, para cumprir a Lei e não por pressão de quem quer que seja; terceiro, o “Criadouro Comercial” veio para somar, para regularizar, para incrementar a criação e para fortalecer todo o segmento ornitofílico.

Vamos enumerar, assim para melhor esclarecer, os aspectos positivos que serão abrangidos no funcionamento dos criadouros comerciais, a saber:

a) gerar riquezas, empregos e receitas para a sociedade;

b) proporcionar aos amantes de pássaros ter uma atividade lucrativa legal e de alto interesse da sociedade;

c) regularizar e regular as atividades dos criadores que detém um grande quantidade de pássaros em atividade, caracterizando um negócio e não um hobby;

d) poder fornecer pássaro à qualquer tipo de comprador, inclusive aqueles que não se interessam e não querem participar de atividades hobby/esportivas;

e) exportar para abastecer a grande demanda que há no exterior;

f) fornecer pássaros para lojas/petshops para o público em geral;

g) contar com a efetiva colaboração dos ecologistas na exercício da atividade;

h) receber como matrizes pássaros que não tem condições de ser soltos na natureza, apreendidos pela autoridade pública;

i) poder divulgar através da grande mídia, inclusive na Internet, as atividades de criação de pássaros realçando a questão legal e a disponibilidade de pássaros nativos;

j) estimular a aquisição de pássaros nativos pela demanda reprimida em face do receio que as pessoas tem em não adquirir pássaros nativos na suposição que são ilegais e proibidos;

k) oferecer aos criadores de pássaros exóticos uma opção para que passem a reproduzir, utilizando sua técnica, nossos pássaros nativos nacionais;

l) oferecer aos Clubes ornitofílicos um aumento no número de sócios pelo incremento advindo da criação comercial;

m) combater efetivamente o tráfico ilegal; e

n) possibilitar no conjunto de tudo a efetiva preservação dos pássaros nativos envolvidos.

Ainda mais, podemos afirmar, com certeza que, se os criadores comerciais não forem implantados, urgentemente, as atividades ornitofílicas com pássaros nativos tenderão a ter muitas dificuldades para serem praticadas pela falta de controle que tenderia ficar cada vez maior. Na conjuntura atual, é preciso que haja muita organização, profissionalismo e transparência para que tudo transcorra bem. Todos os assuntos ligados ao meio ambiente são delicados, vejamos o descrédito que está passando a classe perante a opinião pública, a mídia está aí, cada vez mais procurando os sensacionalismo que dão “ibope” e prejudicam a imagem de todo o segmento.

Os “Criadores Comerciais” estão aí produzindo pássaros para toda a organização ornitofílica, logicamente para participar das atividades dos Clubes eles terão que ser cadastrados e pagar as taxas correspondentes, o que haverá de mal e de complicado nisso. O problema na verdade, deve ser a origem do pássaro, se ele é criado domesticamente, tudo bem pode ser cadastrado e ter tudo regularizado; se ele é capturado, é ilegal não pode participar de nada, tem que ser devolvido à natureza, essa é a Lei, e é o que a sociedade deseja; alguém tem dúvida ou pode ser diferente?

Precisamos, então é ser espertos, e no bom sentido, ou fazemos um grande pacto que objetive a sobrevivência de todos nós, ou vamos assinar um atestado de burrice ou de inconseqüência; alguém quer isso? Esse pacto, sem dúvida, terá que passar pelo entendimento que os dirigentes terão que ter para trocar e aceitar idéias sinceras que busquem a reformulação de procedimentos baseados nas premissas de prever e prevenir. Se tudo continuar como está, acusações infundadas, injustiças provocadas, atitudes desprovidas de seriedade, por parte de alguns, não é difícil prever que iremos cada vez mais para uma rota de colisão e sem volta. A luta é dura, entretanto os criadores comerciais estão aí para ajudar, vamos nos prevenir e trabalhar juntos para podermos efetivamente sobreviver e preservar os nossos pássaros nativos, esse é o desejo de todos.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003